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25/04/2002 - 11h03

Química: Nome das substâncias dá dicas sobre a estrutura

LUÍS FERNANDO PEREIRA
da Folha de S.Paulo

Foi publicado na Folha no dia 6 deste mês. Foi registrado no Brasil o primeiro caso de intoxicação por 1,4-butanodiol. É uma substância vendida como estimulante, ou emagrecedora, que causa sérios danos à saúde -pode levar ao coma e até à morte.

1,4-butanodiol, 3-metil-1-butanotiol, trimetil-amina, etanoato de isobutila... São nomes que fazem parte da vida do vestibulando. Mas o que significam? O início do nome é muito importante. Ele nos diz quantos átomos de carbono há na cadeia principal da molécula. O prefixo met se refere a moléculas (ou partes de moléculas) com um carbono. Et para dois, prop para três e but para quatro. Daí em diante é mais fácil: pent (5), hex (6), hept (7) etc. A origem desses prefixos é grega ou latina. Et, por exemplo, vem de éter (do grego aither, "queimar"), uma substância muito inflamável. De éter, originou-se o nome etanol, o álcool das bebidas, a partir do qual se produz o éter. Como há dois átomos de carbono no etanol, passou-se a utilizar et para todas as moléculas com essa quantidade de carbonos. Já o prefixo but -que aparece no 1,4-butanodiol- vem de ácido butírico, uma das substâncias causadoras do "delicioso" cheiro de manteiga rançosa. "Butyrum", em latim, é manteiga. Como o ácido butírico (ou butanóico) tem quatro carbonos na molécula, but passou a ser usado para todas as moléculas orgânicas com quatro carbonos na cadeia principal.

Só de olhar o nome, concluímos que o 1,4-butanodiol tem quatro átomos de carbono. E mais: pelo an, de butanodiol, ficamos sabendo que as ligações entre esses carbonos são covalentes simples (se houvesse ligação dupla, seria usado en; em caso de tripla, seria in). A terminação ol avisa que é um álcool. Então, não é surpresa o que disse o médico que atendeu o rapaz intoxicado: "Ele tinha todos os sintomas aparentes de um coma alcoólico, mas não apresentava o odor característico".

Finalmente, os números 1 e 4 mostram as posições dos dois (por isso diol) grupos alcoólicos (-OH). Um ligado ao primeiro carbono, outro ao quarto.

Mas não se esqueça: nem tudo na química é ruim como os efeitos do 1,4-butanodiol, como o cheiro de gambá do 3-metil-1-butanotiol, ou do de peixe da trimetil-amina, substâncias que citamos lá no segundo parágrafo. Há também muitas coisas agradáveis, como o delicioso aroma de morango do etanoato de isobutila.

A química está em todas!

Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna

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