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04/08/2005 - 10h20

Ócio também tem seu lugar, diz pesquisadora

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ANA TEREZA CLEMENTE
LAVÍNIA FÁVERO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Autora de cinco livros sobre lazer, a professora Christianne Luce Gomes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diz, nesta entrevista, que o ócio é considerado um perigo para a sociedade.

Folha - Por que se tornou tão reprovável admitir que os momentos em que se fica "de pernas para o ar" podem ser muito agradáveis?

Christianne Luce Gomes - Pouco nos restou da herança grega que valorizava o ócio considerado um exercício elevado, reservado aos filósofos e dedicado à reflexão, à contemplação, à sabedoria. Desde a Modernidade, o ócio passou a ser muito malvisto. Em vez de ser reconhecido como manifestação cultural importante para o ser humano, o ócio vem sendo associado à inutilidade, improdutividade, indolência, vadiagem e preguiça. Valores estes que se contrapõem à lógica da produtividade tão preconizada no nosso meio.

Folha - E quando ele perdeu sua importância para o bem-estar?

Gomes - Nas primeiras décadas do século 20, quando ocorreu, em diversos países, uma progressiva jornada de trabalho dos assalariados. Documentos da época registraram uma preocupação das elites: "Essas horas vagas adicionais serão utilizadas para a degradação, ou para o florescimento da sociedade?" Por degradação entenda-se o ócio e outros "desvios morais", como os chamados divertimentos ilícitos: jogos de azar, alcoolismo, prostituição. Com o intuito de combatê-los no Brasil, o poder público desenvolveu serviços de recreação para pessoas dos segmentos populares iniciativa que acabava com as horas vagas do ócio e as preenchia com atividades consideradas saudáveis do ponto de vista moral e social, especialmente ginástica e esportes.

Folha - Qual é o valor do ócio na vida das pessoas?

Gomes - Ele integra o lazer e nos permite saborear o momento de forma menos fugaz, via recolhimento, devaneio, suavidade, quietude. Elementos impossíveis de ser adquiridos diante de uma vitrine de shopping ou na maioria das diversões frenéticas que a mídia explora.

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