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23/08/2004
-
03h06
da Folha de S.Paulo
Mais de três dias depois dos primeiros ataques aos moradores de rua em São Paulo, a Secretaria da Segurança Pública anunciou um reforço no contingente de PMs que patrulham a região central e de integrantes da Polícia Civil responsáveis pela investigação.
O titular da pasta, Saulo de Castro Abreu Filho, negou que a polícia tivesse sido displicente após as agressões na madrugada de quinta-feira. Alegou que a PM concentrou seus 200 homens responsáveis pelo centro --incluindo da rua da Consolação à praça da Sé-- nos lugares que agrupam a população de rua, mas que "a área territorial é gigantesca" e que as vítimas "se espalharam".
Ontem ele declarou que haverá um reforço de mais 81 PMs na região central, incluindo dois pelotões da Rota e grupamentos com cavalos e motocicletas. Também afirmou que participarão das investigações mais 35 homens do GOE (Grupo de Operações Especiais) e 22 do setor de inteligência, 23 de uma equipe que cuida de chacinas e 30 de outra divisão. "Vamos ficar com esse reforço até esclarecer", afirmou.
Abreu Filho evitou reconhecer falhas da ação policial sob a alegação de que os novos ataques são "inusitados". "Eu não lembro, em 20 anos de carreira, de ter acontecido um múltiplo homicídio e depois, na mesma região, novamente. É um fato novo", disse.
Sobre os ataques terem sido feitos até perto de uma base da PM e de uma delegacia, alegou que essa possibilidade é grande por haver postos de policiais "em todos os bairros" e "muitos lugares", não significando que eles tenham "assistido passivamente".
O secretário disse ainda estar "de braços abertos para qualquer auxílio da Polícia Federal". Cobrou a liberação de recursos federais para a segurança de São Paulo --que, segundo ele, até agora foi de 0,5% do orçamento previsto.
Prefeitura
Na entrevista coletiva que concedeu ontem, Abreu Filho voltou a fazer ataques à prefeitura. Chegou a dizer também que "a pior imagem que a imprensa pode dar [à série de ataques] é colocar como se fosse uma questão de mera impotência da polícia".
O secretário afirmou ter orientado a PM a recolher os moradores de rua e levá-los a albergues no dia seguinte à primeira série de ataques, mas que, a partir das 23h, as portas foram trancadas e a entrada, proibida, por falta de vagas.
"Nós temos inclusive esse documento gravado. O subprefeito ligou e falou "não tem mais lugar'", disse, acrescentando que "talvez um cadáver [de hoje] tivesse sido recolhido ontem".
Abreu Filho declarou que "vão dizer que estou politizando" e que fica "chateado" por encarar as críticas como algo da campanha eleitoral. "Por favor, Marta Suplicy, abra vagas para a polícia poder levar os moradores de rua", afirmou depois, dizendo desconhecer "a política pública do município para lidar com a questão".
Intolerância
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Hédio Silva Jr., e a polícia receberam ontem, no ato de repúdio aos atentados sofridos por moradores de rua, uma carta de um grupo de intolerância identificado como Organização Branco-Européia Brasileira. A carta versava sobre o slogan "sangue, orgulho e honra", atacando migrantes nordestinos e fazendo apologia aos brancos.
Apesar de não apresentar em seu texto nenhuma relação direta com os crimes contra a população de rua, a carta será considerada nas investigações da polícia.
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Ontem ele declarou que haverá um reforço de mais 81 PMs na região central, incluindo dois pelotões da Rota e grupamentos com cavalos e motocicletas. Também afirmou que participarão das investigações mais 35 homens do GOE (Grupo de Operações Especiais) e 22 do setor de inteligência, 23 de uma equipe que cuida de chacinas e 30 de outra divisão. "Vamos ficar com esse reforço até esclarecer", afirmou.
Abreu Filho evitou reconhecer falhas da ação policial sob a alegação de que os novos ataques são "inusitados". "Eu não lembro, em 20 anos de carreira, de ter acontecido um múltiplo homicídio e depois, na mesma região, novamente. É um fato novo", disse.
Sobre os ataques terem sido feitos até perto de uma base da PM e de uma delegacia, alegou que essa possibilidade é grande por haver postos de policiais "em todos os bairros" e "muitos lugares", não significando que eles tenham "assistido passivamente".
O secretário disse ainda estar "de braços abertos para qualquer auxílio da Polícia Federal". Cobrou a liberação de recursos federais para a segurança de São Paulo --que, segundo ele, até agora foi de 0,5% do orçamento previsto.
Prefeitura
Na entrevista coletiva que concedeu ontem, Abreu Filho voltou a fazer ataques à prefeitura. Chegou a dizer também que "a pior imagem que a imprensa pode dar [à série de ataques] é colocar como se fosse uma questão de mera impotência da polícia".
O secretário afirmou ter orientado a PM a recolher os moradores de rua e levá-los a albergues no dia seguinte à primeira série de ataques, mas que, a partir das 23h, as portas foram trancadas e a entrada, proibida, por falta de vagas.
"Nós temos inclusive esse documento gravado. O subprefeito ligou e falou "não tem mais lugar'", disse, acrescentando que "talvez um cadáver [de hoje] tivesse sido recolhido ontem".
Abreu Filho declarou que "vão dizer que estou politizando" e que fica "chateado" por encarar as críticas como algo da campanha eleitoral. "Por favor, Marta Suplicy, abra vagas para a polícia poder levar os moradores de rua", afirmou depois, dizendo desconhecer "a política pública do município para lidar com a questão".
Intolerância
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Hédio Silva Jr., e a polícia receberam ontem, no ato de repúdio aos atentados sofridos por moradores de rua, uma carta de um grupo de intolerância identificado como Organização Branco-Européia Brasileira. A carta versava sobre o slogan "sangue, orgulho e honra", atacando migrantes nordestinos e fazendo apologia aos brancos.
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