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04/11/2003 - 08h05

Líderes do PCC exigem regalias; pedem rocambole e água de coco

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ALESSANDRO SILVA
da Folha de S.Paulo

A principal linha de investigação sobre os ataques contra bases da PM e da Guarda Civil Metropolitana, em São Paulo, envolve uma lista de reivindicações entregue pelo PCC à direção do Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes (589 km de SP), unidade em que estão os principais líderes da facção.

Na última quarta-feira, os presos Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, e Sandro Henrique da Silva Santos, o Gulu, pediram audiência com o diretor do presídio para entregar uma lista de exigências que modificam o funcionamento do RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) e ampliam a variedade de itens de limpeza, de higiene e, principalmente, de alimentos que eles podem receber dos familiares.

Caso os pedidos não fossem atendidos em 30 dias, a organização daria início a "movimentos" dentro e fora das prisões.

O RDD foi criado após a megarrebelião de fevereiro de 2001 e serve como castigo para presos indisciplinados, por período de no máximo um ano, que pode ser renovado caso haja reincidência. Nas três unidades em que é aplicado no Estado, não há visitas íntimas, o banho de sol é limitado a uma hora por dia e os presos permanecem em celas individuais, sem rádio ou televisão.

Futebol e rocambole

O PCC quer, entre outras coisas, duas horas de banho de sol por dia, visita íntima uma vez por mês, rádio, jogo de futebol liberado e banho quente para internos com problemas de saúde. Na lista do "jumbo", gíria para gêneros entregues pela família, pedem chocolates, bolachas, pacotes de pão, catchup, rocambole e garrafas de água de coco, entre outras coisas, fora roupas, revistas e fotos em número ilimitado.

Para o Ministério Público e a polícia, os ataques do final de semana ocorreram em represália ao RDD e como demonstração de poder. Há um mês, um advogado Mário Sérgio Mungioli foi detido no CRP de Bernardes, após falar com o assaltante Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, atual nº 1 da facção, porque estaria servindo como mensageiro e colaborando com a articulação de atentados. A prisão rendeu a Marcola, Julinho e Gulu um novo período de um ano no RDD.

Os ataques planejados nessa época ocorreriam em série, de domingo para segunda-feira, contra vagões do metrô, torres de alta-tensão e de telefonia. O objetivo seria causar pânico na população e pressionar o governo a acabar com o RDD, segundo a polícia.

Ontem, o secretário da Administração Penitenciária do Estado, Nagashi Furukawa, disse que "pedidos legítimos podem ser atendidos", como banho quente para doentes e aumento da quantidade de refeição --pedido feito sexta-feira pelos presos de Avaré, uma das unidades com RDD.

"O RDD não é um regime comum. Se for para oferecer tudo o que querem [visita íntima, por exemplo], vira uma unidade comum", disse. "Estão pedindo algumas coisas absurdas", afirmou o secretário, sobre o novo jumbo exigido pelas lideranças.

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