HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
saúde
13/10/2003

Adolescente também precisa ser vacinado

O mito de que vacina é coisa de criança está trazendo um sério prejuízo à saúde pública do país: o baixo índice de vacinação entre os adolescentes. Levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), divulgado na última semana, revelou que nem metade dos jovens tomam o reforço de vacinas recomendado para a idade. E o que é pior. São poucos os adolescentes e mesmo os pais que conhecem a real importância da vacinação e sua necessidade nesta fase da vida.

“Apesar de a maioria (70%) estar vulnerável a uma série de doenças possíveis de serem prevenidas, os jovens pouco sabem sobre o assunto”, afirma a pediatra Darci Bonetto, presidente do Departamento de Adolescência da SBP, responsável pela pesquisa. O trabalho, batizado de Estudo Epidemiológico da Situação Vacinal do Adolescente Brasileiro, envolveu cerca de 500 alunos, de 13 a 19 anos, e seus pais.

A pouca participação dos adolescentes nas campanhas de vacinação e mesmo na atualização da carteirinha deve-se principalmente à desinformação (51%) e à falta de indicação médica (38%). “Para muita gente é novidade falar que o adolescente precisa de vacina”, comenta Darci. Os médicos, que poderiam ajudar nisso, nem sempre colaboram. “Apenas 28% deles explicam o tema para o paciente”, acrescenta.


Necessidade
Uma das grandes preocupações médicas diz respeito à hepatite B. Por ser uma vacina recente, a maioria dos adolescentes de hoje não recebeu a imunização quando criança. “Atualmente, a vacina contra a hepatite B faz parte do calendário de vacinação infantil. Mas as crianças de antigamente, que hoje são adolescentes, não foram imunizadas”, diz Maurício de Souza Lima, médico da unidade de adolescentes do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas (HC).

Por isso, o jovem de até 19 anos que não recebeu essa vacina pode ir a um posto de saúde e tomá-la gratuitamente (veja quadro com o calendário ao lado). “A hepatite B é um doença grave, transmitida pelo sexo e por agulhas contaminadas. O jovem, principalmente aquele que gosta de tatuagem e piercings, corre risco”, lembra Sandra de Oliveira, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Segundo Darci, o estudo revelou ainda que apenas 28% dos pais têm conhecimento sobre a necessidade de imunizar os adolescentes contra a hepatite B. Quando se analisa os números referentes à vacina contra a difteria e o tétano, a situação é semelhante. Apenas 23% dos pais e 32% dos jovens conhecem a vacina. “A cada dez anos, as pessoas precisam fazer o reforço da chamada dT e o primeiro deve acontecer entre os 12 e 15 anos de idade”, diz.


Segundo o diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, Carlos Magno Fortaleza, a adesão do adolescente à vacinação é um dos grandes desafios do governo. “O problema existe e precisamos resolvê-lo”, conta o especialista, que quer a ajuda dos pais para melhorar os índices.

E foi o que ocorreu com José Ferreira Júnior, de 15 anos. Depois de ser alertado pela mãe, Maria Carlinda de Oliveira, de 44, o estudante colocou em dia sua carteira de vacinação. “Acho que agora ele vai lembrar sempre”, diz a mãe.


LUCIANA SOBRAL
Do Diário de S. Paulo

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANTERIORES
13/10/2003 Governo desenvolve plano para criança e adolescente
13/10/2003
Cidade é abastecida por carro-pipa
13/10/2003
Ministro pede mais verba para Educação
13/10/2003 Educação recebe "fatia" menor da receita
13/10/2003 Chuva eleva níveis dos reservatórios, mas racionamento continua
10/10/2003 Criança orienta o que a mãe deve comprar
10/10/2003 Sabesp aposta em chuva artificial e só recebe críticas
10/10/2003 Igreja usa teoria 'científica' contra preservativo
10/10/2003 IBGE: Pnad confirma queda da taxa de analfabetismo no país
10/10/2003 Alimentos e tarifas puxam o IPCA para 0,78% em setembro