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03/05/2006
-
10h07
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Washington
O Departamento de Estado dos EUA está "preocupado" com a nacionalização do gás na Bolívia, mas esperará o desenrolar dos acontecimentos para definir se toma ou não uma atitude mais firme em relação à decisão do presidente Evo Morales. Foi o que disse à Folha o porta-voz do setor do órgão que responde pela América Latina, Eric Watnik.
"Nossa preocupação é principalmente com o impacto que a ação do presidente [Evo Morales] possa ter na economia boliviana, nos investimentos privados e nos contratos já existentes", disse Watnik, que afirma que sua equipe estuda, no momento, o decreto boliviano e seus desdobramentos.
"Evo Morales é um homem simples, talvez ainda não tenha entendido a conseqüência de seu ato", disse à Folha Riordan Roett, especialista em América Latina da Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins, em Washington.
"A curto prazo, ele pode até ter o apoio da população indígena com essas medidas, mas logo elas vão prejudicá-lo, pois o capital estrangeiro, brasileiro principalmente, se afastará, e a Bolívia não domina a tecnologia para a extração eficiente de gás."
Para o professor norte-americano, autor de "The Andes in Crisis - Security, Democracy and Economic Stabilization" (2004), nem o Departamento de Estado norte-americano nem a Casa Branca devem fazer grandes anúncios em relação à mudança na Bolívia, por razões puramente econômicas.
Os EUA importam gás natural principalmente do Canadá e do México, e as empresas norte-americanas têm presença quase desprezível na economia boliviana.
"Agenda positiva"
Na segunda-feira, em encontro fechado com editorialistas norte-americanos cuja íntegra foi revelada apenas ontem, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse que os Estados Unidos "saíram de seu caminho", no sentido de que fizeram um esforço extraordinário para dar "uma chance" ao governo esquerdista de Evo Morales.
"Nossa agenda para a América Latina é positiva", afirmou a secretária de Estado --em outra ocasião, Rice havia dito que o tom das relações entre Bolívia e Estados Unidos seria dado pelo presidente boliviano.
Antes da nacionalização de segunda-feira, Morales vinha de um encontro em Havana da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) com o cubano Fidel Castro e o venezuelano Hugo Chávez, críticos constantes do governo George W. Bush.
Morales "tem de mostrar governabilidade para dispor de todos os benefícios dos mercados livres e abertos", afirmou ontem o porta-voz da secretária, Sean McCormack. Sobre o fato de o presidente enviar tropas para vigiar as empresas nacionalizadas, McCormack não entendeu o objetivo da ação. "Não vejo o efeito que terá nas operações."
Menos assertivo foi o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. "Ainda estamos analisando, não somos capazes de determinar se houve mesmo uma mudança oficial e que impacto essa mudança pode ter", disse McClellan, pela manhã. Numa gafe, o funcionário de Bush --de saída de seu cargo nos próximos dias-- chegou a questionar se houve mesmo a nacionalização do gás, conforme lhe diziam os jornalistas.
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EUA se "preocupam" com respeito a contratos
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da Folha de S.Paulo, em Washington
O Departamento de Estado dos EUA está "preocupado" com a nacionalização do gás na Bolívia, mas esperará o desenrolar dos acontecimentos para definir se toma ou não uma atitude mais firme em relação à decisão do presidente Evo Morales. Foi o que disse à Folha o porta-voz do setor do órgão que responde pela América Latina, Eric Watnik.
"Nossa preocupação é principalmente com o impacto que a ação do presidente [Evo Morales] possa ter na economia boliviana, nos investimentos privados e nos contratos já existentes", disse Watnik, que afirma que sua equipe estuda, no momento, o decreto boliviano e seus desdobramentos.
"Evo Morales é um homem simples, talvez ainda não tenha entendido a conseqüência de seu ato", disse à Folha Riordan Roett, especialista em América Latina da Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins, em Washington.
"A curto prazo, ele pode até ter o apoio da população indígena com essas medidas, mas logo elas vão prejudicá-lo, pois o capital estrangeiro, brasileiro principalmente, se afastará, e a Bolívia não domina a tecnologia para a extração eficiente de gás."
Para o professor norte-americano, autor de "The Andes in Crisis - Security, Democracy and Economic Stabilization" (2004), nem o Departamento de Estado norte-americano nem a Casa Branca devem fazer grandes anúncios em relação à mudança na Bolívia, por razões puramente econômicas.
Os EUA importam gás natural principalmente do Canadá e do México, e as empresas norte-americanas têm presença quase desprezível na economia boliviana.
"Agenda positiva"
Na segunda-feira, em encontro fechado com editorialistas norte-americanos cuja íntegra foi revelada apenas ontem, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse que os Estados Unidos "saíram de seu caminho", no sentido de que fizeram um esforço extraordinário para dar "uma chance" ao governo esquerdista de Evo Morales.
"Nossa agenda para a América Latina é positiva", afirmou a secretária de Estado --em outra ocasião, Rice havia dito que o tom das relações entre Bolívia e Estados Unidos seria dado pelo presidente boliviano.
Antes da nacionalização de segunda-feira, Morales vinha de um encontro em Havana da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) com o cubano Fidel Castro e o venezuelano Hugo Chávez, críticos constantes do governo George W. Bush.
Morales "tem de mostrar governabilidade para dispor de todos os benefícios dos mercados livres e abertos", afirmou ontem o porta-voz da secretária, Sean McCormack. Sobre o fato de o presidente enviar tropas para vigiar as empresas nacionalizadas, McCormack não entendeu o objetivo da ação. "Não vejo o efeito que terá nas operações."
Menos assertivo foi o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. "Ainda estamos analisando, não somos capazes de determinar se houve mesmo uma mudança oficial e que impacto essa mudança pode ter", disse McClellan, pela manhã. Numa gafe, o funcionário de Bush --de saída de seu cargo nos próximos dias-- chegou a questionar se houve mesmo a nacionalização do gás, conforme lhe diziam os jornalistas.
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