12/07/2004 - 11h19

Boxeador faz bicos e foi até gandula em jogos do Corinthians

KLEBER TOMAZ
da Folha Online

De origem humilde, a família de Washington Luis da Silva, 26, segurança do Corinthians que vai competir no boxe em Atenas-04, saiu da Bahia no início da década de 80 para tentar a vida em São Paulo. A história se confunde com a dos outros companheiros de seleção, que também enfrentaram dificuldades para treinar devido a falta de recursos financeiros.

Apesar do emprego no Corinthians, que o libera para os treinos, não é somente de sua mão pesada que Washington tira seu sustento. O atleta faz "bicos" para se manter e chegou até mesmo a ser gandula dos jogos do time do Parque São Jorge.

Marco A. Rezende/COB

Washington Silva durante luta

"Fui gandula por muito tempo das partidas do Corinthians. Cheguei até a ver a final do Brasileiro de 1999 contra o Atlético-MG. Na época, o volante Galo [do time mineiro] me mandou para 'aquele lugar' e xingou minha mãe porque eu demorei para entregar a bola para ele. Para sorte minha e azar dele, o banco todo do Corinthians se levantou e me defendeu, indo tirar satisfação com ele", relembra o boxeador.

Atualmente, Washington é também fiscal de linha dos torneios de tênis que acontecem no Corinthians. E, nas horas vagas. administra uma empresa de fundo-de-quintal com o irmão Cláudio, em Cruz das Almas-BA, onde moram seus parentes. "Compro carros batidos e reformo", explicou.

"Tenho uma renda de R$ 3.300. Além da grana de segurança, eu recebo R$ 1000 da seleção e mais R$ 1.500 do clube Coliseu . Dá para ir vivendo com esse dinheiro."

Os boxeadores que irão à Olimpíada vêm contando com praticamente a mesma estrutura da ginástica, que também ganha verba do programa do COI (Comitê Olímpico Internacional) Solidariedade Olímpica e da Lei Piva. Há cerca de quatro anos as duas modalidades mantêm seleções olímpicas permanentes e contam com treinadores estrangeiros.

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