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09/10/2003

Empresa que facilitar acesso a negro terá selo

Organizações do movimento negro brasileiro lançam em novembro uma campanha nacional para facilitar o acesso de negros à escola, ao trabalho e à cultura.
Intitulada "Ação Afirmativa, Atitude Positiva", a campanha tem como símbolo a camélia, flor usada pelos abolicionistas brasileiros durante a campanha pelo fim da escravatura (1888).

Ações afirmativas podem ser definidas como políticas públicas e privadas criadas para combater a discriminação -seja racial, de gênero ou de origem- ou para corrigir efeitos de uma discriminação ocorrida no passado.

Surgiram nos Estados Unidos, mas são hoje aplicadas em vários países do mundo, inclusive no Brasil. A reserva de vagas de candidatos para mulheres é um exemplo de ação afirmativa.

A campanha da camélia vai instituir um selo de qualidade -com o desenho da flor- para ser oferecido a empresas, pessoas e escolas que praticarem a ação afirmativa. Será lançada uma linha de produtos com o símbolo.

Em paralelo, um balcão de empregos encaminhará profissionais negros ao mercado. A campanha quer ampliar a participação de negros em novelas e comerciais, organizando uma marcha a Brasília em defesa de ações afirmativas.

A camélia branca, oferecida por uma mão negra no cartaz da campanha, é uma forma de tentar vencer a imagem de intransigência associada a projetos do tipo -como a cota, com reserva de vagas para negros em universidades públicas.

Numa inversão da tática de 2001, quando o movimento negro apontou num shopping center do Rio lojas que não contratavam negros, o objetivo é destacar positivamente pessoas e empresas que fizerem ação afirmativa.

"Ninguém assume que discrimina. Todo mundo apóia a ação afirmativa, mas não pratica. Se ninguém é contra, então vamos praticar", diz Ivanir dos Santos, do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, um dos coordenadores da campanha.
Financiado pela Fundação Ford, o projeto tem a participação de outras entidades, como a Educafro (que realiza cursinhos pré-vestibulares para negros), o IPDH (Instituto Palmares de Direitos Humanos) e o Olodum.

A idéia de usar a flor surgiu a partir do livro "As Camélias do Leblon e a Abolição da Escravatura", do historiador Eduardo Silva, pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa e doutor pela Universidade de Londres.

No livro, editado pela Companhia das Letras, Silva relata como camélias produzidas num quilombo do Leblon (zona sul do Rio) se transformaram em símbolo dos abolicionistas radicais, que defendiam a libertação incondicional dos escravos.
"Quando eles perguntaram se podiam usar a camélia como símbolo, eu disse que ela não pertence a mim, mas à história do Brasil", afirmou Silva.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de analfabetismo dos identificados como pretos era 18,7% em 2001, enquanto a dos brancos era 7,7%. O rendimento médio dos brancos era o dobro do de pretos e pardos. Em 2001, pretos e pardos eram 46% da população.


FERNANDA DA ESCÓSSIA
Da Folha de S. Paulo, sucursal do Rio

   
 
 
 

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