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27/01/2005 - 12h56

Bovespa cai quase 2% após ameaça de "minichoque" nos juros

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

A Bovespa interrompeu o movimento de recuperação, iniciado na sexta-feira passada, e cai quase 2%. O estopim para as vendas de ações foi a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) que justificou o quinto aumento do juro anunciado na semana passada.

O documento revelou que os membros do Copom cogitaram aplicar um minichoque nos juros para inibir a atividade econômica e conter a inflação. Mas eles decidiram por mais uma alta de 0,50 ponto percentual, que elevou a taxa para 18,25% ao ano.

"No curtíssimo prazo, a ata terá o efeito de reforçar as apostas mais pessimistas em relação ao comportamento da taxa de juros", afirma o economista Vladimir Caramaschi, da corretora Fator.

Na ata, o BC admitiu que "examinou a conveniência de acelerar o ritmo de ajuste da taxa de juros", ou seja, elevá-la acima de 0,50 ponto percentual, mas isso foi descartado --por enquanto-- devido ao "consenso entre os membros do Comitê de que os dados disponíveis neste momento não justificariam tal aceleração".

Espetáculo de remarcações?

No entanto, a ata relacionou uma série de preocupações do BC com os focos de pressão inflacionária. Para o Copom, a melhora da economia (retomada do emprego, consumo e crédito) pode abrir espaço para remarcações de preços.

"A ata do Copom revela diversas incertezas e deixa transparecer as preocupações da autoridade monetária com relação aos modestos resultados que vêm sendo obtidos com a atual política de alta de juros", afirma a economista Maristella Ansanelli, do Banco Fibra.

Nos últimos dias, alguns índices de inflação (IGP-M e IPCA-15) divulgados apontaram, porém, um recuo dos preços, o que serviu para motivar um movimento de recuperação da Bolsa. Mas hoje o Ibovespa cai 1,91%, aos 24.060 pontos.

Juro vai cair em 2005?

Nas próximas semanas, a divulgação de novos indicadores de preços e de atividade econômica deve receber bastante atenção pelos economistas.

"Os passos posteriores da política monetária deverão continuar guiados pela divulgação de estatísticas", avalia relatório da consultoria LCA.

Para essa instituição, caso ocorra uma desaceleração mais consistente da inflação ao consumidor e de seus núcleos até o final do primeiro trimestre, em março o Banco Central deverá moderar ou mesmo interromper a elevação do juro.

Diante dessas incertezas sobre a eficácia da política monetária do governo no controle da inflação, alguns analistas evitam prever quando os juros vão voltar a cair.

"Nossa expectativa, revisitada, é de nova elevação das taxas em mais 0,50 ponto percentual na reunião de fevereiro (dias 15 e 16). Em adição, a tônica do documento publicado hoje elimina, a nosso ver, qualquer possibilidade de redução das taxas de juros no curto e médio prazos", diz relatório da consultoria GRC Visão.

"Conservador, ambíguo e ruim"

Para o diretor da corretora Ágora, Álvaro Bandeira, uma leitura do texto do Copom mostra uma técnica do tipo "bate e assopra", dando margem a leituras "ambíguas", mas ainda assim "ruim".

"Na essência o Copom mantém o conservadorismo típico de bancos centrais, reafirmando a convicção sobre novas altas."

Mas a ata também recebeu elogios. O economista Alexandre Póvoa, da gestora de recursos Modal Asset Management, disse que as ações do BC estão mais previsíveis, e que a comunicação com o mercado "melhorou bastante nos últimos tempos" por meio das atas do Copom. O economista prevê novo aumento dos juros.

"Além da transparência em relação às discussões travadas durante a reunião, fica evidente que a transcrição do debate na ata é um aviso claro de que esta possibilidade [alta maior do juro, de 0,75 ponto] é perfeitamente viável, já a partir da reunião de fevereiro. Porém, ainda é muito cedo para apostar nesta hipótese ou em qualquer outra", diz Póvoa.

Juro alto é veneno para Bolsa

Um aumento acima do previsto dos juros pode ter um efeito negativo para o mercado de ações, já que o crédito mais caro inibe o consumo, a produção e a geração de empregos, criando um ambiente desfavorável aos lucros das companhias e ao pagamento de dividendos aos seus acionistas.

Além disso, o investidor tende a preferir colocar seu dinheiro em aplicações de renda fixa, atreladas aos juros, em vez de assumir risco com papéis cuja valorização depende do nível de aquecimento da economia.

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