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Amamentar virou promiscuidade nos Estados Unidos

Cristina Veiga
Equipe GD

Só mesmo nos Estados Unidos, onde os homens têm verdadeira fixação por peitos, poderia ocorrer tamanha estupidez: confundir o ato de amamentar um filho com um erotismo vulgar. Pior: classificar o aleitamento materno como um "desrespeito aos direitos civis da criança, além de constituir comportamento primitivo e incestuoso que pode levar a criança à promiscuidade sexual". Pois é o que pensa uma corrente fundamentalista protestante norte-americana. Já chegaram até a criar um movimento com nome e tudo: "Cidadãos Contra a Amamentação".

Mães chegaram a perder a guarda de seus filhos por estarem amamentando a criança em período considerado "impróprio" pela Justiça de alguns estados norte-americanos. A cada mês, 60 mulheres perdem o emprego por amamentar o filho ou, simplesmente, ousar retirar através de bomba de sucção o próprio leite em locais de trabalho. De acordo com pesquisa da Associação dos Fabricantes de Leite Artificial, 83% das crianças americanas são desmamadas antes de seu primeiro aniversário. Ninguém parece levar em consideração sequer os benefícios do aleitamento materno.

"A amamentação reforça o sistema imunológico das crianças. Está relacionada com o decréscimo de problemas respiratórios, infecções no ouvido, diabetes e síndrome de morte súbita de crianças. Também diminui riscos de problemas cardíacos, além de aumentar o QI da criança. Já do lado apenas cultural, acredito que a amamentação ajuda a criar laços estreitos entre mãe e filho", afirma Donald Gribetz, um dos pediatras mais conceituados do hospital Mount Sinai de Nova York. No final do ano passado, uma pesquisa com mulheres no interior da China, conduzida pela Universidade de Yale, mostrou que as mães que amamentaram seus filhos por dois anos ou mais reduziram seus riscos de câncer de mama em 50%.

Mulher não é vaca. Esse é um dos argumentos do comandante da tropa contrária à amamentação, o pastor Jonathan Thornley. "Amamentar é um ato libidinoso. A mulher experimenta prazer vulgar. Trata-se de um ritual primitivo e pagão, que tem a complicação do incesto, que é um ato sexual ilícito. Os que defendem a amamentação são os mesmos que apóiam o direito ao aborto. Essa gente não está interessada no bem-estar e saúde da criança inocente, mas, sim, na satisfação de seus desejos sexuais impuros", tenta argumentar o pastor.

O doutor Gribetz chega a fazer uma aposta: "se formos estudar os jovens que cometeram massacres escolares, vamos verificar que a maioria, ou todos eles, não foi amamentada naturalmente ou foi desmamada muito cedo". O Escritório de Referência Populacional do governo norte-americano tem uma pesquisa curiosa: em 63 países em desenvolvimento 95% das mulheres amamentam. Nos países escandinavos, na Ásia, na América Latina e na África o aleitamento segue até os três anos de idade.

O curioso desse forte grupo fundamentalista protestante é que eles combatem a amamentação natural mas não se incomodam com um dado da Associação dos Editores Americanos: 85% das revistas de grande tiragem do país estamparam mamilos em suas páginas no último ano. Quer dizer que expor em tudo que é capa de revista a "peitaria" das norte-americanas pode, amamentar não?

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Mamãe, eu quero mamar! (IstoÉ)

 

 
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