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05/05/2005 - 11h05

Novidades ajudam a tratar doenças alérgicas

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FLÁVIA MANTOVANI
MARCOS DÁVILA

da Folha de S. Paulo

Apesar de as doenças alérgicas existirem há muito tempo, ainda não há cura para elas. "Infelizmente, não há tratamento específico para essas doenças. Nem sei se a gente vai conseguir algum dia. O que fazemos é administrá-las e melhorar a qualidade de vida do paciente", diz Aldo Edem Cassol Stamm, otorrinolaringologista do Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos e presidente da Isian (Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas e Alérgicas do Nariz e Seios Paranasais).

Um fator que contribui para isso são os anti-histamínicos de última geração, que causam menos efeitos colaterais, como sonolência.

Segundo o alergista Wilson Aun, o tratamento para quadros alérgicos baseia-se em três tópicos: evitar os agentes causadores (como mofo, poeira ou pólen); usar medicamentos de administração oral ou em forma de sprays; e realizar um tratamento com imunoterapia, injeção semanal para diminuir a sensibilidade a alguns alérgenos.

No caso da asma, o novo medicamento omalizumabe foi registrado no Brasil em outubro de 2004 e, de acordo com a Novartis, laboratório que comercializará o remédio, deverá ser lançado no país ainda neste ano. Aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration) em junho de 2003, o remédio é vendido nos EUA desde julho daquele ano.

A indicação do medicamento é para pacientes com asma alérgica grave. A substância age contra a imunoglobulina E (IgE), que se une aos mastócitos (células de defesa presentes na circulação) e provoca a liberação de substâncias inflamatórias. A aplicação do omalizumabe deve ser feita com injeções mensais ou quinzenais.

Segundo o pneumologista Marco Aurélio Scarpinella Bueno, do hospital Albert Einstein, o tratamento com omalizumabe é indicado apenas para um tipo bem específico de asmático. "No tratamento da asma, a educação anda de mãos dadas com o os fármacos", afirma o pneumologista. Para Scarpinella, é fundamental que o asmático conheça sua doença e os fatores que desencadeiam a crise, como ar seco, cheiro forte, cigarro e poluição ambiental. "Não adianta tomar o medicamento de manutenção na hora da crise, por exemplo", afirma o médico.

A pediatra Neusa Falbo Wandalsen, da Faculdade de Medicina do ABC, está coordenando um estudo com um novo esteróide para utilização em crianças de 6 a 11 anos. Patrocinado por um laboratório farmacêutico com sede na Alemanha, ele é realizado simultaneamente em diversos países.

Trata-se de um antiinflamatório em spray para a prevenção da crise de asma persistente leve ou moderada em crianças. Segundo a médica, os resultados da pesquisa, feita com 750 crianças, devem sair em setembro deste ano. "É uma droga mais potente, que pode ser usada uma vez só ao dia, além de não precisar de espaçadores [dispositivos que se coloca entre a boca e o aerossol]", diz. Rouquidão e irritação da orofaringe (uma das divisões da faringe) são alguns dos efeitos colaterais apontados por ela nesse tipo de medicamento. "Durante um certo período, acreditou-se que o uso de antiinflamatórios corticosteróides levaria a uma diminuição da velocidade do crescimento da criança. Muitos médicos ainda pensam assim, mas esse é um tabu que precisa ser quebrado. A asma não tratada é que leva a esse tipo de problema", diz.

Diego Sena da Silva, 8, que tem asma desde os quatro meses, é um dos pacientes que vão tentar participar da pesquisa da Faculdade do ABC. Sua mãe, Marivânia Rosa, 27, diz que o problema piora muito com o frio. "Nestes dias estou tendo que acordá-lo três vezes por noite para fazer inalação", conta. Segundo ela, nem os remédios receitados pelos médicos nem os chás e receitas naturais que ela tentou fazer ajudaram a aliviar a doença de Diego. Agora, ele passará por uma triagem para ver se seu caso se encaixa no que é requisitado.

A eficácia do uso de esteróides, no entanto, é questionada por pesquisadores da Universidade da Califórnia em estudo recente.

Durante um ano, eles avaliaram 225 adultos com asma moderada persistente. Dois terços dos pesquisados tomaram o esteróide diariamente e ao terço restante foi dado placebo. Ao fim de um ano, os dois grupos não apresentaram diferenças significativas na evolução da doença.

De acordo com o alergista Wilson Aun, é comum que pacientes com alergia não procurem ajuda médica. "Muitas vezes, há um surto discreto. A pessoa toma um golpe de ar frio, espirra, coça o nariz e depois não tem mais nada. Mas há pacientes que têm esse surto repetido várias vezes ao dia. Aí, sim, precisa procurar tratamento", recomenda.

É o que acontecia com o comissário Frederico Felippe de Andrade, 36. Apesar de ter rinite alérgica desde criança, ele nunca havia se tratado. "Acho que me acostumei. Tenho rinite todos os dias. Às vezes, começo a espirrar e não paro mais. Mas me acomodei", diz.

De acordo com Andrade, sua alergia piora no tempo frio. Com a mudança de temperatura que houve em São Paulo na semana passada, o comissário começou a ter também outros sintomas, como dor de ouvido. Foi ao otorrinolaringologista, tomou uma injeção e agora vai começar a usar medicamentos de administração oral.

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