Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/05/2006 - 16h23

Oposição considera atuação do Brasil "frouxa" com a Bolívia

Publicidade

PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, no Rio

A oposição considerou "frouxa" a postura do governo brasileiro diante da decisão do presidente Evo Morales de nacionalizar as reservas de gás e petróleo no país.

Segundo o senador Jefferson Péres (PDT-AM), o Brasil "não respondeu à altura" diante do que considerou um decreto hostil. Ele informou, durante audiência pública da comissão de Relações Exteriores do Senado, que irá propor ao Senado um "voto de censura" ao governo em relação ao caso.

"O Brasil foi maltratado e não disse que não gostou, não foi enérgico", disse Péres hoje ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na audiência.

Em tom irônico, o senador disse temer até mesmo que Morales queira ter de volta o Acre e que a Petrobras seja prejudicada em outros países diante da postura do governo brasileiro no episódio com a Bolívia.

"Agimos com firmeza, mas a questão da dosagem é subjetiva, prevenimos ações irracionais", respondeu Amorim, ao comentar que o governo brasileiro avalia os cenários no longo prazo, e que a política internacional do presidente Lula não é a "de ameaça e de intimidação".

Segundo ele, uma atitude estridente do governo brasileiro poderia provocar a radicalização na Bolívia.

O senador José Agripino (PFL-RN) também partiu para o ataque e disse que o Brasil deveria "ter mostrado suas armas diplomáticas competentes", e que pela proximidade que o governo brasileiro tem com a Bolívia deveria ter alertado Morales de que uma ação como a anunciada no dia 1º de maio "seria uma bobagem" pois teria como reflexo a paralisação de investimentos para usar o gás natural da Bolívia.

Na avaliação de Agripino, o episódio contribui para a "diminuição do Brasil no contexto latino-americano, na condição de líder". E foi mais longe, ao comentar que a postura brasileira poderia abrir um precedente para que o Paraguai reivindicasse um aumento das tarifas da energia de Itaipu não utilizada no país, que é comprada pelo Brasil. "Quem sabe o Paraguai não vai, diante da atitude frouxa do Brasil, pedir alguns dólares a mais pela energia", provocou.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) também cobrou "mais dureza" do governo, já que há dependência do Brasil do gás boliviano, mas eles também dependem do nosso mercado para escoar sua produção.

Virgílio também provocou o ministro ao afirmar que o presidente venezuelano, Hugo Chávez "conspira para tirar a liderança brasileira" na região.

Amorim destacou que o contrato de fornecimento de gás com a Petrobras prevê a solução de controvérsias pela Sociedade de Arbitragem Comercial de Nova Iorque, fórum que será acionado se não houver acordo. "Se não encontrarmos uma solução negociada, há previsão nos contratos de como agir", disse Amorim.

Defesa

A defesa da postura do governo foi feita principalmente pelos senadores Roberto Saturnino (PT-RJ), Ideli Salvati (PT-SC) e Cristovam Buarque (PDT-DF).

Saturnino destacou que ao invés de entrar na discussão emocional, o governo pensa no longo prazo, no projeto de integração da América Latina.
Ideli Salvati lembrou que a busca da integração regional é uma determinação da Constituição Federal, e se outros presidentes não deram essa importância ao assunto, não cumpriram a Constituição.

Já o senador Cristovam Buarque se disse satisfeito com o fato de que o Itamaraty "não entrou em pânico" diante da situação, e "não confundiu empresa [no caso os interesses da Petrobras] com nação [os interesses do Estado brasileiro]".

Segundo ele, por mais que a gente se incomode com a sensação de que levou um pontapé, como o assunto chegou a ser tratado na imprensa, e por mais que toque no nosso de nacionalidade, é melhor não transformar o episódio em "um campeonato de futebol".

Leia mais
  • "Política do Brasil nunca será a do porrete", diz Amorim sobre Bolívia
  • Bolívia nomeia diretores para a Petrobras
  • Lula pede que Amorim integre grupo negociador

    Especial
  • Confira a cobertura completa da nacionalização na Bolívia
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página