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Requisto básico: sobrevivência MÁRCIA NARLOCH especial para a Folha Online Uma prova longa como a São Silvestre ou uma maratona exige um esforço totalmente diferente de qualquer outra prova do atletismo. Os requisitos para atingir uma boa performance nos 15.000 km da prova paulistana podem ser traduzidos em um só: sobrevivência. O treinamento para a corrida deve ser programado com dois ou três meses de antecedência, para que a carga física, técnica e tática seja distribuída, e o corpo se acostume ao esforço a que será submetido. Provas muito longas podem ser divididas em três corridas diferentes. Na primeira parte, o corredor deve correr tranquilo, controlando seu ritmo e dosando suas forças, para que possa ter o controle sobre seu corpo nas etapas seguintes. Depois, o corpo começa a pesar. A cabeça não pode deixar a concentração de lado, pois surgem as primeiras fadigas e dores. Resistir aos primeiros indícios de cansaço é fundamental para a sequência do rendimento. Por fim, nos quilômetros finais, onde tudo muda e passa a imperar a "lei da sobrevivência". É como se a prova começasse aí _o corpo diz quais serão suas pretensões na competição. É muito comum ver atletas desistindo de maratonas na marca dos 30 ou 35 km. Isso se deve a uma má divisão das forças nas três etapas. Se na primeira fase ele conseguir dosar as energias e se mantiver senhor de seu corpo, vai ter pernas para correr a reta final. Se o corredor der tudo nos primeiros quilômetros, atinge a estafa antes e não consegue manter o ritmo no final. Por isso, de nada adianta desenvolver todas as condições físicas para a prova se a cabeça não estiver pronta para coordenar o corpo e controlar o desgaste físico, pilotar a máquina. A prova deve estar toda montada na cabeça do atleta antes da largada. E a concentração deve ser total, para que o ritmo e a tática escolhidos sejam bem impostos. Só com um superesforço de concentração é que o corredor consegue se desligar do desgaste físico e da estafa, juntar forças para resistir ao percurso e chegar "inteiro" ao final da corrida. Márcia Narloch, 29, é corredora de provas de fundo. Vencedora da Maratona de São Paulo de 1999, recordista brasileira da corrida de 25 km (1h27min43s), foi a sexta colocada na São Silvestre-99 e disputa a prova novamente em 2000.
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