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11/10/2009 - 09h41

Avaliação externa da USP divide os candidatos à reitoria

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RICARDO WESTIN
da Folha de S.Paulo

Os oito candidatos à reitoria da USP (Universidade de São Paulo) se dividem sobre a não participação da USP (Universidade de São Paulo) no Enade (substituto do Provão), um dos temas mais polêmicos e recorrentes nos debates eleitorais.

Há quem elogie o sistema de avaliação do governo federal e quem o critique. Há quem diga que a USP deve participar do Enade e quem defenda a ausência da universidade.

Em todo o Brasil, apenas os alunos da USP e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) não participam do exame. As duas universidades estaduais dizem que não concordam com a metodologia.

O Ministério da Educação usa as notas do Enade para avaliar a qualidade do ensino superior brasileiro.

Vestibular

Ao contrário da questão do Enade, os candidatos têm pensamentos semelhantes em relação ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Eles não acreditam que a USP deva fazer como boa parte das universidades federais, que decidiu substituir seus vestibulares pelo Enem.

Atualmente, a nota do Enem tem, sendo esse o desejo do candidato, peso de até 20% na primeira fase do vestibular. Além disso, esse exame garante um bônus na nota dos estudantes vindos de escolas públicas.

O Enem também é realizado pelo Ministério da Educação. Na semana retrasada, descobriu-se que a prova que seria aplicada no fim de semana passado havia sido furtada de uma gráfica, e o MEC teve de adiá-la para dezembro.

Eleição

A eleição para a reitoria da universidade mais conceituada do Brasil é realizada em dois turnos. O primeiro será no próximo dia 20. O segundo, no dia 10 de novembro.

A decisão final, no entanto, caberá ao governador José Serra (PSDB), que escolherá o novo reitor a partir da lista de três nomes que sairá do segundo turno da eleição.

Podem votar nas eleições da USP somente os membros do Conselho Universitário, dos conselhos centrais e das congregações das unidades.

Teoricamente, todos os professores titulares da Universidade de São Paulo podem ser candidatos nas eleições para a reitoria. Até o momento, oito professores se declararam candidatos publicamente. O professor que vencer a eleição deste ano substituirá a reitora Suely Vilela.

Leia, a seguir, o que disseram à Folha a respeito do Enem e do Enade os professores candidatos Armando Corbani (pró-reitor de pós-graduação), Francisco Miraglia (professor do Instituto de Matemática e Estatística), Glaucius Oliva (diretor do Instituto de Física de São Carlos), João Grandino Rodas (diretor da Faculdade de Direito), Ruy Altafim (pró-reitor de cultura e extensão), Sonia Penin (diretora da Faculdade de Educação), Sylvio Sawaya (diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) e Wanderley Messias da Costa (coordenador de comunicação social da USP).

ARMANDO CORBANI
"O Conselho de Graduação enviou uma série de correspondências ao sistema federal dizendo que, para entrar tranquilamente no Enade, gostaria que fossem atendidos determinados itens. E parece que não foram atendidos, mas é uma questão de tempo. Está sendo discutido um aprimoramento do sistema. O Enade deve funcionar como um centro de diagnósticos, não um sistema punitivo. Em relação ao Enem, a USP já tem tradição em seu vestibular. A medida atual [um pequeno peso do Enem no vestibular] está adequado para as nossas necessidades."

FRANCISCO MIRAGLIA
"A posição que a USP tomou sobre o Enade, de não participar, me parece adequada. Eu não imagino que um exame desses, num país com a diversidade do Brasil, possa medir a boa formação dos profissionais egressos da universidade. As características de um bom profissional aqui não são as mesmas características de um bom profissional em outros lugares do país. Eu não sou favorável que a Universidade de São Paulo use o Enem como vestibular a esta altura do campeonato. É claro que o Enem tem méritos, mas isso [a fraude] nunca aconteceu com a Fuvest."

GLAUCIUS OLIVA
"É muito bom existir um exame nacional. O Enem, porém, não deve substituir o vestibular nas carreiras mais disputadas [da USP]. Pode ser a primeira fase. Nas carreiras de baixa procura, o Enem é suficientemente seletivo para substituir o vestibular. Em relação ao Enade, se a USP é um paradigma na educação e exerce liderança, é fundamental que participe dos exames nacionais. Quando participa do Enade, a USP não só se avalia, mas ajuda o resto do país dando um exemplo de qualidade e estimulando o sistema [de ensino superior] como um todo a progredir."

JOÃO GRANDINO
"É imprescindível que a USP não se furte a ser avaliada pelos métodos nacionais [Enade]. Isso não significa que sejamos avaliados simplesmente por esses meios. A universidade tem um pessoal tão grande e um campo tão grande que precisa formular regras próprias de verificação. Quanto ao Enem, nem sempre podemos fazer com que a USP utilize as medidas que hoje são feitas nacionalmente pelo governo federal [muitas universidades federais usam o Enem como substituto do vestibular]. De qualquer forma, a USP deve sugerir métodos de aperfeiçoamento."

RUY ALTAFIM
"Os fóruns internos da USP decidiram pela não participação no Enade por inúmeras razões, como a possibilidade de os boicotes [de alunos] prejudicarem a instituição. Estou de acordo com o Conselho de Graduação, que é um órgão respeitado e teve todo o cuidado ao tomar essa decisão. De qualquer forma, a USP não foge das avaliações. A lei determina que as instituições estaduais devem ser avaliadas pelo Conselho Estadual de Educação [e não pelo MEC], e isso é feito. Sobre o Enem, creio que fatos dessa natureza [o vazamento da prova] não comprometem a credibilidade do exame."

SONIA PENIN
"Na USP, grande parte dos cursos tem uma relação candidato/vaga grande. Por isso, o Enem não pode substituir o vestibular. A universidade tem o direito de escolher o tipo de aluno que quer, e faz isso por meio de seu vestibular. Em relação ao Enade, eu tenho sido voto vencido na USP [que decidiu pela não participação na prova]. É claro que a avaliação perfeita não existe, mas deveríamos fazer uma colaboração com o sistema nacional [de avaliação do ensino]. Dessa forma, nós poderíamos comparar [a universidade] no âmbito nacional e, assim, ajudar na melhoria da instituição."

SYLVIO SAWAYA
"Foi uma bobagem a universidade não ter participado do Enade. Todo mundo sabe que a relação da USP com o governo federal é difícil. Mas, se você não mantém a relação e não batalha, fica ainda pior. A USP tem que se relacionar afirmativamente com o governo federal, em todos os sentidos, no pré-sal, na atendimento da saúde etc. Acredito que o Enem não deve ser substituto do vestibular. O atual uso do Enem [com um pequeno peso na primeira fase do vestibular] deve ser mantido. A Fuvest [que realiza o vestibular da USP] é uma instituição de enorme credibilidade."

WANDERLEY MESSIAS
"Não sou favorável a usar o Enem como substituto do vestibular. Está bem do jeito que está hoje. Não me parece correto aplicar a mesma prova em todo o Brasil, que é um país muito diversificado e os sistemas curriculares variam de Estado para Estado. Eu particularmente não acho que a USP deva participar do Enade neste momento porque antes disso nós mesmos [a USP] temos que avaliar as condições de nossos cursos de graduação, incluindo instalações, equipamentos, metodologia, proporção entre alunos e professores... A USP tem que discutir esse caminho primeiro."

 

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