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23/04/2006
-
09h17
MAELI PRADO
da Folha de S.Paulo
A Varig possui o maior patrimônio líquido negativo das empresas de capital aberto da América Latina e o quinto maior quando se levam em conta também os números das 1.200 maiores empresas dos Estados Unidos.
É o que mostram dados de um levantamento feito a pedido da Folha pela consultoria Economática, que também reuniu dados dos balanços da companhia aérea desde 1986.
Desde então, a empresa só conseguiu registrar lucro líquido em quatro anos. Apesar de obter uma receita importante, os gastos da Varig corroem boa parte do faturamento, segundo Einar Rivero, coordenador da Economática para a América Latina.
"Os grandes vilões da companhia são os custos de operação e os administrativos, que são extremamente elevados", afirma.
Para ter uma idéia, do último trimestre de 2004 até setembro do ano passado, a companhia teve receita de R$ 8,8 bilhões (números corrigidos pela inflação até dezembro de 2005). Mas o custo operacional (todos os custos para a companhia levantar vôo, como gastos com aeronaves, hangares e salários de pilotos e de comissários, entre outros) alcançou R$ 6,6 bilhões, o que deixou a ela um lucro bruto de R$ 2,2 bilhões.
Subtraídos desse valor os custos administrativos (salário do pessoal administrativo e publicidade, entre outros), a empresa ficou com lucro operacional de R$ 345 milhões no período. Após pagar juros, Imposto de Renda e despesas administrativas, a Varig chegou a um prejuízo de cerca de R$ 570 milhões no período.
"Um lucro operacional de menos de meio bilhão [de reais] para uma empresa que fatura R$ 9 bilhões não significa nada."
Ele diz que a empresa conseguiu reduzir sua dívida financeira nos últimos anos. "O problema é que o grande volume da dívida da Varig é operacional, com fornecedores como a Infraero e a Petrobras. A dívida financeira representa uma parcela menor."
Ao mesmo tempo, a aérea conseguiu melhorar, há quatro anos, o perfil da sua dívida: em 2002, a dívida de curto prazo (pagamento até um ano) representava 46,7% do total de seus débitos. Esse percentual caiu para 14,8% em 2003. Entretanto nos últimos anos esse percentual voltou a aumentar: do último trimestre de 2004 até setembro de 2005, foi de 22,2%.
Aéreas em crise
Segundo o levantamento da consultoria, do ranking das dez empresas da América Latina e dos EUA com maior patrimônio líquido negativo, quatro são companhias aéreas, entre elas a Varig.
A aérea americana Delta Airlines aparece em primeiro lugar nesse ranking, com dívida de US$ 9,9 bilhões. Ela vem seguida da Northwest Airlines, com passivo a descoberto de US$ 5,6 bilhões. A Varig aparece em quinto, com dívida de US$ 3,3 bilhões, e a AMR (American Airlines) em oitavo, com rombo de US$ 1,5 bilhão.
Assim como ocorreu com a Varig no Brasil, nos Estados Unidos as companhias aéreas mais antigas, com estrutura elevada de custos, sofreram com a concorrência das empresas de baixo custo que entraram no mercado, como a JetBlue e a Southwest. O que também complicou essa situação foi a concorrência com empresas aéreas mais antigas mas que conseguiram se adaptar às mudanças do mercado, cortando custos e buscando maior eficiência.
Isso também ocorreu na Europa com empresas aéreas como Swiss, KLM e Alitalia.
A estimativa é que a Varig tenha um custo por assento cerca de 30% maior do que o da companhia "low cost, low fare" (baixo custo, baixa tarifa) Gol.
Mesmo a TAM, que é muito mais eficiente do que a Varig, possui um custo por assento entre 9% e 10% maior do que o da Gol.
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da Folha de S.Paulo
A Varig possui o maior patrimônio líquido negativo das empresas de capital aberto da América Latina e o quinto maior quando se levam em conta também os números das 1.200 maiores empresas dos Estados Unidos.
É o que mostram dados de um levantamento feito a pedido da Folha pela consultoria Economática, que também reuniu dados dos balanços da companhia aérea desde 1986.
Desde então, a empresa só conseguiu registrar lucro líquido em quatro anos. Apesar de obter uma receita importante, os gastos da Varig corroem boa parte do faturamento, segundo Einar Rivero, coordenador da Economática para a América Latina.
"Os grandes vilões da companhia são os custos de operação e os administrativos, que são extremamente elevados", afirma.
Para ter uma idéia, do último trimestre de 2004 até setembro do ano passado, a companhia teve receita de R$ 8,8 bilhões (números corrigidos pela inflação até dezembro de 2005). Mas o custo operacional (todos os custos para a companhia levantar vôo, como gastos com aeronaves, hangares e salários de pilotos e de comissários, entre outros) alcançou R$ 6,6 bilhões, o que deixou a ela um lucro bruto de R$ 2,2 bilhões.
Subtraídos desse valor os custos administrativos (salário do pessoal administrativo e publicidade, entre outros), a empresa ficou com lucro operacional de R$ 345 milhões no período. Após pagar juros, Imposto de Renda e despesas administrativas, a Varig chegou a um prejuízo de cerca de R$ 570 milhões no período.
"Um lucro operacional de menos de meio bilhão [de reais] para uma empresa que fatura R$ 9 bilhões não significa nada."
Ele diz que a empresa conseguiu reduzir sua dívida financeira nos últimos anos. "O problema é que o grande volume da dívida da Varig é operacional, com fornecedores como a Infraero e a Petrobras. A dívida financeira representa uma parcela menor."
Ao mesmo tempo, a aérea conseguiu melhorar, há quatro anos, o perfil da sua dívida: em 2002, a dívida de curto prazo (pagamento até um ano) representava 46,7% do total de seus débitos. Esse percentual caiu para 14,8% em 2003. Entretanto nos últimos anos esse percentual voltou a aumentar: do último trimestre de 2004 até setembro de 2005, foi de 22,2%.
Aéreas em crise
Segundo o levantamento da consultoria, do ranking das dez empresas da América Latina e dos EUA com maior patrimônio líquido negativo, quatro são companhias aéreas, entre elas a Varig.
A aérea americana Delta Airlines aparece em primeiro lugar nesse ranking, com dívida de US$ 9,9 bilhões. Ela vem seguida da Northwest Airlines, com passivo a descoberto de US$ 5,6 bilhões. A Varig aparece em quinto, com dívida de US$ 3,3 bilhões, e a AMR (American Airlines) em oitavo, com rombo de US$ 1,5 bilhão.
Assim como ocorreu com a Varig no Brasil, nos Estados Unidos as companhias aéreas mais antigas, com estrutura elevada de custos, sofreram com a concorrência das empresas de baixo custo que entraram no mercado, como a JetBlue e a Southwest. O que também complicou essa situação foi a concorrência com empresas aéreas mais antigas mas que conseguiram se adaptar às mudanças do mercado, cortando custos e buscando maior eficiência.
Isso também ocorreu na Europa com empresas aéreas como Swiss, KLM e Alitalia.
A estimativa é que a Varig tenha um custo por assento cerca de 30% maior do que o da companhia "low cost, low fare" (baixo custo, baixa tarifa) Gol.
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