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27/12/2005 - 09h00

Brasileira trava duelo no tribunal por prêmio dado à queniana em corrida

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ADALBERTO LEISTER FILHO
TALES TORRAGA
da Folha de S.Paulo

O duelo Brasil x Quênia nas provas de rua, que tem sido o principal atrativo da São Silvestre, agora é travado também nos tribunais.

Superada pela queniana Deborah Mengich, vencedora da Corrida de Reis de Cuiabá, em janeiro de 2004, a brasileira Fabiana Cristine da Silva, segunda colocada, foi à Justiça para reaver o prêmio dado à adversária: um carro 0 km.

A reportagem teve acesso à ação que a corredora move contra os organizadores da prova. Sua defesa alega que o visto da queniana era o de turista. Segundo a legislação brasileira, um atleta nessa situação não pode receber prêmios em dinheiro. Na avaliação dos advogados, o carro também se enquadraria nessa definição.

Outro argumento é o de que organização da Corrida de Reis bancou despesas de transporte e hospedagem da queniana, algo que, segundo a ação, é proibido.

"Os quenianos não respeitam as normas do Ministério do Trabalho e correm de forma totalmente irregular", falou Renato de Azevedo, advogado de Cristine.

Na São Silvestre de 2003, seis corredores do Quênia foram patrocinados por um shopping da capital paulista, o que feria a legislação do país. Mas é a primeira vez que se tem conhecimento de uma corredora que busca nos tribunais a premiação dada à adversária estrangeira.

Após duas audiências, a sentença deverá ser proferida nos próximos dias. "Nossa vitória pode abrir um precedente importante na cruzada contra os atletas que correm no Brasil ilegalmente", declarou Marco Antonio de Oliveira, treinador de Cristine.

"Atuamos no exterior sempre de acordo com as leis de lá. É injusto que o mesmo não ocorra no Brasil", afirmou a corredora.

A brasileira não vai reencontrar Mengich na São Silvestre deste ano --a queniana se casou e não tem planos de retornar ao país.

Na única vez que disputou a prova, Mengich foi vice, em 2003. O melhor desempenho de Cristine foi um quinto lugar em 2000.

Cristina Costa, coordenadora da disputa de Cuiabá, reclama da atitude da atleta. "Infelizmente as pessoas adoram procurar seus direitos de outra forma. A gente tem que ganhar no pé, no fôlego."

Adriana Bodnar, uma das advogadas da prova, defendeu os organizadores. "A resolução nominativa deste caso só proíbe pagamento de cachê. E não houve isso", afirmou ela, que admitiu que a organização bancou as despesas de Mengich e outros estrangeiros.

Apesar de a Confederação Brasileira de Atletismo homologar a corrida, a entidade afirmou desconhecer o processo. "A resolução citada só exige visto diferenciado para pagamento de cachê. A Polícia Federal fiscalizou uma prova em Santos e não constatou nada", disse Martinho Nobre dos Santos, secretário-geral da CBAt.

José João da Silva, bicampeão da São Silvestre e organizador de provas de rua, preferiu evitar polêmicas e pagar o mesmo prêmio aos vencedores --os quenianos Benson Cherono e Mengich-- e aos melhores brasileiros em prova em Curitiba, em 2004. Na Corrida dos Carteiros, em Brasília, no mesmo ano, Mengich venceu e faturou R$ 5.000 sob protestos de alguns técnicos.

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