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02/03/2004 - 02h31

Atentados coincidem com "reeleição" no zôo

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MARIANA VIVEIROS
FABIANE LEITE
GILMAR PENTEADO

da Folha de S.Paulo

As mortes de animais por envenenamento no Zoológico de São Paulo começaram no meio do processo de recondução de Paulo Magalhães Bressan, 59, à presidência do conselho superior da instituição. Bressan é também diretor-presidente do zôo.

Uma das hipóteses para explicar a matança em série de animais --até sábado passado o zôo contabilizava 61 envenenados por um potente raticida-- é um atentado para prejudicar a atual administração. O veneno pode demorar até 12 dias para matar.

Segundo o zoológico, as primeiras mortes foram registradas em 24 de janeiro, mas divulgadas em 6 de fevereiro, quando houve as primeiras confirmações de envenenamento. No dia 25 daquele mês, foi renovado o mandato de três anos de Bressan no conselho. No dia 27 de julho termina o seu mandato de diretor-presidente.

Bressan não comenta o assunto. Procurado pela Folha, disse que só a polícia poderia se manifestar. Homem de confiança de Geraldo Alckmin (PSDB), ele foi nomeado pelo governador em 2001.

Segundo o estatuto da Fundação Zoológico, que é de 2000, enquanto o governador nomeia o presidente do conselho, cabe ao órgão eleger os três diretores do zôo --presidente, administrativo e técnico-científico.

"Esse envenenamento foi uma questão mais interna do parque. Então, não há razão para interditar", disse Alckmin, ontem, ao ser questionado sobre um possível fechamento temporário do zôo.

Bressan, que é médico veterinário, já ocupara outros postos importantes no governo tucano antes de ir para o zoológico, como a secretaria adjunta da antiga Secretaria da Administração.

Os anos de 2000 e 2001 --neste assumiu a atual diretoria-- foram conturbados para o zôo.

"Na época da transição, antes de o governador ter escolhido o Bressan, o zoológico passou por uma fase meio tumultuada. Parece que havia um conflito de interesses, mas foi uma coisa passageira", diz Miguel Trefaut Rodrigues, 50, presidente do Conselho Orientador da instituição.

Segundo André Luiz Paranhos Perondini, 63, que antecedeu Bressan no cargo de diretor, houve "alguns contratempos", ligados principalmente à disputa por postos da instituição.

Em meio a reclamações de conselheiros sobre ingerência do governo --a fundação tem independência administrativa--, em 2001 o zôo foi desligado da Secretaria de Esportes e transferido à de Ciência e Tecnologia.

Também naquele ano, o Simba Safari, parque particular em área do zôo, fechou porque, em 2000, havia vencido o contrato de permissão do uso do local --o governo exigiu licitação. Além disso, o zôo, em 2001, ganhou novo estatuto e mais cargos de indicação do governo.

Segundo a Folha apurou, o Ministério Público chegou a ser procurado por conselheiros que reclamavam da ingerência do então secretário de Esportes e Turismo, Marcos Arbaitman. Segundo os conselheiros, Arbaitman chegou a pressioná-los para criar um parque temático, anexando o Simba.

A Promotoria não obteve provas das acusações. Arbaitman relata que convidou o ex-proprietário do Simba, Francisco Galvão, para que entrasse na licitação, mas este não aceitou. O ex-secretário rebate os conselheiros dizendo que alguns não trabalhavam e que, por isso, defendeu a substituição deles. A Folha não conseguiu localizar Elizabeth Höfling, que presidia o conselho à época.

Em 2001 foi também aplicado, pela primeira vez, o novo estatuto. O governo aprovou as novas regras após cerca de um ano de discussões, explica Flávio Fava de Moraes, convocado para assumir a presidência do conselho e fazer o novo estatuto.

A Fundação Zoológico padecia de problemas como excesso de centralização de tarefas em um único diretor, diz Moraes. O novo estatuto criou três diretorias e seis novos cargos no conselho superior, todos de indicação do governador --antes havia seis, indicados por instituições científicas.

Segundo o sindicato de trabalhadores, quatro dos onze afastados pelo zôo serão remanejados para nova função --eles voltaram ontem após uma licença forçada, estão sob investigação da polícia. Trabalhavam nas áreas de nutrição e dos tratadores e devem ir para a área de manutenção.

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