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03/07/2004
-
08h37
da Folha de S.Paulo, no Rio
Gabriela de Oliveira Cordeiro, 19, tentou autorização judicial para retirar seu feto com anencefalia. Por causa de ações na Justiça de grupos religiosos, não pôde interromper a gestação e viu sua filha Maria Vida morrer sete minutos após o parto. Anteontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio de Mello citou o caso de Gabriela para justificar sua decisão.
O caso de Thiany da Penha, 18, tem o mesmo enredo, com exceção do final: depois do parto, ela teve de passar por três transfusões de sangue e correu risco de morte. Auxiliada pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (conhecido como Anis), prepara-se para entrar com uma ação contra o Estado por danos morais.
"A ação é por causa da demora da Justiça em tomar uma decisão", esclarece Fabiana Paranhos, diretora da Anis.
Gabriela e Thyane não quiseram dar entrevistas ontem. Elas têm tido acompanhamento da Anis e da promotora Soraya Gaya, de Teresópolis (região serrana do Estado do Rio), cidade onde ambas vivem. "Sou contra o aborto, mas não nesse caso [de anencefalia]", diz a promotora. "Já sabemos de antemão que não vai existir criança nenhuma ali."
A médica Dafne Horowitz, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Genética Clínica, afirma que ninguém, na entidade, induz a uma interrupção. "O que fazemos é, quando solicitados, orientar. Há pacientes que, por convicção, não interromperiam a gravidez em hipótese alguma. E isso deve ser respeitado", explica a médica.
O movimento católico Pró-Vida, de Anápolis (GO), é o que mais vinha lutando contra as autorizações judiciais para cirurgias, tendo atuado, inclusive, contra o requerimento de Gabriela. Seu líder, o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, mantém uma página na internet com artigos contra o aborto e a eutanásia, na qual ensina até como proceder na Justiça.
"O que um médico pode fazer é dizer para a mãe: "seu neném está muito doente, a perspectiva de vida é pequena. Dê o máximo de amor, que eu, como médico, vou cuidar dele como um moribundo, mas não vou descartá-lo como uma mercadoria defeituosa"."
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Gabriela de Oliveira Cordeiro, 19, tentou autorização judicial para retirar seu feto com anencefalia. Por causa de ações na Justiça de grupos religiosos, não pôde interromper a gestação e viu sua filha Maria Vida morrer sete minutos após o parto. Anteontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio de Mello citou o caso de Gabriela para justificar sua decisão.
O caso de Thiany da Penha, 18, tem o mesmo enredo, com exceção do final: depois do parto, ela teve de passar por três transfusões de sangue e correu risco de morte. Auxiliada pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (conhecido como Anis), prepara-se para entrar com uma ação contra o Estado por danos morais.
"A ação é por causa da demora da Justiça em tomar uma decisão", esclarece Fabiana Paranhos, diretora da Anis.
Gabriela e Thyane não quiseram dar entrevistas ontem. Elas têm tido acompanhamento da Anis e da promotora Soraya Gaya, de Teresópolis (região serrana do Estado do Rio), cidade onde ambas vivem. "Sou contra o aborto, mas não nesse caso [de anencefalia]", diz a promotora. "Já sabemos de antemão que não vai existir criança nenhuma ali."
A médica Dafne Horowitz, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Genética Clínica, afirma que ninguém, na entidade, induz a uma interrupção. "O que fazemos é, quando solicitados, orientar. Há pacientes que, por convicção, não interromperiam a gravidez em hipótese alguma. E isso deve ser respeitado", explica a médica.
O movimento católico Pró-Vida, de Anápolis (GO), é o que mais vinha lutando contra as autorizações judiciais para cirurgias, tendo atuado, inclusive, contra o requerimento de Gabriela. Seu líder, o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, mantém uma página na internet com artigos contra o aborto e a eutanásia, na qual ensina até como proceder na Justiça.
"O que um médico pode fazer é dizer para a mãe: "seu neném está muito doente, a perspectiva de vida é pequena. Dê o máximo de amor, que eu, como médico, vou cuidar dele como um moribundo, mas não vou descartá-lo como uma mercadoria defeituosa"."
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