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14/07/2004 - 11h00

Seleção feminina de futebol joga em Atenas por ouro e emprego

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KLEBER TOMAZ
da Folha Online

Mais do que brigar por uma medalha olímpica em Atenas, o objetivo do técnico da seleção brasileira feminina de futebol, Renê Simões, será o de tentar garantir emprego às jogadoras após os Jogos. Sem um campeonato nacional e com investimentos escassos no país, as atletas brasileiras são divididas entre as que atuam no exterior e as que não conseguem viver exclusivamente do esporte.

Evandro Teixeira/COB
Brasileiras festejam ouro no Pan
Brasileiras festejam no Pan
A Olimpíada, segundo Simões, será a vitrine ideal para tentar levar o maior número de jogadoras possível para clubes da Europa ou Estados Unidos.

"Elas sonham com o pódio. Eu sonho em dar esperança a elas. No início, eu queria ir [a Atenas] só por causa do fato de eu nunca ter ido a uma Olimpíada. Já estive em mundiais [sub-17 e 20 com a seleção masculina brasileira, e Copa da França-98, com a Jamaica], mas nunca numa Olimpíada. Hoje em dia eu quero tentar dar esperança para elas", revelou.

Hoje no Brasil existem apenas torneios esporádicos. A última competição profissional fixa, a Paulistana (versão feminina do Campeonato Paulista), foi extinta em 2001, depois de apenas cinco edições realizadas.

Desde então, as mulheres que jogam bola no país têm que conciliar o futebol com outra atividade remunerada. Ou tomar o rumo do exterior para evitar os períodos de inatividade --a última vez que a seleção havia se reunido foi em 2003, para o Mundial dos EUA.

"Muitas jogadores estavam havia um ano sem tocar numa bola e por isso estou trabalhando a esperança delas depois da Olimpíada. Muitas querem jogar na Europa, como já faz a Marta [atua na Suécia], porque no Brasil inexistem campeonatos de futebol feminino, bem como equipes", disse Simões.

As atletas que já estão radicadas fora do país incentivam as companheiras ao êxodo. "Lá somos tratadas como profissionais mesmo. Meu conselho, infelizmente, é para que as atletas da seleção que ainda jogam no Brasil saíam do país, pois somente fora é possível viver do futebol", disse a zagueira Juliana Cabral, 22, que desde abril joga no Koppaberg, da Suécia.

Além de Juliana, a goleira Andréia, a zagueira Tânia Maria, a lateral Rosana, a volante Daniela e a atacante Marta são as únicas que jogam fora do país.

Uma das que ambicionam sair após a Olimpíada é a goleira Maravilha, 31, que poderia se transferir para os EUA junto com o time brasileiro Saad, que tenta uma vaga para disputar a liga norte-americana. "Fiz um acordo verbal com o Saad para tentar jogar por eles nos EUA. Se isso não der certo, terei de terminar minha faculdade de pedagogia e tentar a vida como professora mesmo", disse Maravilha, que apesar de estar vinculada ao Saad não defende um clube há dois anos.

No grupo que foi a Sydney-2000, todas as atletas atuavam no Brasil --Vasco, Lusa e São Paulo dividiam a exclusividade de cederem as jogadoras--, em um momento em que o futebol feminino teve investimento, patrocínio e até cotas de TV.

Mas com a perda da medalha de bronze na última Olimpíada --o time já havia sido derrotado também na decisão do terceiro lugar em Atlanta-1996--, as parcerias minguaram e o futebol feminino retrocedeu ao quase amadorismo.

"Existe uma desmotivação e estamos trabalhando isso. Elas precisam fazer uma Olimpíada boa para depois conseguirem contrato com algum clube europeu", disse Simões.

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