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03/05/2006 - 09h14

16 cidades bolivianas mantêm greve contra expulsão de siderúrgica

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha em Arroyo Concepción e Corumbá

Dezesseis cidades da região de fronteira com o Brasil estão em greve parcial ou total contra a expulsão da siderúrgica brasileira EBX de Puerto Quijarro, a 15 km de Corumbá (MS), afirmou ontem o presidente do Comitê Cívico da província de German Busch, Edil Gericke, 41.

A fronteira com o Brasil permanece bloqueada em Arroyo Concepción desde a semana passada. Carros não passam.

Líderes do movimento aumentaram as críticas ao governo de Evo Morales após nacionalização dos hidrocarbonetos.

Principal líder, Gericke formalizou ontem à tarde na PF (Polícia Federal) de Corumbá pedido de asilo político no Brasil e disse prever desordem em seu país.

Ele teme ser preso na Bolívia por liderar o movimento a favor da EBX. Por isso pediu asilo.

"Daqui para a frente, a Bolívia vai entrar numa etapa de convulsão social. O país então vai cair naquela coisa que se chama anarquia", afirmou Gericke, que classificou a nacionalização de "medida populista", mas afirma que o protesto na fronteira se limita ao caso da EBX. A greve consiste no fechamento do comércio, ferrovias, estradas, aeroportos e paralisação dos serviços públicos.

"Nós fazemos uma manifestação em razão das 940 pessoas que estão fora da empresa EBX, que perderam o emprego", afirmou Esperanza Padilha, presidente do Comitê Cívico de Arroyo Concepción, primeira cidade boliviana, onde ocorre o fechamento da fronteira, após Corumbá.

"Nenhuma empresa vai querer investir [na Bolívia] porque não tem garantia do governo que expulsou uma empresa que deu trabalho a tanta gente", acrescentou.

A EBX construía uma siderúrgica com investimento de US$ 150 milhões em Puerto Quijarro. Um forno já estava pronto para operar em março, mas a Bolívia proibiu o funcionamento da usina.

O presidente Evo Morales alegou que a empresa não tinha licença ambiental e ainda estava na faixa de 50 km da fronteira, onde é proibido pela Constituição investimento estrangeiro.

A obra foi embargada e houve demissão de funcionários, gerando os protestos. "Está tudo fechado. Comércio, instituições, transportes. É uma paralisação total por tempo indeterminado, até que a empresa continue para que haja trabalho para a região", disse José Barberi, do comitê de greve.

Barberi também criticou ontem a nacionalização dos hidrocarbonetos. "Para mim, é um abuso do governo boliviano. Não se pode fazer uma coisa de um dia para o outro. Teria que haver uma conversa com as empresas petroleiras e chegar a um acordo. Não estamos em governo de ditadores."

A Folha apurou que a ferrovia, o aeroporto e estradas estão fechadas nas cidades de Puerto Quijarro, Arroyo Concepción e Puerto Suarez. Dos bloqueios participam ao menos 200 pessoas.

"O governo não está cumprindo sua obrigação. Então as medidas de bloqueio estão radicalizando cada dia mais", disse Gericke. Os líderes do movimento anunciaram que hoje não será permitida a saída de pessoas da Bolívia mesmo que a pé.

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