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25/04/2002
-
11h10
da Folha de S.Paulo
As alianças políticas são fundamentais para a sustentação de qualquer governo. Recentemente, o rompimento da aliança entre o PFL e o PSDB criou uma série de dificuldades para o governo FHC. Futuramente poderemos avaliar as implicações do fim dessa aliança, se é que de fato ela acabou.
Em outros tempos, o fim de alianças políticas importantes anunciou o encerramento de toda uma fase da história política do país. É o caso da República Velha (1889/1930).
A República no Brasil nasceu como resultado da ação de alguns grupos e classes entre os quais se destacava um com interesses muito precisos: a oligarquia cafeeira. Para viabilizar a sua supremacia e garantir o controle do poder republicano, ela não hesitou em realizar alianças com as elites dos outros Estados. Daí os termos que ficaram ligados à República Velha, tais como "Política do Café-com-Leite" e "Política dos Governadores". A "Política do Café-com-Leite" consistia numa aliança entre os dois Estados mais poderosos da federação: São Paulo (centro da economia cafeeira) e Minas Gerais (detinha o maior contingente eleitoral do país). Essa aliança previa um rodízio na indicação do candidato a ser apoiado pelos dois Estados nas eleições periódicas para a Presidência da República.
A "Política dos Governadores" estabelecia uma aliança entre o Poder Executivo e as oligarquias regionais mais poderosas de cada Estado. O presidente da República concedia ao presidente do Estado (era assim que os governadores eram chamados) ampla liberdade de ação. Em troca, ele deveria mobilizar a bancada de deputados estaduais para aprovar os projetos de interesse do Executivo no Congresso. Assim, o poder ficava dividido da seguinte forma: a Presidência da República era tutelada pelos dois Estados mais poderosos da federação, e os demais ficavam à mercê das oligarquias locais mais influentes, articuladas com São Paulo e Minas Gerais.
Em 1930, o presidente da República, Washington Luís, quebrou o acordo com Minas Gerais e acabou indicando um outro paulista para sucedê-lo. O presidente do Estado de Minas Gerais, Antonio Carlos (qualquer semelhança é mera coincidência), sentindo-se traído, aliou-se ao Rio Grande do Sul e à Paraíba e, juntos, criaram a Aliança Liberal para concorrer com o candidato paulista nas eleições de 1930. As conseqüências e os motivos da quebra da aliança serão nossos próximos assuntos.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC
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História: Aliança entre MG e SP previa apoio nas eleições
ROBERSON DE OLIVEIRAda Folha de S.Paulo
As alianças políticas são fundamentais para a sustentação de qualquer governo. Recentemente, o rompimento da aliança entre o PFL e o PSDB criou uma série de dificuldades para o governo FHC. Futuramente poderemos avaliar as implicações do fim dessa aliança, se é que de fato ela acabou.
Em outros tempos, o fim de alianças políticas importantes anunciou o encerramento de toda uma fase da história política do país. É o caso da República Velha (1889/1930).
A República no Brasil nasceu como resultado da ação de alguns grupos e classes entre os quais se destacava um com interesses muito precisos: a oligarquia cafeeira. Para viabilizar a sua supremacia e garantir o controle do poder republicano, ela não hesitou em realizar alianças com as elites dos outros Estados. Daí os termos que ficaram ligados à República Velha, tais como "Política do Café-com-Leite" e "Política dos Governadores". A "Política do Café-com-Leite" consistia numa aliança entre os dois Estados mais poderosos da federação: São Paulo (centro da economia cafeeira) e Minas Gerais (detinha o maior contingente eleitoral do país). Essa aliança previa um rodízio na indicação do candidato a ser apoiado pelos dois Estados nas eleições periódicas para a Presidência da República.
A "Política dos Governadores" estabelecia uma aliança entre o Poder Executivo e as oligarquias regionais mais poderosas de cada Estado. O presidente da República concedia ao presidente do Estado (era assim que os governadores eram chamados) ampla liberdade de ação. Em troca, ele deveria mobilizar a bancada de deputados estaduais para aprovar os projetos de interesse do Executivo no Congresso. Assim, o poder ficava dividido da seguinte forma: a Presidência da República era tutelada pelos dois Estados mais poderosos da federação, e os demais ficavam à mercê das oligarquias locais mais influentes, articuladas com São Paulo e Minas Gerais.
Em 1930, o presidente da República, Washington Luís, quebrou o acordo com Minas Gerais e acabou indicando um outro paulista para sucedê-lo. O presidente do Estado de Minas Gerais, Antonio Carlos (qualquer semelhança é mera coincidência), sentindo-se traído, aliou-se ao Rio Grande do Sul e à Paraíba e, juntos, criaram a Aliança Liberal para concorrer com o candidato paulista nas eleições de 1930. As conseqüências e os motivos da quebra da aliança serão nossos próximos assuntos.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC
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