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02/05/2006
-
15h35
da Folha Online
O governo da Bolívia informou hoje que vai manter a exportação de gás natural para o Brasil e para a Argentina mesmo após o presidente Evo Morales ter decretado a nacionalização das reservas de petróleo e gás do país vizinho. Os preços praticados, entretanto, devem ser revistos.
'Este governo, com este decreto [de nacionalização], garante o cumprimento total, absoluto e inegociável de nossos compromissos sobre o gás natural', disse hoje o vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Linera, à radio boliviana Fides.
Em entrevista após reunião de ministros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o porta-voz da Presidência, André Singer, também tentou tranqüilizar empresários brasileiros e afirmou que não haverá desabastecimento porque o decreto de Morales não prevê interrupções no fornecimento.
A Bolívia fornece 26 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia para o Brasil --mais da metade do consumo local-- e cerca de 5 milhões de metros cúbicos diários para a Argentina, segundo a Câmara de Hidrocarbonetos da Bolívia. 'Isso está garantido, ninguém vai tocar', disse Linera.
O vice-presidente indicou, no entanto, que o país continuará a negociar os novos preços para o combustível que fornece para os vizinhos. O valor do gás deve subir com a conclusão dessas negociações.
'Queremos aumentar nosso preço para o Brasil. (...) No caso da Argentina, estamos negociando um aumento de preços', disse ele, segundo o 'El Deber'.
Quem irá negociar os aumentos de preços será a estatal YPFB (Yacimienos Petrolíferos Fiscales Bolivianos). A nacionalização prevê que a YPFB assuma as negociações, definindo as condições, volumes e preços para os mercados interno e externo.
Diálogo ou reação forte?
A medida boliviana afeta diretamente os interesses do Brasil, que explora petróleo e gás na Bolívia por meio da Petrobras e importa daquele país mais da metade do gás natural consumido internamente.
O Brasil vinha mantendo diplomacia diante das ameaças do novo governo boliviano, liderado pelo presidente Evo Morales, de nacionalizar as reservas de petróleo e gás, evitando um embate sobre a exploração de petróleo.
Ontem, entretanto, o presidente da Petrobras disse que a decisão do governo da Bolívia foi "unilateral" e "não amistosa" e que pode levar a "situações dramáticas". Além disso, ele prometeu uma "reação forte".
Já o ministro de Minas e Energia, que reagiu ontem à medida, classificada por ele como um "rompimento", reuniu-se rapidamente hoje com técnicos do ministério para traçar um cenário da situação e seguiu para o Planalto a fim de informar o presidente sobre os reflexos da medida adotada pela Bolívia.
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), por outro lado, defendeu em Genebra (Suíça) uma solução por meio do diálogo. "Respeitamos as decisões soberanas. Preferimos resolver por meio do diálogo", disse o chanceler brasileiro
20 empresas prejudicadas
A nacionalização das reservas de petróleo e gás natural na Bolívia, já adotada pelo país em duas ocasiões no passado, foi anunciada ontem pelo próprio presidente Morales.
O decreto determina que o Estado detenha o controle e a direção da produção, transporte, refino, distribuição, comercialização e industrialização dos hidrocarbonetos em todo o país, o que vai afetar cerca de 20 empresas multinacionais, entre elas a estatal brasileira Petrobras, a Repsol YPF (Espanha e Argentina), British Gas e British Petroleum (Reino Unido) e a Total (França).
Com a decisão de Morales, as companhias estrangeiras estariam obrigadas a repartirem os lucros com derivados de petróleo com o Estado boliviano.
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O governo da Bolívia informou hoje que vai manter a exportação de gás natural para o Brasil e para a Argentina mesmo após o presidente Evo Morales ter decretado a nacionalização das reservas de petróleo e gás do país vizinho. Os preços praticados, entretanto, devem ser revistos.
'Este governo, com este decreto [de nacionalização], garante o cumprimento total, absoluto e inegociável de nossos compromissos sobre o gás natural', disse hoje o vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Linera, à radio boliviana Fides.
Em entrevista após reunião de ministros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o porta-voz da Presidência, André Singer, também tentou tranqüilizar empresários brasileiros e afirmou que não haverá desabastecimento porque o decreto de Morales não prevê interrupções no fornecimento.
A Bolívia fornece 26 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia para o Brasil --mais da metade do consumo local-- e cerca de 5 milhões de metros cúbicos diários para a Argentina, segundo a Câmara de Hidrocarbonetos da Bolívia. 'Isso está garantido, ninguém vai tocar', disse Linera.
O vice-presidente indicou, no entanto, que o país continuará a negociar os novos preços para o combustível que fornece para os vizinhos. O valor do gás deve subir com a conclusão dessas negociações.
'Queremos aumentar nosso preço para o Brasil. (...) No caso da Argentina, estamos negociando um aumento de preços', disse ele, segundo o 'El Deber'.
Quem irá negociar os aumentos de preços será a estatal YPFB (Yacimienos Petrolíferos Fiscales Bolivianos). A nacionalização prevê que a YPFB assuma as negociações, definindo as condições, volumes e preços para os mercados interno e externo.
Diálogo ou reação forte?
A medida boliviana afeta diretamente os interesses do Brasil, que explora petróleo e gás na Bolívia por meio da Petrobras e importa daquele país mais da metade do gás natural consumido internamente.
O Brasil vinha mantendo diplomacia diante das ameaças do novo governo boliviano, liderado pelo presidente Evo Morales, de nacionalizar as reservas de petróleo e gás, evitando um embate sobre a exploração de petróleo.
Ontem, entretanto, o presidente da Petrobras disse que a decisão do governo da Bolívia foi "unilateral" e "não amistosa" e que pode levar a "situações dramáticas". Além disso, ele prometeu uma "reação forte".
Já o ministro de Minas e Energia, que reagiu ontem à medida, classificada por ele como um "rompimento", reuniu-se rapidamente hoje com técnicos do ministério para traçar um cenário da situação e seguiu para o Planalto a fim de informar o presidente sobre os reflexos da medida adotada pela Bolívia.
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), por outro lado, defendeu em Genebra (Suíça) uma solução por meio do diálogo. "Respeitamos as decisões soberanas. Preferimos resolver por meio do diálogo", disse o chanceler brasileiro
20 empresas prejudicadas
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O decreto determina que o Estado detenha o controle e a direção da produção, transporte, refino, distribuição, comercialização e industrialização dos hidrocarbonetos em todo o país, o que vai afetar cerca de 20 empresas multinacionais, entre elas a estatal brasileira Petrobras, a Repsol YPF (Espanha e Argentina), British Gas e British Petroleum (Reino Unido) e a Total (França).
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