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15/02/2007 - 13h14

Petrobras pagará mais à Bolívia por componente do gás que não tem utilidade

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ANA PAULA RIBEIRO
PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília

No acordo fechado hoje com a Bolívia, a Petrobras se comprometeu a pagar mais por componentes do gás natural que não terão utilidade para a empresa, ao menos por enquanto.

"É um valor adicional para um gás mais rico, e é importante que isso seja reconhecido", disse Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, ao justificar o acordo.

O gás fornecido pela Bolívia hoje já tem uma concentração de componentes mais nobres, como o etano, utilizado na indústria petroquímica para a fabricação de plástico, o GLP (gás de cozinha) e a chamada gasolina natural.

A estatal brasileira recebe esses combustíveis e o comercializam como gás natural sem fazer qualquer tipo de desagregação. Mas a partir de agora, como pagará mais por essa parte mais nobre do produto fornecido pela Bolívia, a Petrobras deverá antecipar investimentos para separar os componentes e recuperar o investimento.

"A Petrobras vai fazer um esforço para empatar", disse o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. Ele explicou que tradicionalmente, nos países ricos, esses componentes são separados do metano (queimado para gerar energia) para serem vendidos isoladamente. Entretanto, a Bolívia não possui planta industrial para fazer essa operação. "Aí [a saída para justificar o gasto extra] é acelerar investimentos. A vida empresarial é isso", disse Gabrielli.

O acordo fechado hoje que prevê um preço diferenciado para componentes acima de 8.900 quilocalorias por metro cúbico foi proposto pelos bolivianos, que apresentaram como referência o contrato que eles fizeram recentemente com a Argentina.

Com a desagregação por enquanto teórica dos componentes, a Petrobras passará a pagar pela cotação internacional de cada produto (etano, GLP e gasolina natural) que excederem os 8.900 kcal/metro cúbico previstos em um aditivo contratual que deverá ser assinado na segunda quinzena de março.

A estimativa do ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, é que essa fórmula garanta um aumento de US$ 100 milhões nos valores pagos pela Petrobras ao país vizinho neste ano. No ano passado, a conta do gás boliviano para o Brasil foi de US$ 1,260 bilhão.

Já o ministro Silas Rondeau disse que haverá um aumento de 3%, 4% ou 6% nos preços finais. Segundo ele, o valor dependerá da quantidade de componentes considerados nobres excedentes.

Investimentos

A estatal brasileira irá fazer uma avaliação econômica para definir como esse gás nobre será utilizado. Uma das saídas seria destiná-lo ao pólo gás-químico que a Petrobras tem a intenção de construir na fronteira com a Bolívia.

Esse pólo era o maior projeto da Braskem (Petrobras com a Norberto Odebrecht), que foi suspenso após a decisão da Bolívia de nacionalizar os hidrocarbonetos, tomada em 1º de maio do ano passado.

"Ontem o presidente [Evo] Morales e eu assistimos sobre uma apresentação de um polo gás químico na fronteira. (...) Temos as condições para ir muito além do gás. Seremos parceiros na revolução da energia renovável, na petroquímica e na geração de hidroeletricidade", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cerimônia hoje no Palácio do Planalto.

Ele afirmou que os dois países vão estudar a possibilidade de construir uma usina hidrelétrica binacional na fronteira com a Bolívia. Segundo a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), essa usina ficaria no rio Mamoré, e teria cerca de 3.000 MW de potência.

Um outro investimento que será analisado é a construção de uma usina de biodiesel no país vizinho pela Petrobras, com investimentos estimados em até US$ 50 milhões, para a produção de 50 milhões de litros do combustível por ano a partir de soja. O modelo de negócios para a usina ainda não está definido.

Rondeau explicou que há interesse boliviano no projeto, porque o país é importador de óleo diesel e o projeto poderá gerar empregos no país, inclusive no campo.

Para Lula, o investimento em biodiesel fará com que os dois países tenham possibilidade de gerar trabalho e renda para a população que vive nas áreas rurais dos dois países. 'O biodiesel é a possibilidade dos países mais pobre conquistarem a sua soberania econômica', afirmou.

A expectativa do ministro boliviano é a de que os investimentos totais do Brasil na Bolívia cheguem a US$ 3 bilhões entre 2007 e 2010.

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