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25/04/2002
-
11h01
da Folha de S.Paulo
Um dos problemas observados na maioria dos textos enviados é a abordagem do tema. Fora proposto aos candidatos que analisassem a geração anterior à deles e os valores que transmitiram aos jovens de hoje.
Muitos se ativeram à constatação de que a família é o grande responsável pela formação dos jovens (e quase todos elogiaram os seus próprios pais, que lhes ensinaram a "distinguir o certo do errado" -os conceitos de certo e errado, entretanto, não foram discutidos).
Aos professores parece estar reservado um papel importantíssimo nesse processo. As condições em que atuam, todavia, fazem que muitos deles tenham pouco a oferecer. São vistos como vítimas de uma sociedade que os desvaloriza.
Os políticos são os eternos maus exemplos e pouco contribuem para a educação. Já os religiosos escaparam das críticas.
O que falta na maioria dos textos é a capacidade de abstrair as próprias vivências. O culto ao consumo e ao indivíduo, enfim, a aceitação do modelo de felicidade proposto pelo sistema capitalista -consumir, escolher a carreira segundo as exigências do mercado independentemente da realização pessoal- alia-se a uma religiosidade conservadora e desvinculada da realidade (ligada apenas à idéia da conquista de "paz de espírito" e, quando muito, à prática da caridade).
Não se vê nenhum convite à mobilização coletiva. A descrença na alternativa ao modelo vigente de sociedade perpassa os textos, que, em sua maioria, revelam uma geração que trocou o sonho coletivo pelo individual.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha. Foi responsável pelas aulas de gramática do programa "Vestibulando", da TV Cultura
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Redação: Abordagem do tema é principal problema dos textos
THAÍS NICOLETI DE CAMARGOda Folha de S.Paulo
Um dos problemas observados na maioria dos textos enviados é a abordagem do tema. Fora proposto aos candidatos que analisassem a geração anterior à deles e os valores que transmitiram aos jovens de hoje.
Muitos se ativeram à constatação de que a família é o grande responsável pela formação dos jovens (e quase todos elogiaram os seus próprios pais, que lhes ensinaram a "distinguir o certo do errado" -os conceitos de certo e errado, entretanto, não foram discutidos).
Aos professores parece estar reservado um papel importantíssimo nesse processo. As condições em que atuam, todavia, fazem que muitos deles tenham pouco a oferecer. São vistos como vítimas de uma sociedade que os desvaloriza.
Os políticos são os eternos maus exemplos e pouco contribuem para a educação. Já os religiosos escaparam das críticas.
O que falta na maioria dos textos é a capacidade de abstrair as próprias vivências. O culto ao consumo e ao indivíduo, enfim, a aceitação do modelo de felicidade proposto pelo sistema capitalista -consumir, escolher a carreira segundo as exigências do mercado independentemente da realização pessoal- alia-se a uma religiosidade conservadora e desvinculada da realidade (ligada apenas à idéia da conquista de "paz de espírito" e, quando muito, à prática da caridade).
Não se vê nenhum convite à mobilização coletiva. A descrença na alternativa ao modelo vigente de sociedade perpassa os textos, que, em sua maioria, revelam uma geração que trocou o sonho coletivo pelo individual.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha. Foi responsável pelas aulas de gramática do programa "Vestibulando", da TV Cultura
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