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26/01/2003
-
17h37
enviado especial a Tiradentes (MG)
Filho do diretor baiano Glauber Rocha, expoente do Cinema Novo, Eryck Rocha começa a montar mês que vem seu novo filme, um documentário sobre o processo eleitoral brasileiro, filmado ano passado, de dois meses antes das eleições até a posse de Lula.
Convidado da 6ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais, o cineasta diz que o filme é uma 'abordagem da política através do povo' e que se chamará 'Intervalo Clandestino'.
'O interessante é como a política pode mobilizar as pessoas. Mas, ao mesmo tempo que desperta o desejo de mudança, provoca uma grande indiferença. Esse é o paradoxo', afirma.
O filme se encaixa em uma nova safra de documentários brasileiros que enfocam a eleição vitoriosa de Lula ou dialogam com ela, como os filmes de João Salles, sobre a campanha de Lula, e de Eduardo Coutinho, que desvenda que fim levaram alguns grevistas do ABC -os dois ainda em fase de montagem.
'É um dos momentos históricos mais importantes do país', diz Eryck. 'Quero contribuir com uma reflexão que questiona a mídia tradicional em relação à
política. E o assunto não é só a política, a própria estética do filme é uma política.'
Linguagem
Para Eryck., a retomada do cinema brasileiro ainda está muito calcada na questão comercial. 'Não houve um debate estético da retomada', diz. 'Falta discutir a linguagem, a questão do olhar. O cinema não é um simples produto. É um patrimônio cultural, estético e quase espiritual.'
Como documentarista, diretor de 'A Rocha Que Voa' (sobre o exílio de seu pai, Glauber Rocha, em Cuba), ele está entusiasmado com o espaço que o gênero conquistou no Brasil no ano passado.
'Tenho a impressão que o documentário é um ponto de resistência contra o cinema maquiado. A nova safra conseguiu uma diversidade grande e se conectou com o público', diz, em referência ao seu próprio filme, a 'Edifício Master' (de Eduardo Coutinho) e a 'Ônibus 174' (de José Padilha).
Eryck afirma que não vê o documentário como um retrato do 'real'. 'É o imaginário, o sonho. Não vejo como real porque, para mim, o real não existe, é uma questão subjetiva, que tem a ver com o imaginário de cada um.'
América Latina
O diretor lamenta a falta de integração cultural, principalmente cinematográfica, da América Latina. 'Há um desequilíbrio regional. Enquanto México, Argentina
e Brasil produzem muito, mais da metade dos países latino-americanos não produzem quase nada.'
Além disso, diz ele, o cinema latino-americano que chega ao Brasil 'é o comercial, distribuído pelas grandes corporações'. 'As outras produções, que muitas vezes são melhores, só vemos em festivais', diz.
Ele acha que o cinema é uma forma de aproximar os países latino-americanos e aposta no secretário do Audiovisual do governo Lula, o cineasta Orlando Senna, co-diretor do filme 'Iracema - Uma Transa Amazônica' (1974). 'Ele foi um dos fundadores de uma escola de cinema em Cuba. Ele é muito aberto para essa questão da integração.'
O jornalista Augusto Pinheiro viajou a convite da organização da Mostra de Cinema de Tiradentes
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Filho de Glauber Rocha filma documentário sobre eleições
AUGUSTO PINHEIROenviado especial a Tiradentes (MG)
Filho do diretor baiano Glauber Rocha, expoente do Cinema Novo, Eryck Rocha começa a montar mês que vem seu novo filme, um documentário sobre o processo eleitoral brasileiro, filmado ano passado, de dois meses antes das eleições até a posse de Lula.
Divulgação O cineasta Eryck Rocha, na Mostra de Tiradentes |
Convidado da 6ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais, o cineasta diz que o filme é uma 'abordagem da política através do povo' e que se chamará 'Intervalo Clandestino'.
'O interessante é como a política pode mobilizar as pessoas. Mas, ao mesmo tempo que desperta o desejo de mudança, provoca uma grande indiferença. Esse é o paradoxo', afirma.
O filme se encaixa em uma nova safra de documentários brasileiros que enfocam a eleição vitoriosa de Lula ou dialogam com ela, como os filmes de João Salles, sobre a campanha de Lula, e de Eduardo Coutinho, que desvenda que fim levaram alguns grevistas do ABC -os dois ainda em fase de montagem.
'É um dos momentos históricos mais importantes do país', diz Eryck. 'Quero contribuir com uma reflexão que questiona a mídia tradicional em relação à
política. E o assunto não é só a política, a própria estética do filme é uma política.'
Linguagem
Para Eryck., a retomada do cinema brasileiro ainda está muito calcada na questão comercial. 'Não houve um debate estético da retomada', diz. 'Falta discutir a linguagem, a questão do olhar. O cinema não é um simples produto. É um patrimônio cultural, estético e quase espiritual.'
Como documentarista, diretor de 'A Rocha Que Voa' (sobre o exílio de seu pai, Glauber Rocha, em Cuba), ele está entusiasmado com o espaço que o gênero conquistou no Brasil no ano passado.
'Tenho a impressão que o documentário é um ponto de resistência contra o cinema maquiado. A nova safra conseguiu uma diversidade grande e se conectou com o público', diz, em referência ao seu próprio filme, a 'Edifício Master' (de Eduardo Coutinho) e a 'Ônibus 174' (de José Padilha).
Eryck afirma que não vê o documentário como um retrato do 'real'. 'É o imaginário, o sonho. Não vejo como real porque, para mim, o real não existe, é uma questão subjetiva, que tem a ver com o imaginário de cada um.'
América Latina
O diretor lamenta a falta de integração cultural, principalmente cinematográfica, da América Latina. 'Há um desequilíbrio regional. Enquanto México, Argentina
e Brasil produzem muito, mais da metade dos países latino-americanos não produzem quase nada.'
Além disso, diz ele, o cinema latino-americano que chega ao Brasil 'é o comercial, distribuído pelas grandes corporações'. 'As outras produções, que muitas vezes são melhores, só vemos em festivais', diz.
Ele acha que o cinema é uma forma de aproximar os países latino-americanos e aposta no secretário do Audiovisual do governo Lula, o cineasta Orlando Senna, co-diretor do filme 'Iracema - Uma Transa Amazônica' (1974). 'Ele foi um dos fundadores de uma escola de cinema em Cuba. Ele é muito aberto para essa questão da integração.'
O jornalista Augusto Pinheiro viajou a convite da organização da Mostra de Cinema de Tiradentes
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