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06/11/2003
-
10h19
da Folha Online
São Paulo voltou a ser palco de atentados contra a polícia. Oito novos ataques foram registrados entre a noite de ontem e esta manhã na capital, Baixada Santista e interior do Estado. Nos últimos cinco dias, foram 29 ataques, com três policiais mortos e 12 pessoas feridas --nove PMs e três guardas-civis.
Na noite de ontem, na Praia Grande, o soldado Evandro Mendes de Oliveira, 34, foi assassinado. De acordo com o Comando da Polícia Militar de Santos, ele chegava em casa, à paisana, por volta das 20h30, quando foi atacado. Três homens armados se aproximaram do policial, atingido por nove tiros.
Também no litoral, por volta das 20h de ontem, a Diju (Delegacia de Infância e Juventude) de Santos foi metralhada. Uma bomba também foi atirada contra o prédio.
Na capital, um posto da Polícia Rodoviária Estadual no km 18,5 da rodovia Raposo Tavares, zona oeste, foi atacado. Um policial rodoviário ficou ferido por estilhaços de vidro.
Em Sapopemba, na zona leste, bandidos atiraram contra a residência de um casal de policiais militares no final da noite de ontem. Foram disparados mais de 20 tiros de pistolas calibre 380. A policial, que amamentava a filha de três meses, foi ferida de raspão no cotovelo. De acordo com a polícia, testemunhas disseram que o ataque foi realizado por quatro homens que estavam num Gol.
Também na zona leste, em Itaquera, uma bomba caseira foi lançada contra uma base comunitária da GCM (Guarda Civil Metropolitana) no início desta manhã. O artefato caiu em uma poça d'água e não explodiu.
No Jardim Elisa Maria, zona norte, um carro da 4ª Cia do 9º Batalhão foi atacado por um grupo de cerca de quatro homens quando realizava patrulhamento preventivo na região.
Interior
Os ataques se espalharam para o interior do Estado. Na noite de ontem, a Delegacia Seccional de Itapetininga, região de Sorocaba (100 km de SP), foi atacada com uma dinamite. Na explosão, dois carros foram danificados. Nenhum policial ficou ferido.
No município de São Miguel Arcanjo (179 km de SP) um grupo lançou um coquetel molotov no pátio do 7º Batalhão da PM, na região central. O artefato não explodiu.
Reforço
Por causa dos crimes, o Comando da Polícia Militar resolveu mandar às ruas duas de suas tropas de elite: a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e a Rocam (Rondas Ostensivas com o Apoio de Motocicletas).
Segundo o comandante-geral da PM, coronel Alberto Silveira Rodrigues, as tropas vão remanejar 90 homens para patrulhamento nos horários em que geralmente os ataques vêm acontecendo, após as 23h.
PMs que não integram tropas de elite também tiveram seus turnos de trabalho alterados, com ênfase no período noturno.
Regras
Os atentados, atribuídos pela polícia ao PCC, seriam uma forma de pressionar o governo contra o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), adotado nos presídios de Presidente Bernardes, Avaré e Taubaté, onde estão os líderes da facção. No RDD são impostas regras mais rígidas aos presos. Eles ficam em celas isoladas, não têm direito a visita íntima e só podem tomar banho de sol uma hora por dia.
Uma lista de reivindicações foi entregue pelo PCC à direção do Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes (589 km de SP). No último dia 29, os presos Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, e Sandro Henrique da Silva Santos, o Gulu, líderes do PCC, pediram audiência com o diretor do presídio para entregar uma lista de exigências que modificam o funcionamento do RDD e ampliam a variedade de itens de limpeza, de higiene e, principalmente, de alimentos que eles podem receber dos familiares.
Entre os pedidos estão visita íntima uma vez ao mês, duas horas de banho de sol por dia, liberação de carta, rádio AM/FM, banho quente, além de diversos produtos de alimentação como rocambole, água de coco, Gatorade, balas diversas, leite condensado, Sucrilhos, tempero Sazon, goiabada, mostarda e catchup. Eles pediram também fio dental, pomada Nívea, pomada Minancora, Cepacol ou Listerine e cortador de unhas.
Caso os pedidos não fossem atendidos em 30 dias, a organização daria início a "movimentos" dentro e fora das prisões. O RDD foi criado após a megarrebelião organizada pela facção criminosa em fevereiro de 2001, que atingiu 29 unidades prisionais.
Governo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que os ataques são uma reação "de desespero dos criminosos" em relação ao RDD.
"Não aceitamos nenhum tipo de chantagem. Em São Paulo não tem acordo com criminoso. Aqui se cumpre a lei. Aqui se enfrenta. [Os ataques] são reações da ação firme do Estado, tanto na ação da polícia, quanto do sistema prisional", disse.
Alckmin disse que o governo não vai retroceder e que as regras do RDD serão mantidas.
Colaborou o Agora
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São Paulo voltou a ser palco de atentados contra a polícia. Oito novos ataques foram registrados entre a noite de ontem e esta manhã na capital, Baixada Santista e interior do Estado. Nos últimos cinco dias, foram 29 ataques, com três policiais mortos e 12 pessoas feridas --nove PMs e três guardas-civis.
Na noite de ontem, na Praia Grande, o soldado Evandro Mendes de Oliveira, 34, foi assassinado. De acordo com o Comando da Polícia Militar de Santos, ele chegava em casa, à paisana, por volta das 20h30, quando foi atacado. Três homens armados se aproximaram do policial, atingido por nove tiros.
Também no litoral, por volta das 20h de ontem, a Diju (Delegacia de Infância e Juventude) de Santos foi metralhada. Uma bomba também foi atirada contra o prédio.
Na capital, um posto da Polícia Rodoviária Estadual no km 18,5 da rodovia Raposo Tavares, zona oeste, foi atacado. Um policial rodoviário ficou ferido por estilhaços de vidro.
Tuca Vieira/Folha Imagem |
Polícia reforça operações após ataques em São Paulo |
Também na zona leste, em Itaquera, uma bomba caseira foi lançada contra uma base comunitária da GCM (Guarda Civil Metropolitana) no início desta manhã. O artefato caiu em uma poça d'água e não explodiu.
No Jardim Elisa Maria, zona norte, um carro da 4ª Cia do 9º Batalhão foi atacado por um grupo de cerca de quatro homens quando realizava patrulhamento preventivo na região.
Interior
Os ataques se espalharam para o interior do Estado. Na noite de ontem, a Delegacia Seccional de Itapetininga, região de Sorocaba (100 km de SP), foi atacada com uma dinamite. Na explosão, dois carros foram danificados. Nenhum policial ficou ferido.
No município de São Miguel Arcanjo (179 km de SP) um grupo lançou um coquetel molotov no pátio do 7º Batalhão da PM, na região central. O artefato não explodiu.
Reforço
Por causa dos crimes, o Comando da Polícia Militar resolveu mandar às ruas duas de suas tropas de elite: a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e a Rocam (Rondas Ostensivas com o Apoio de Motocicletas).
Segundo o comandante-geral da PM, coronel Alberto Silveira Rodrigues, as tropas vão remanejar 90 homens para patrulhamento nos horários em que geralmente os ataques vêm acontecendo, após as 23h.
PMs que não integram tropas de elite também tiveram seus turnos de trabalho alterados, com ênfase no período noturno.
Regras
Os atentados, atribuídos pela polícia ao PCC, seriam uma forma de pressionar o governo contra o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), adotado nos presídios de Presidente Bernardes, Avaré e Taubaté, onde estão os líderes da facção. No RDD são impostas regras mais rígidas aos presos. Eles ficam em celas isoladas, não têm direito a visita íntima e só podem tomar banho de sol uma hora por dia.
Uma lista de reivindicações foi entregue pelo PCC à direção do Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes (589 km de SP). No último dia 29, os presos Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, e Sandro Henrique da Silva Santos, o Gulu, líderes do PCC, pediram audiência com o diretor do presídio para entregar uma lista de exigências que modificam o funcionamento do RDD e ampliam a variedade de itens de limpeza, de higiene e, principalmente, de alimentos que eles podem receber dos familiares.
Entre os pedidos estão visita íntima uma vez ao mês, duas horas de banho de sol por dia, liberação de carta, rádio AM/FM, banho quente, além de diversos produtos de alimentação como rocambole, água de coco, Gatorade, balas diversas, leite condensado, Sucrilhos, tempero Sazon, goiabada, mostarda e catchup. Eles pediram também fio dental, pomada Nívea, pomada Minancora, Cepacol ou Listerine e cortador de unhas.
Caso os pedidos não fossem atendidos em 30 dias, a organização daria início a "movimentos" dentro e fora das prisões. O RDD foi criado após a megarrebelião organizada pela facção criminosa em fevereiro de 2001, que atingiu 29 unidades prisionais.
Governo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que os ataques são uma reação "de desespero dos criminosos" em relação ao RDD.
"Não aceitamos nenhum tipo de chantagem. Em São Paulo não tem acordo com criminoso. Aqui se cumpre a lei. Aqui se enfrenta. [Os ataques] são reações da ação firme do Estado, tanto na ação da polícia, quanto do sistema prisional", disse.
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