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18/07/2002 - 11h59

História: Economia colonial e ação predatória

ROBERSON DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo

A conquista dos territórios do Novo Mundo pelas metrópoles européias deu origem a formas específicas de colonização. Os tipos principais foram as colônias de povoamento e as de exploração. As de povoamento surgiram, basicamente, por causa das perseguições religiosas ocorridas na Inglaterra durante o reinado de Carlos 1º (1625-1649).

Grupos puritanos (calvinistas) fugiram em direção ao norte da América para construir um lar e viver em paz. Organizaram pequenas propriedades e trabalharam em grupos familiares. Sua produção era voltada para suas necessidades e, por isso, era diversificada. Já as colônias de exploração tinham de satisfazer as necessidades de acumulação de capitais de suas respectivas metrópoles, o que as tornava alvo de uma ação essencialmente predatória.

No caso do Brasil, essa característica se manifestou desde os momentos iniciais da colonização. O litoral foi devastado pela extração das árvores das quais se obtinha uma tinta vermelha usada na Europa para tingir tecidos.

Ainda no século 16, as características do solo, a experiência portuguesa na atividade, o interesse de comerciantes e banqueiros flamengos e o grande mercado europeu levaram à implantação da cultura da cana-de-açúcar no Brasil. A produção de açúcar, voltada para o exterior, organizou-se em imensos latifúndios, em Pernambuco e na Bahia, apoiada no trabalho de escravos africanos e com ênfase numa só cultura.

Com a crise da cultura açucareira, na segunda metade do século 17, intensificou-se a procura por ouro e pedras preciosas, encontrados no início do século 18 na região de Ouro Preto. Ao longo de quase um século, toneladas desses minérios foram extraídas das minas brasileiras _graças ao trabalho escravo_ e enviadas à Europa. Outras atividades, como a agricultura de subsistência e a pecuária, foram desenvolvidas para abastecer a população local. A pecuária, em especial, teve papel decisivo na ampliação das fronteiras, principalmente durante o período da Unidade Ibérica.

Entretanto, ao fim de três séculos de colonização, restavam florestas do litoral devastadas, terras exauridas, milhões de vidas consumidas como carvão e cidades como que varridas por uma tempestade. A ação predatória do conquistador deitou fundas raízes na nossa formação. Hoje, como nação independente, até que ponto podemos afirmar que estamos livres dessa prática e da mentalidade que lhe corresponde?

Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na Universidade Grande ABC. Email: roberson.co@uol.com.br

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