A
culpa é do prefeito ou da mídia?
O prefeito do Rio, Cesar
Maia, transformou-se na estrela dos factóides, anunciando ações
que se esvaem na fugacidade das manchetes.
No primeiro de dia trabalho,
ele lançou um pacote que ganhou repercussão nacional e atacou, num
só ato, pesquisas de opinião, mendigos das ruas, videogames violentos,
funerárias que atendem hospitais municipais, entre outras esquisitices.
As medidas agregam à
esperteza midiática pitadas de calculada maluquice e um toque circense,
conferindo ao prefeito uma imagem que mistura o malandro, o maluco e o palhaço
_ um prato cheio, portanto, para a indignação da mídia, atenta
ao jogo de manipulações.
Cesar Maia está,
porém, apenas jogando o jogo da mídia, ávida por factóides
para enriquecer as primeiras páginas, mas disposta a destruí-los
nos editoriais e nas colunas, num comportamento dúbio.
O prefeito do Rio apenas
exacerba um comportamento comum entre os políticos, manipuladores de fatos
para atrair a simpatia do eleitor. Quase todos não resistem e embalam suas
ações para serem vendidas ao meios de comunicação,
sacrificando a verdade e a seriedade, em maior ou menor grau.
Mas a imprensa também
não resiste: sabe que o factóide é factóide, sem a
menor pretensão além de chamar a atenção, mas, mesmo
assim, dá-lhe generoso espaço. Afinal, o concorrente não
vai perder a chance de explorar aquela notícia que vai ser o assunto o
dia para o cidadão comum.
Se a imprensa simplesmente
escutasse seus editorialistas não daria mais do que algumas linhas escondidas
para aqueles despropósitos, considerando-os desimportantes.
Não é o que
acontece, e os políticos sentem-se convocados a entrar na briga pelo espaço
editorial, com os recursos do marketing mais indigente.
Talvez seja essa a regra
das sociedades de massa, bombardeadas pelo excesso de informação:
está cada vez mais difícil aparecer e passa a valer quase tudo para
chamar a atenção do consumidor, leitor e eleitor.
Talvez (e espero que esse
segundo talvez seja o correto) os fazedores de factóides façam sucesso
curto como seus factóides, e rapidamente sejam esquecidos ou relegados
ao segundo escalão da vida política.
Pelo menos foi o que aconteceu
com dois mestres dos fatos fugazes no Brasil: Jânio Quadros e Fernando Collor.
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