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15/09/2005 - 11h18

Médicos estudam potencial antitabagista da internet

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DENISE MOTA
Colaboração para a Folha

Serra e "Yekini" não estão sós em sua "missão" virtual. Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, médicos e pesquisadores estão de olho no potencial antitabagista da rede. A Universidade da Califórnia acaba de concluir um estudo realizado nos últimos cinco anos sobre o grau de auxílio proporcionado pela internet para quem deseja trocar baforadas por ar puro.

Desenvolvida por quatro médicos, a pesquisa teve uma base de quase 12 mil fumantes adultos de 74 países. Os participantes se cadastraram no site da instituição (www.stopsmoking.ucsf.edu) e se dispuseram a fornecer informações sobre seus perfis, hábitos e modos de vida, ao mesmo tempo em que ganhavam acesso a uma série de dados sobre como poderiam tornar sua tentativa de abandonar o cigarro mais eficaz e segura, com a assessoria de uma equipe médica.

O endereço na internet também está disponível em espanhol, (www.dejardefumar.ucsf.edu). A maior parte dos participantes (9.160 deles) acessou a página nesse idioma. Da Espanha veio a maioria dos usuários (4.600 pessoas), seguidos de 1.200 argentinos, 755 mexicanos e 721 chilenos. O Brasil contou com somente oito fumantes registrados.

Em inglês, o site foi consultado por 2.354 internautas, a maioria dos quais (1.137) dos Estados Unidos, seguidos de 277 indianos e 144 ingleses. Da China, constavam 15 pessoas em busca do abandono do cigarro.

O acompanhamento oferecido pelo site para ajudar quem quer parar de fumar é ministrado sob a forma de um curso de oito semanas. No decorrer do curso, vários procedimentos são indicados. Ao mesmo tempo, os participantes recebem questionários depois de um, três, seis e 12 meses de adesão ao estudo, para que relatem aos médicos o andamento da redução do fumo, os diversos estados de ânimo pelos quais estão passando e de que forma estão utilizando o site.

"Apenas 5% das pessoas deixam de fumar sozinhas. Estudos indicam que, num prazo de seis meses, dos fumantes que usam adesivos, 22% abandonam o cigarro; se utilizado um trabalho em grupo, essa porcentagem fica entre 24% e 27%; no nosso estudo, dentro da parcela de participantes com o melhor índice, 26% deles pararam, ou seja, 1/4 das pessoas conseguiu fazê-lo sem gastos, sem sair de casa. É um resultado muito bom", afirma Ricardo Muñoz, 55, um dos coordenadores da pesquisa, médico há 28 anos, professor de psicologia da Universidade da Califórnia e chefe do departamento de psicologia do Hospital Geral de San Francisco.

O estudo também levantou dados importantes sobre o perfil dos fumantes. Essas informações podem ajudar nas campanhas de prevenção. Por exemplo, observou-se que os hábitos de quem fuma e a idade com que se inicia o vício são bastante semelhantes, não importa a região do planeta em que um cigarro é aceso. A maioria dos cerca de 12 mil participantes da pesquisa começaram a fumar na faixa dos 15 anos, estimulados por seu grupo social, e tornaram-se fumantes regulares em torno dos 18 anos. Diariamente, consomem uma média de 23 cigarros.

Depressão

Outro dado relevante do estudo realizado pela universidade foi descobrir que, em todo o grupo pesquisado, 40% dos fumantes apresentavam em seu histórico períodos de depressão. Foram contabilizados tanto os episódios passados quanto os atuais. "É importante atentar para isso, uma vez que a média geral é de 17% de deprimidos para toda a população mundial. Aqui temos 40%. A depressão tem um efeito enorme sobre a tentativa de largar o cigarro", afirma o médico, também diretor do departamento de pesquisas da universidade destinadas à prevenção da depressão.

Conclusões como essas estarão detalhadas, no final do ano, na publicação especializada "Nicotine and Tobacco Research" ("Pesquisa sobre Nicotina e Tabaco"). "Morrem todo ano 5 milhões de pessoas em decorrência de problemas de saúde relacionados ao fumo. Só na China, há 350 milhões de fumantes", aponta Muñoz. "Esperamos compartilhar o conhecimento com o maior número de pessoas possível. Por isso começamos a colocar nossos manuais na internet e a desenvolver estudos em inglês e também em espanhol."

Nova pesquisa

Em outubro, a Universidade da Califórnia dará início a um segundo estudo sobre o tema. Nesse, será comparada, durante um ano, a eficácia de quatro métodos para parar de fumar. O primeiro é o mesmo que já foi utilizado na pesquisa anterior: o usuário preencherá um formulário e receberá um guia com explicações sobre o efeito de medicamentos e produtos, além de uma série de orientações para diminuir a presença do cigarro no dia-a-dia. O segundo método agregará, aos itens do primeiro, um maior número de e-mails enviados pela universidade para que o participante volte com mais freqüência ao site. A terceira opção adicionará aos procedimentos do primeiro e do segundo métodos um curso sobre como administrar o estado de ânimo. O quarto e último método oferecerá, além de todos os elementos dos anteriores, um grupo de discussão virtual, para o qual o internauta pode enviar mensagens. A pesquisa está aberta à participação de fumantes de todo o mundo, nas versões da página em inglês e espanhol. "É uma ferramenta que está à disposição 24 horas por dia, que funciona como lugar em que experiências semelhantes se encontram, mas que pode, ao mesmo tempo, ser individualizada."

Leia mais
  • Blogs e sites ajudam internautas que querem largar o cigarro
  • Internet protege e encoraja quem está na mesma situação
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