Para evitar
conflitos entre os homens, deve-se educar os meninos para
a tolerância. Essa é a ideologia de muitos educadores
que buscam aproximar crianças e adolescentes de realidades
étnicas e sociais totalmente opostas. Com o objetivo
de superar preconceitos intrínsecos das sociedades,
professores do Brasil e outros países têm se
proposto a enfrentar o desafio de, através de atividades
lúdicas, jogos e estímulo ao companheirismo,
unir por alguns momentos crianças (desde cedo muito
críticas) no ambiente escolar, em incentivo à
formação de cidadãos tolerantes.
Esse intercâmbio tem sido explorado com pioneirismo
em São Paulo por um colégio particular, localizado
nos Jardins, que começou a promover, há três
anos, visitas de alunos a uma escola pública. E a abrir
suas portas para os estudantes da rede pública.
A experiência foi considerada muito proveitosa por
pais e professores. Os jovens participantes, de ambos os lados,
conseguiram se dar conta do ganho que tiveram, ao perceberem
que possuíam sonhos, medos e gostos bem parecidos.
O exemplo brasileiro remete a um outro, de bem longe de São
Paulo, onde as diferenças são muito maiores
que apenas econômicas. O bairro de Katamon, em Jerusalém
(Israel), se localiza no coração de uma zona,
na qual o ódio entre os povos judeu e árabe
se passa por trivial. Próximo à Cisjordânia,
o bairro abriga a escola “Yad beYad” (mãos
dadas, em hebraico) e promove o que parece impossível.
O projeto consiste em ministrar aulas em hebraico e árabe
simultaneamente para crianças dos dois lados da fronteira.
Os novos amigos jogam futebol juntos (inclusive com meninas),
brincam, dançam e estudam, enxergando que não
obrigatoriamente as relações entre os povos
se resumem ao conflito secular. "As crianças desta
escola têm uma forma diferente de pensar sobre o conflito",
diz Ala Chatib, co-diretor da escola. "Existe mais de
uma verdade. E é isso que elas aprendem aqui, umas
com as outras".
Apesar de ainda não contar com aprovação
total de pais e vizinhança, a escola, que teve suas
dependências recebidas por doação da Prefeitura
de Jerusalém e está próxima ao distrito
árabe de Bei Safafa, tem obtido êxito na sua
pequena revolução.
Portanto, percebe-se que no cenário de competitividade
mundial em que vivemos hoje e em um mundo marcado por conflitos
e preconceitos regionais e globais, já existe um movimento
que almeja e vêm conseguindo provar o que parecia impossível:
o homem é um só.
Isaac Cattan,
aluno do 2º ano do ensino médio, do Colégio
Bandeirantes - isaaccattan11@hotmail.com
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