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05/08/2003
-
03h49
da Folha de S.Paulo, no Rio
Quando Willy Loman entrar em casa carregando maletas e, nos ombros, 34 anos de ascensão e queda profissional, a peça "A Morte de um Caixeiro-Viajante" completará mais um ciclo de passagem pelo teatro brasileiro.
O iludido cidadão comum do drama social escrito pelo norte-americano Arthur Miller, 87, um clássico da dramaturgia universal, ganha nova montagem a partir de quinta-feira, no teatro João Caetano, no Rio, com Marco Nanini no papel de protagonista.
Willy Loman está com 60 e poucos anos. Quer abandonar a vida de caixeiro-viajante, profissão que tinha lá seu glamour nos anos 20, 30 e 40, quando todos buscavam o sonho americano a qualquer custo, a troco de bons negócios e prestígio, apesar do enfrentamento da Grande Depressão pós-crise de 1929.
Mas a realidade mudou. Não é mais possível manipulá-la, como Loman sempre o fizera, adaptando-a conforme seus anseios e os da mulher e dois filhos, também vítimas da irrealidade cotidiana.
Ao longo de dois atos e um réquiem, Arthur Miller desconstrói Willy Loman como o faz com a estrutura dramática convencional, rompendo a linearidade narrativa e instaurando a fragmentação da memória. Não há "muros" de tempo e ação. A peça lhe valeu o Prêmio Pulitzer.
O primeiro Willy Loman brasileiro foi o ator carioca Jaime Costa (1897-1967), que interpretou o personagem dois anos depois da estréia mundial da peça em Nova York (1949, sob o título original "Death of a Salesman"), dirigido por Ester Leão.
Seguiram-se duas produções relevantes: uma em 1977, com Paulo Autran, dirigida por Flávio Rangel (1932-88), sua segunda incursão pelo texto, a mais citada, e outra em 1986, com Jorge Dória, por Domingos de Oliveira.
Coube a Nanini, também co-produtor, reintroduzir "A Morte de um Caixeiro-Viajante" para as novas gerações. Como não bastasse, o projeto registra o retorno da atriz e dançarina Juliana Carneiro da Cunha aos palcos do país, após 15 anos.
Depois da participação no filme "Lavoura Arcaica" (2001), é a segunda licença que ela pede para a companhia francesa dirigida por Ariane Mnouchkine, o Théâtre du Soleil. Cunha vai interpretar Linda, a mulher de Willy e catalisadora das ações do núcleo familiar, formado ainda pelos filhos Biff (Guilherme Weber) e Happy (Gabriel Braga Nunes).
Marco Nanini e Juliana Carneiro da Cunha contracenaram pela última vez há 19 anos, em "Mão na Luva" (1985), drama conjugal de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (1936-1974).
Felipe Hirsch, que dirigiu Nanini em "Os Solitários" (2002), repete a parceria e agrega a Sutil Companhia de Teatro à criação.
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Hirsch segue sua exploração da memória
Miller dirigiu recentemente peça na China
Drama reúne Marco Nanini e Juliana Carneiro da Cunha
VALMIR SANTOSda Folha de S.Paulo, no Rio
Quando Willy Loman entrar em casa carregando maletas e, nos ombros, 34 anos de ascensão e queda profissional, a peça "A Morte de um Caixeiro-Viajante" completará mais um ciclo de passagem pelo teatro brasileiro.
O iludido cidadão comum do drama social escrito pelo norte-americano Arthur Miller, 87, um clássico da dramaturgia universal, ganha nova montagem a partir de quinta-feira, no teatro João Caetano, no Rio, com Marco Nanini no papel de protagonista.
Willy Loman está com 60 e poucos anos. Quer abandonar a vida de caixeiro-viajante, profissão que tinha lá seu glamour nos anos 20, 30 e 40, quando todos buscavam o sonho americano a qualquer custo, a troco de bons negócios e prestígio, apesar do enfrentamento da Grande Depressão pós-crise de 1929.
Mas a realidade mudou. Não é mais possível manipulá-la, como Loman sempre o fizera, adaptando-a conforme seus anseios e os da mulher e dois filhos, também vítimas da irrealidade cotidiana.
Ao longo de dois atos e um réquiem, Arthur Miller desconstrói Willy Loman como o faz com a estrutura dramática convencional, rompendo a linearidade narrativa e instaurando a fragmentação da memória. Não há "muros" de tempo e ação. A peça lhe valeu o Prêmio Pulitzer.
O primeiro Willy Loman brasileiro foi o ator carioca Jaime Costa (1897-1967), que interpretou o personagem dois anos depois da estréia mundial da peça em Nova York (1949, sob o título original "Death of a Salesman"), dirigido por Ester Leão.
Seguiram-se duas produções relevantes: uma em 1977, com Paulo Autran, dirigida por Flávio Rangel (1932-88), sua segunda incursão pelo texto, a mais citada, e outra em 1986, com Jorge Dória, por Domingos de Oliveira.
Coube a Nanini, também co-produtor, reintroduzir "A Morte de um Caixeiro-Viajante" para as novas gerações. Como não bastasse, o projeto registra o retorno da atriz e dançarina Juliana Carneiro da Cunha aos palcos do país, após 15 anos.
Depois da participação no filme "Lavoura Arcaica" (2001), é a segunda licença que ela pede para a companhia francesa dirigida por Ariane Mnouchkine, o Théâtre du Soleil. Cunha vai interpretar Linda, a mulher de Willy e catalisadora das ações do núcleo familiar, formado ainda pelos filhos Biff (Guilherme Weber) e Happy (Gabriel Braga Nunes).
Marco Nanini e Juliana Carneiro da Cunha contracenaram pela última vez há 19 anos, em "Mão na Luva" (1985), drama conjugal de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (1936-1974).
Felipe Hirsch, que dirigiu Nanini em "Os Solitários" (2002), repete a parceria e agrega a Sutil Companhia de Teatro à criação.
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