Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/01/2004 - 19h33

Copom surpreende e mantém juro em 16,5%

Publicidade

JOÃO SANDRINI
da Folha Online, em Brasília

O Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) decepcionou empresários, sindicalistas e até membros do próprio mercado financeiro ao decidir nesta quarta-feira manter a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 16,5% ao ano.

A imensa maioria dos analistas de mercado esperava, segundo pesquisa divulgada pelo próprio BC na última segunda-feira, que os juros sofressem um corte de 0,5 ponto percentual, para 16%.



No entanto, o BC decidiu, após reduzir os juros em 10 pontos percentuais entre junho e dezembro do ano passado, esperar mais tempo para verificar melhor o impacto desses cortes na economia.

"Diante das incertezas associadas ao mecanismo de transmissão da política monetária e considerando que os efeitos do corte de 10 pontos percentuais na taxa Selic nos últimos meses ainda não se refletiram integralmente na economia, o Copom resolveu interromper temporariamente o processo de flexibilização da política monetária com o intuito de preservar as conquistas recentes no combate à inflação e no processo de retomada da atividade econômica. Assim, o Copom decidiu, por oito votos a um, manter a taxa Selic em 16,5% ao ano, sem viés", disse o comitê na nota divulgada no início da noite.

O BC já havia avisado, na ata da última reunião do Copom, que vinha percebendo sinais de crescimento em diversos setores da indústria e também do consumo e dos investimentos. Também falou na época que a queda dos juros seria conduzida de forma "parcimoniosa" (modesta, não-abundante).

Essa prudência era necessária para dar tempo para o BC avaliar o tamanho da recuperação da economia brasileira e se o aquecimento da demanda já estaria começando a gerar pressões sobre os preços, principalmente nos setores que lideram essa reativação.

O IPCA (principal índice de inflação do país) subiu de 0,34% em novembro para 0,52% em dezembro. A expectativa é de que em janeiro ocorra nova alta, para 0,65%. Como ainda não há consenso se esse avanço da inflação seria apenas um soluço, o BC decidiu esperar para baixar mais os juros.

A decisão, no entanto, deve ser bastante criticada por empresários, sindicalistas e até mesmo por investidores. O principal argumento é de que o emprego e a renda tiveram forte queda no ano passado, o que ainda mantém a demanda baixa e reduz a possibilidade de retorno da inflação.

Além disso, a queda dos juros seria importante para desestimular aplicações no mercado financeiro e incentivar investimentos no setor produtivo. Como taxas menores reduzem a atratividade dos títulos públicos, o BC estaria favorecendo um aumento dos investimentos na indústria capaz de garantir uma oferta maior no futuro em um ambiente de crescimento econômico.

Uma última crítica constantemente apresentada pela indústria se baseia
no fato de que os juros pagos pelo Brasil em empréstimos tomados no exterior são os menores desde 1994 --no último dia 12, o Brasil captou US$ 1,5 bilhão com bônus de 30 pagando aos investidores só 8,75% ao ano.

Logo, essa opção de captar recursos no exterior a um custo razoável daria maior poder de fogo ao BC para forçar também a queda de juros no mercado interno.

No entanto, no BC prevaleceu mesmo a teoria de que é necessário ser conservador para não permitir o retorno de inflação.

Leia mais
  • Para sindicalistas, decisão foi contra o emprego
  • Conservadorismo pode derrubar mercado no "day-after"
  • Juro inalterado é "prato cheio" para oposição "bater" no governo, diz corretora
  • BC sinaliza que inflação é mais preocupante do que parece, diz Global Station
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página