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02/10/2001 - 10h35

Remuneração de docente das universidades federias está defasada

ALESSANDRA KORMANN
da Agência Folha

Os salários dos professores das universidades federais, em greve desde 22 de agosto na maioria das instituições, estão defasados em relação aos das universidades estaduais e privadas em São Paulo. A questão salarial é a principal reivindicação dos grevistas, que pedem 75,48% de aumento.

Um professor titular de uma universidade federal recebe R$ 3.169,53, já com a GAE (uma gratificação uniforme para todos). Em uma das três estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp), ele receberia R$ 5.554,46. Em todos os casos, há regime de dedicação integral à docência e à pesquisa.

O salário de um professor federal com doutorado, mesmo com a GED (Gratificação de Estímulo à Docência), que depende de produtividade, vai até R$ 4.860,31.

Em 39 universidades privadas em São Paulo, onde o professor recebe por hora/aula, o salário médio é de R$ 6.505,40 por 40 horas semanais. Na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), o maior salário de um professor titular é de R$ 8.865,21 por 40 horas semanais -quase o dobro do de um professor federal.

"Já perdemos muitos professores para as universidades particulares, que pagam o dobro. Os que ficam na federal, acabam fazendo "bicos", em vez de investir em pesquisa", diz Emerson Pires Leal, presidente da Adufscar (Associação dos Docentes da UFSCar).

As vagas de alunos nas instituições públicas eram 75% do total no final dos anos 70, segundo dados da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior). Hoje, 75% das vagas no ensino superior estão nas universidades particulares.

"Essa explosão das escolas privadas, sem nenhum critério, obedece à política de desmonte da universidade pública e da privatização do ensino superior no país", diz Soraya Smaili, presidente da Adunifesp (Associação dos Docentes da Unifesp).

Segundo ela, outro motivo levou muitos professores das federais a se aposentar precocemente, agravando o déficit no quadro docente: o temor, desde o início do governo FHC, de perder direitos adquiridos com a reforma da Previdência, aprovada no final de 98.

Outro problema: do total de 41.511 professores federais no país, 7.357 (17,7%) são substitutos. Eles têm contrato prorrogável por no máximo dois anos e recebem salários ainda mais baixos: R$ 1.476,08 para um professor com título de doutorado, R$ 988,84 (título de mestrado) e 636,02 (nível de graduação).

De 1994 a 1998, as universidades federais perderam 8.000 professores e 20 mil servidores. Nesse período, segundo o MEC (Ministério da Educação), foi autorizada a abertura de concurso para 8.972 vagas. "A política é a de priorizar o ensino elementar em detrimento do ensino superior", diz Roberto Leher, presidente da Andes.

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