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infância
14/10/2003

Uma em cada quatro meninas é abusada sexualmente

Vanessa Sayuri Nakasato

Uma em cada quatro meninas brasileiras é abusada sexualmente até os 18 anos. No caso dos meninos, o número é um entre seis. Os dados são da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia). A entidade estima que, no Brasil, 165 crianças ou adolescentes sofrem abuso sexual por dia, ou seja, sete a cada hora. Dentre os abusados, a maioria são meninas com idade entre 7 e 14 anos, segundo pesquisa feita no ano passado.

O incesto, relação sexual e amorosa entre parentes do mesmo sangue, é a campeã no ranking de incidências no país, com 60%. Um estudo realizado no ABC paulista, em 2001, mostrou que 90% das gestações de adolescentes com até 14 anos foram frutos de incesto. Pais, tios e padrastos lideraram a autoria do delito.

Para tentar alterar esse quadro, o Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos acabaram de lançar o “Guia Escolar – Métodos para Identificação de Sinais de Abuso e Exploração Sexual em Crianças e Adolescentes”. A publicação é dirigida a educadores e tem como objetivo inserir na política pedagógica das escolas o combate à violência sexual contra menores de 18 anos.

Elaborado por psicólogos, sociólogos e especialistas em educação, o guia ensina docentes a identificarem crianças e adolescentes vitimados pelo abuso sexual, encaminhá-los às instituições especializadas e tratá-los de maneira adequada.

Segundo o secretário de Inclusão Educacional do MEC, Osvaldo Russo, é de extrema importância que os professores saibam lidar com a violência. Além de os menores passarem parte de seu dia na escola, a afetividade é fundamental para a recuperação dos jovens.

“As crianças e adolescentes abusados sexualmente se sentem envergonhados, culpados e desmotivados. Por esse motivo, geralmente, acabam se escondendo da sociedade, inclusive, deixando a escola”, lamentou em entrevista ao GD.

O secretário conta que o abuso sexual marca profundamente a personalidade e os mecanismos de interação social do indivíduo. Interfere, também, no desenvolvimento e no processo de construção do conhecimento da pessoa. “Se o Brasil se mobilizar contra essa perversidade, já estaremos dando um grande passo”, enfatizou.

Em princípio, serão distribuídos três mil guias em escolas públicas no Amazonas e Pará, onde os índices de ocorrências são mais altos. Mas o MEC pretende, até o final do ano, levar a publicação a todas as instituições públicas e particulares de ensino do país.

   
 
 
 

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