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22/08/2001 - 12h17

Dinheiro do Bolsa-Escola é forma de mãe dizer sim ao filho

ROGÉRIO PAGNAN
da Folha Ribeirão

Poder dizer sim aos pedidos dos filhos que vão à escola. Esse é o sonho que leva as mães da periferia de Ribeirão Preto a se inscrever no programa Bolsa-Escola.

Uma simples mochila com rodinhas para carregar o material escolar é sonho, por exemplo, que a estudante Daiele Regina Silvia Reis, 8, tem há dois anos, quando entrou na escola.

"Todo mundo tem uma dessas lá na escola", afirmou ela.

Hoje, a garota carrega os objetos em uma pasta verde, exigida pela professora quando ingressou na escola no ano passado.

A mãe, Maria de Fátima David da Silva, 42, afirma não ter recursos para satisfazer a vontade da criança, já que os R$ 180 mensais recebidos pelo marido -a única fonte de renda da casa- são todos destinados ao sustento da família. Além de Daiele, Maria tem mais duas filhas, uma com 12 anos e outra com 13.

Ainda segundo Maria, ela passa por dificuldades até para comprar objetos solicitados pelos professores, como cartolinas, borrachas e cadernos. "Quando eu tenho [dinheiro], eu colaboro, mas quando não tenho nada, as amigas dela [Daiele] fazem uma "vaquinha". Uma dá R$ 0,10, outra mais R$ 0,10 e ela compra."

Maria é uma das pessoas que se inscreveram no programa e que não receberam o auxílio. Ela afirma que nem sabe se vai recebê-lo. "Ninguém fala nada."

Rosa Maria de Freitas Zanperlini, 42, vizinha de Maria no Ipiranga, disse que um dos momentos mais difíceis é quando tem de dizer não à filha. "Quando eu digo que não tenho dinheiro, ela me põe doidinha. Fala que vai sair da escola. Fico com uma tristeza que só Deus conhece."

Rosa sustenta a casa com R$ 250 mensais que ganha como empregada doméstica. O marido, desempregado, tem problemas com a bebida. "Ele está procurando qualquer coisa para fazer, mas é difícil na idade dele [47] e ainda toma uns goles."

De acordo com Rosa, ela vem tentando se inscrever no programa Bolsa-Escola, mas não consegue. "Cheguei a ligar para um vereador, mas ele disse que não poderia me atender porque estava muito ocupado."

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