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03/05/2006 - 14h07

Lula diz que Bolívia "não pode impor sua soberania" ao Brasil

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PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou hoje radicalizar a posição do Brasil em relação à Bolívia, mas afirmou que o país vizinho não pode "impor a sua soberania" sobre o Brasil.

"O fato de os bolivianos terem direitos não significa negar o direito do Brasil", afirmou ele em discurso durante conferência da OIT (Organização Internacional do Trabalho) em Brasília. "O que não pode é uma nação tentar impor a sua soberania sobre as outras sem levar em conta que o resultado final da democracia é o equilíbrio entre as partes."

Tentando manter o tom diplomático adotado desde ontem pelo governo federal, sem uma reação imediata contra a decisão da Bolívia de decretar a nacionalização do petróleo e gás, Lula admitiu que o "povo sofrido" da Bolívia tem o direito de reivindicar mais poder sobre sua "maior riqueza".

Ele disse, entretanto, que vai resolver as divergências com a Bolívia "numa mesa de negociação".

"Não vamos descobrir uma arma qualquer na Bolívia para justificar uma briga com o país", disse Lula, referindo-se aos argumentos utilizados pelos Estados Unidos para invadir o Iraque. "Aprendi a negociar muito antes de ser político. As divergências serão tiradas em torno de uma mesa, conversando", disse.

Os presidentes do Brasil e da Bolívia vão se reunir amanhã com os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez, para discutir as conseqüências da decisão boliviana no projeto de integração energética da região.

Sem crise

O presidente fez questão de negar as notícias publicadas desde a decisão de Morales de que haveria uma crise envolvendo os dois países. "Não tem crise entre o Brasil e a Bolívia. Não existirá crise, existirá um ajuste necessário."

Segundo Lula, as divergências entre os países são próprias da democracia. "O que a gente não pode é maximizar isso e dar uma dimensão que não tem", afirmou Lula, ao comentar que o Brasil tem interesses na Bolívia e esta também tem interesses no Brasil

Segundo o presidente Lula, as disputas políticas na América Latina são características de um "continente em formação" do ponto de vista político e democrático. Lula disse que "as divergências que aparecem não são para assustar ninguém. São próprias das nações, do estágio de sua relação política externa e de sua relação política interna".

O presidente lembrou que as relações entre o Brasil e a Argentina, por exemplo, não eram boas no inicio de seu governo. "Era uma luta preconceituosa de brasileiros com argentinos".

Segundo Lula, essa relação mudou ao longo dos últimos anos justamente porque não prevaleceu o interesse de um empresário ou de um diplomata sobre o outro, mas porque a relação dos dois países foi tratada como uma política de Estado. "Na política de Estado, precisamos estar bem com todos os países do nosso continente, e vamos estar", afirmou Lula.

Segundo ele, o mérito de seu governo teria sido buscar boas relações com os países do continente e também com Europa, China, Índia e EUA "sem ter que romper com a amizade velha para fazer uma nova".

"É com esse jogo de cintura que iremos consolidar o processo democrático na América do Sul: sem mentiras, sem mágicas, mas enfrentando os problemas como se fôssemos companheiros", disse.

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