Publicidade
Publicidade
03/05/2006
-
09h23
LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Nova York
O decreto de nacionalização do gás natural na Bolívia acendeu um sinal vermelho para investimentos estrangeiros no país e nos vizinhos com a mesma tendência nacional-populista: Peru, Equador e Venezuela, mas a estatal brasileira Petrobras, uma das principais afetadas, acabou recebendo recomendação positiva nos Estados Unidos, o que ajudou a impulsionar o preço das ações ontem.
Segundo relatório do banco de investimentos Merril Lynch, o mal-estar momentâneo e qualquer impacto negativo nas ações da Petrobras devem ser encarados como "uma oportunidade atraente de compra".
Para o banco, a situação na Bolívia, mesmo no pior dos casos, não terá impacto significativo na Petrobras, já que apenas uma fração de suas operações e reservas estão no país.
Segundo o analista Frank McGann, o decreto do presidente Evo Morales sinaliza uma renegociação de contratos, com redução de lucros privados. Mas mesmo com a ameaça de entrada de investidores chineses ou indianos, a Bolívia terá de oferecer lucros razoáveis para não reduzir a produção e, portanto, sua arrecadação.
"Provavelmente ninguém vai se provar mais importante que a Petrobras, já que é o principal vendedor no mercado final mais importante da Bolívia, o Brasil", avaliou McGann.
A Merril avalia que o preço das ações comuns da Petrobras pode alcançar a meta de R$ 63,25 por causa do forte perfil de crescimento e a boa governança da empresa.
Segundo a Bloomberg, o relatório influenciou no aumento de R$ 0,79 (1,7%) no preço das ações preferenciais registrado no início da tarde de ontem.
Clima desfavorável
Se havia otimismo com a situação de médio a longo prazo da Petrobras, analistas de crédito avaliaram ontem que Evo Morales deu uma sinalização negativa forte para o investimento estrangeiro no país, efeito que atingirá principalmente o Peru.
"Temos que acreditar no que os políticos estão falando. Não é apenas retórica eleitoral. Eu ficaria muito preocupado com o Peru", disse Roger Scher, da Fitch Ratings.
Ele se refere às declarações de Ollanta Humala, um dos principais candidatos a presidente do Peru, que já sinalizou nacionalizações também.
Para ele, essa nova tendência populista não afeta o Brasil porque o mercado avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou pela linha ortodoxa para o crescimento da economia, não à redistribuição de renda por meio de medidas autoritárias.
O analista Christian Stracke, da Credit Sights, afirmou que Lula terá de reagir duramente à afronta de um símbolo nacional como a Petrobras.
"Há uma uma ameaça do outro lado da fronteira. Ele não pode ficar sentado, mesmo que use os canais diplomáticos nos bastidores."
Já Lisa Schineller, da Standard & Poor's, avaliou que a medida na Bolívia reflete uma tendência real já conhecida na Venezuela e no Equador, que modificaram contratos de petróleo para extrair mais lucros de empresas estrangeiras.
Ela avaliou que a pressão populista é muito grande no Peru também. "O que vemos nesses países é fruto de instituições fracas e imprevisibilidade política."
Leia mais
Petrobras diz que recorrerá a tribunal internacional
Veja o que muda para o consumidor com a decisão da Bolívia
Crise do gás terá impacto sobre preço de energia no Brasil
Imigrantes bolivianos temem rompimento com Brasil
Especial
Confira a cobertura completa da nacionalização na Bolívia
Analistas vêem luz vermelha a investimentos
Publicidade
da Folha de S.Paulo, em Nova York
O decreto de nacionalização do gás natural na Bolívia acendeu um sinal vermelho para investimentos estrangeiros no país e nos vizinhos com a mesma tendência nacional-populista: Peru, Equador e Venezuela, mas a estatal brasileira Petrobras, uma das principais afetadas, acabou recebendo recomendação positiva nos Estados Unidos, o que ajudou a impulsionar o preço das ações ontem.
Segundo relatório do banco de investimentos Merril Lynch, o mal-estar momentâneo e qualquer impacto negativo nas ações da Petrobras devem ser encarados como "uma oportunidade atraente de compra".
Para o banco, a situação na Bolívia, mesmo no pior dos casos, não terá impacto significativo na Petrobras, já que apenas uma fração de suas operações e reservas estão no país.
Segundo o analista Frank McGann, o decreto do presidente Evo Morales sinaliza uma renegociação de contratos, com redução de lucros privados. Mas mesmo com a ameaça de entrada de investidores chineses ou indianos, a Bolívia terá de oferecer lucros razoáveis para não reduzir a produção e, portanto, sua arrecadação.
"Provavelmente ninguém vai se provar mais importante que a Petrobras, já que é o principal vendedor no mercado final mais importante da Bolívia, o Brasil", avaliou McGann.
A Merril avalia que o preço das ações comuns da Petrobras pode alcançar a meta de R$ 63,25 por causa do forte perfil de crescimento e a boa governança da empresa.
Segundo a Bloomberg, o relatório influenciou no aumento de R$ 0,79 (1,7%) no preço das ações preferenciais registrado no início da tarde de ontem.
Clima desfavorável
Se havia otimismo com a situação de médio a longo prazo da Petrobras, analistas de crédito avaliaram ontem que Evo Morales deu uma sinalização negativa forte para o investimento estrangeiro no país, efeito que atingirá principalmente o Peru.
"Temos que acreditar no que os políticos estão falando. Não é apenas retórica eleitoral. Eu ficaria muito preocupado com o Peru", disse Roger Scher, da Fitch Ratings.
Ele se refere às declarações de Ollanta Humala, um dos principais candidatos a presidente do Peru, que já sinalizou nacionalizações também.
Para ele, essa nova tendência populista não afeta o Brasil porque o mercado avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou pela linha ortodoxa para o crescimento da economia, não à redistribuição de renda por meio de medidas autoritárias.
O analista Christian Stracke, da Credit Sights, afirmou que Lula terá de reagir duramente à afronta de um símbolo nacional como a Petrobras.
"Há uma uma ameaça do outro lado da fronteira. Ele não pode ficar sentado, mesmo que use os canais diplomáticos nos bastidores."
Já Lisa Schineller, da Standard & Poor's, avaliou que a medida na Bolívia reflete uma tendência real já conhecida na Venezuela e no Equador, que modificaram contratos de petróleo para extrair mais lucros de empresas estrangeiras.
Ela avaliou que a pressão populista é muito grande no Peru também. "O que vemos nesses países é fruto de instituições fracas e imprevisibilidade política."
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice