Trabalho
temporário é a única esperança de novas
contratações neste ano
O mercado de
trabalho deve repetir o fraco desempenho do segundo semestre do
ano passado. A única possível movimentação
poderá ser em torno das contratações temporárias
no final do ano, na época do Natal. Nem mesmo para o Dia
das Crianças as empresas do setor pretendem abrir novos postos.
Acredita-se
que um aquecimento nas contratações aconteça
a partir deste mês no setor de alimentação,
principalmente o de massas e biscoitos, por causa da fabricação
de panetones. Apesar das perspectivas nessa área, a crise
no setor industrial ameaça outros setores da economia.
A indústria
automobilística, por exemplo, está esgotando todos
os seus mecanismos possíveis para reduzir o ritmo de produção
sem demissões. A General Motors abriu seu programa de demissões
voluntárias e de férias coletivas. Mesmo antes dessa
onde de retração, a DaimlerChrysler já havia
programado demitir 700 funcionários até o final do
semestre.
Leia
mais:
- Cresce
a ameaça de demissões nas montadoras
- Produção
industrial tem queda
- Contrato temporário reduz a carência
de funcionários
|
|
|
Subir
|
|
Contrato temporário reduz a carência
de funcionários
Impedidas de
registrar pela CLT, agências simplificam seleção.
À espera de autorização para realizar concurso
público desde dezembro de 2000, as agências reguladoras
estão contratando profissionais de forma temporária
para amenizar a carência de pessoal. Pelo menos quatro delas
estão com processos seletivos simplificados em aberto para
efetivação após o término do período
eleitoral: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq)
e Agência Nacional de Transportes Terrestres (Antt).
Os contratos
são por 12 meses, renováveis por igual período,
até o máximo de 36 meses. Os salários variam
entre R$ 1,8 mil e R$ 6 mil, dependendo do cargo e órgão,
e as inscrições ficam abertas pelo prazo de um ano.
Na maioria das agências, a procura é por profissionais
de nível superior, em áreas como direito, engenharia,
economia e administração, entre outras. Mas, no caso
da Anatel, há vagas para três categorias de nível
médio - geral, secretariado executivo e telecomunicações.
Os concursos
públicos para as agências reguladoras estão
suspensos em função de uma Ação Indireta
de Inconstitucionalidade (Adin), impetrada pelo Partido dos Trabalhadores
(PT) no Supremo Tribunal Federal (STF). O PT contesta a constitucionalidade
da adoção do regime celetista em autarquias executoras
de serviços públicos. O processo ainda está
em julgamento.
Somente este
ano, a Aneel já contratou 137 pessoas por meio desse tipo
de processo seletivo, segundo informa a superintendente de Recursos
Humanos da agência, Cíntia Pezzi. Os profissionais
passam por três etapas, todas eliminatórias. As duas
primeiras - análise curricular e entrevista técnica
- são feitas pelo Centro de Seleção e de Promoção
de Eventos (Cespe) da Universidade Federal de Brasília (UnB).
Apenas a última, chamada de entrevista técnica, fica
a cargo da Aneel. No caso da Aneel, as vagas são para 14
áreas do conhecimento, com salários de R$ 2 mil a
R$ 7,1 mil.
O Cespe funciona
como um banco de dados e os profissionais são recrutados
de acordo com as demandas das agências - não há
um número definido de vagas. A diretora-geral do Centro,
Romilda Guimarães Macarini, informa que as quatro agências
que estão com processo em aberto já contrataram pelo
menos 300 pessoas este ano. "O processo é devagar em
função da falta de perfis adequados e da ausência
de formação específica."
Cíntia
concorda que as agências abriram um novo mercado de trabalho
mas, ao mesmo tempo, de difícil aquisição de
profissionais. "Pode-se dizer que não há ninguém
pronto para trabalhar no mercado de regulação, exatamente
pelo fato de a área ser extremamente nova no Brasil."
A conseqüência é que os processos de seleção
ficam abertos por um ano e sem garantia de que todos os cargos sejam
preenchidos nesse período.
De acordo com
a superintendente da Aneel, por outro lado, quem passa pelo difícil
filtro e entra nesse segmento tende a dar uma guinada profissional.
"O bom treinamento oferecido pelas agências dá
às pessoas uma expertise que dificilmente elas teriam em
empresas convencionais. Elas ficam na vitrine."
Esta visibilidade
pode ser encarada como uma compensação, pelo menos
por enquanto, ao fato de não haver uma contratação
definitiva por meio de concurso público. De acordo com a
legislação, após sair da agência, o profissional
precisa ficar dois anos sem assumir nenhum tipo de trabalho na forma
de contrato temporário em órgãos do governo.
Outra desvantagem é que não há recolhimento
do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o que pode
pesar no bolso na hora que termina o contrato.
Outra vantagem
do novo mercado é que ele permitiu a contratação
de profissionais que, à primeira vista, têm muito pouco
a ver com as áreas especificadas pelas reguladoras. "A
interdisciplinaridade exigida torna o desafio muito mais interessante."
A Aneel busca, por exemplo, pessoas das áreas de psicologia,
pedagogia, matemática e relações internacionais,
entre outras.
As inscrições
são feitas exclusivamente via internet, no endereço
www.cespe.unb.com.br.
(Gazeta Mercantil)
|
|
|
Subir
|
|
|