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04/03/2006
-
16h30
da Folha de S.Paulo
Naquela que foi a maior greve da história da categoria, professores das universidades federais cruzaram os braços por mais de cem dias, até dezembro de 2005, por melhores salários.
A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, uma das ilhas de excelência do ensino superior privado, foi obrigada a adotar no fim do ano passado um duro plano de ajuste para tentar reduzir um déficit mensal de R$ 4 milhões e uma dívida que chega a R$ 82 milhões. Entre as medidas adotadas pela instituição, que desde 2003 paga os salários em atraso, estão o corte nos vencimentos e a demissão de professores.
Já a Fundação Getúlio Vargas de SP, outro expoente do ensino superior pago, demitiu um reconhecido professor de direito que pretendia se licenciar para realizar atividades ligadas à pesquisa. Na decisão da FGV --que provocou um abaixo-assinado internacional com nomes como o do prestigiado filósofo alemão Jürgen Habermas-- não é tanto o dinheiro que incomoda --afinal, ela paga, em média, 100% a mais que a USP para professores doutores--, mas uma opção pelo ensino em detrimento da pesquisa, uma das marcas das universidades de primeira linha em qualquer parte do mundo.
E, como pano de fundo desses três casos envolvendo instituições top, toma vulto cada vez mais a criação e expansão de instituições particulares pouco preocupadas com a qualidade. Apenas entre 1999 e 2002, o número dessas instituições mais que dobrou, chegando a 1.125.
A Folha convidou três importantes intelectuais para discutir esse cenário complexo, percorrido pelas tensões entre massificação ou elitismo, ensino ou pesquisa e financiamento público ou privado.
Para Gabriel Cohn, professor de ciência política da USP, o que está em jogo hoje é "o modo de inserção da universidade na sociedade". Já Para Luiz Felipe de Alencastro, que leciona história na Universidade de Paris, discute o confronto entre elitização e massificação nas universidades francesas.
Por fim, Gláucio Soares, professor aposentado da Universidade da Flórida, critica a opção pelo financiamento público do ensino superior no Brasil e ataca o etos "burocrático-sindical" das universidades, algo que seria impensável nos EUA, diz.
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Já a Fundação Getúlio Vargas de SP, outro expoente do ensino superior pago, demitiu um reconhecido professor de direito que pretendia se licenciar para realizar atividades ligadas à pesquisa. Na decisão da FGV --que provocou um abaixo-assinado internacional com nomes como o do prestigiado filósofo alemão Jürgen Habermas-- não é tanto o dinheiro que incomoda --afinal, ela paga, em média, 100% a mais que a USP para professores doutores--, mas uma opção pelo ensino em detrimento da pesquisa, uma das marcas das universidades de primeira linha em qualquer parte do mundo.
E, como pano de fundo desses três casos envolvendo instituições top, toma vulto cada vez mais a criação e expansão de instituições particulares pouco preocupadas com a qualidade. Apenas entre 1999 e 2002, o número dessas instituições mais que dobrou, chegando a 1.125.
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Para Gabriel Cohn, professor de ciência política da USP, o que está em jogo hoje é "o modo de inserção da universidade na sociedade". Já Para Luiz Felipe de Alencastro, que leciona história na Universidade de Paris, discute o confronto entre elitização e massificação nas universidades francesas.
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