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02/05/2006 - 16h52

Premiê espanhol adverte Morales sobre nacionalização do setor de gás

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da Ansa, em Madri

O governo do premiê espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, advertiu nesta terça-feira o presidente boliviano, Evo Morales, sobre as "conseqüências de um diálogo bilateral" em relação à decisão de nacionalizar os hidrocarbonetos.

A nacionalização prejudicou a grande empresa energética Repsol YPF, de origem espanhola e argentina.

O Ministério do Exterior espanhol, que ontem expressou sua "mais profunda preocupação", convocou o responsável pelas relações com a Bolívia para dizer que teme o conteúdo e a forma da medida e as possíveis conseqüências nas relações bilaterais.

O governo espanhol, que em janeiro passado recebeu com festas o presidente boliviano em Madri, convidou-o agora para um "diálogo e a negociações" a fim de chegar a "uma solução satisfatória para ambas as partes" e evitar uma insegurança nos mercados financeiros internacionais, dos quais a Bolívia necessita muito.

Madri disse que procurará fazer com que sua voz seja escutada, mas tentará fazê-lo de forma a não abalar suas relações com o país.

A oposição de direita (PP) não perdeu tempo em criticar a estratégia espanhola na América Latina. O PP reitera que a situação boliviana poderia ser uma "lição" para Zapatero e o convidou a refletir sobre a "falência" de sua política externa e suas alianças.

A Repsol YPF, cujas ações caíram 0,63%, hoje, mesmo depois da queda de 2%, definiu o anúncio de Evo Morales como "uma desagradável surpresa", ainda que o presidente tivesse anunciado várias vezes sua intenção. Um porta-voz da empresa, que investiu bilhões de euros na Bolívia, disse esperar tomar conhecimento do decreto que dá 180 dias às companhias para renegociar seus próprios contratos, e assegurou que se isso for possível estará pronto a renegociar.

Segundo a imprensa espanhola, tanto de esquerda quanto de direita, a medida foi tomada pelo "amigo" Morales que acaba de retornar de Cuba, onde junto com Fidel Castro e Hugo Chávez festejou o ingresso de La Paz na Alternativa Bolivariana para a América, proposto pelo líder venezuelano contra a política regional hegemônica dos Estados Unidos.

O jornal conservador "La Razón" adverte que "a nacionalização não apenas prejudica uma empresa privada como também golpeia a estabilidade energética" espanhola. Já o ABC revela que Fidel Castro, Hugo Chávez e Evo Morales entraram num acordo não para melhorar a as condições dos seus respectivos países, mas para "expandir a revolução e contaminar o resto do continente com um movimento populista que está hipnotizando a esquerda ocidental". O veículo também convida Zapatero a "ratificar" e propor na Europa uma mensagem clara a La Paz.

Faz tempo que a linha espanhola de sintonia com líderes carismáticos, mas controversos como Chávez e depois Morales e o esforço em dirigir a política de sanções européias contra Cuba provocaram fortes reações nos Estados Unidos. Inclusive as relações entre o governo norte-americano e o espanhol continuam por causa da retirada das tropas espanholas do Iraque.

O ex-ministro do Exterior espanhol José Pique, presidente do PP catalão, acusou hoje Zapatero de estar tratando Washington com a mesma "má vontade" de Castro, Chávez e Morales, o que não seria compreensível já que a Espanha é um país da União Européia.

Segundo Pique "a deriva populista" latino-americana originada de Fidel Castro, pode ter graves conseqüências tanto para esses países como para a Espanha.

O jornal "El País", fiel ao governo, convida o líder boliviano a não se jogar de olhos fechados nas mãos de um "velho ditador que não tem mais nada a dizer ao mundo, e de um Chávez eleito democraticamente, mas escravo de uma linha autoritária. Isso, para não assustar os investidores estrangeiros sobre uma economia tão precária como a boliviana".

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