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01/06/2004 - 08h49

Rebelião em presídio do Rio deixa ao menos 34 mortos

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo, no Rio

Pelo menos 34 presos morreram na rebelião na Casa de Custódia de Benfica, zona norte do Rio. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, 34 corpos foram retirados do local, mas o número de mortos deve ser maior.

Alguns corpos foram mutilados, e outros, carbonizados. As vítimas seriam integrantes das facções ADA (Amigo dos Amigos) e TC (Terceiro Comando), rivais do CV (Comando Vermelho), que teria liderado o motim.

Policiais e bombeiros continuam na casa de custódia. Eles realizam a contagem dos presos e resgatam corpos.

"A situação é de fazer inveja ao Urso Branco", disse Marcelo Freixo, do Conselho da Comunidade, referindo-se ao presídio de Rondônia onde 14 detentos foram mortos em abril.

Pastor

A rebelião começou por volta das 7h de sábado após uma tentativa de fuga em massa. O fim do motim, na noite de segunda, foi acertado após a chegada ao presídio do pastor evangélico Marcos Pereira da Silva, da Assembléia de Deus dos Últimos Dias. O pastor chegou à casa de custódia em um helicóptero da PM.

Fontes próximas às negociações disseram que Silva teria levado com ele a irmã do traficante Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, chefe do Comando Vermelho preso no presídio Bangu 1. A informação não foi confirmada oficialmente.

A presença do pastor foi exigência dos presos e teria sido determinada pela Secretaria da Segurança, que ficou à frente das negociações depois que o secretário da Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, se afastou, no domingo, após a morte do agente penitenciário Marco Antônio Borgatte. O agente foi assassinado pelos rebelados com um tiro de escopeta nas costas.

Exigências

Assim que chegou à casa de custódia, o pastor Silva entrou na carceragem. Antes de sua chegada, a equipe de negociadores, formada por PMs, ainda não tinha conseguido entrar nas galerias onde estavam os reféns, entre agentes e policiais reformados, contratados para fazer a segurança no local.

Para entregar os reféns e as armas, incluindo pistolas e escopetas, os amotinados exigiam a transferência de 179 detentos da ADA e do TC, melhoria no atendimento às visitas e garantias de integridade física. O governo do Estado não informou se essas exigências foram atendidas.

Vinte e seis pessoas foram feitas reféns e liberadas aos poucos. Alguns dos reféns passaram o dia amarrados em botijões de gás e com armas apontadas para a cabeça.

Durante a rebelião, a Escola Municipal Cardeal Leme, em frente à casa de custódia, foi transformada em base operacional da PM (Polícia Militar). Dali os policiais tentavam obter, sem sucesso, uma boa visão da movimentação dos rebelados dentro da cadeia.

Fuga

O motim havia começado por volta das 6h30 de sábado, com uma tentativa frustrada de fuga em massa. Segundo a polícia, 17 presos fugiram e três foram recapturados.

Policiais disseram, informalmente, que a fuga contou com o apoio de traficantes da favela Parque Arará, que fica atrás do presídio.

Dois veículos esperavam os presos fora da Casa de Custódia de Benfica. Outros três veículos foram roubados nas imediações da unidade.

Inaugurada há três meses, a Casa de Custódia abrigava, antes da fuga, cerca de 900 presos. O local tem capacidade para 1.300 pessoas.

Investigação

A governadora Rosinha Matheus (PMDB) rebateu declarações feitas pelo secretário da Administração Penitenciária, na segunda-feira, de que o local onde foi instalado o presídio não é seguro. A governadora disse que foram tomadas medidas de segurança para que a unidade recebesse os presos.

"As paredes internas são revestidas de chapas de aço. O local é seguro", disse a governadora.

Os presos abriram buracos nas paredes da cadeia, cuja qualidade da construção é questionada pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários.

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