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05/08/2003 - 03h57

Papel de mãe persegue atriz do Soleil

da Folha de S.Paulo

Apesar da sina do papel de mãe que a persegue na carreira, a carioca Juliana Carneiro da Cunha, 54, foi independente e corajosa o suficiente ao sair de casa aos 17 anos para ser artista na vida.

Entre os anos 60 e 70, passou dez anos no exterior estudando dança. Voltou para o Brasil e partiu novamente no final dos anos 80, para a França, onde atuou na companhia de Maguy Marin. Em 1990, fez workshop no Théâtre du Soleil e integrou-se à companhia da encenadora Ariane Mnouchkine, onde está há 13 anos.

A seguir, trechos da conversa com Cunha a respeito de Linda, a mãe de dois rapazes e "do marido" em "A Morte de um Caixeiro Viajante", e o desafio de experimentar um fazer teatral distinto do Soleil. (VS)

Personagem - A primeira coisa que me veio é que a Linda ama, admira o Willy, porque tem com ele a poesia, o sonho. Daí esse carinho eterno, essa admiração. Só que ela tem mais os pés no chão, percebe as errâncias do marido. O sofrimento dele, para ela, é terrível. Preferia sofrer tudo no lugar do Willy. Acho que ela é mais mãe dele do que dos próprios filhos.

Consumo - O sonho da classe média é, digamos, possuir: possuir uma casa, um carro, um aspirador, uma máquina de lavar, enfim, como se, tendo tudo isso, se chegasse ao topo. Esse não-perceber da realidade pão-pão, queijo-queijo não é exclusivo da classe média. Ocorre a indivíduos de todas as classes, por motivos outros.

Mudança - De uns tempos para cá, senti necessidade de voltar ao Brasil. Quando eu era jovem, parti muito cedo de casa, não tinha saudades. Depois, com a idade, com a morte de meus pais, fui começando a sentir mais falta da minha terra. [Aqui no Brasil] Conversamos com uma pessoa na fila do ônibus, na fila do banco, na padaria, no táxi etc. Isso, na França, não existe. Os amigos me fazem falta, o público brasileiro me faz falta, e então precisava voltar para esse colo materno.

Encenação - A gente fez um trabalho bem diferente do que se faz no Théâtre du Soleil e, pelo que entendi, também um pouco diferente do hábito do próprio Felipe, que foi um trabalho de mesa de um mês [leituras]. No Soleil, lemos a peça uma vez e vamos para o palco para se maquiar, se vestir, se transformar e começar a propor. Aqui no "Caixeiro", pegávamos um trecho, uma palavra, e todo mundo participava, ajudava a destrinçar o texto, num exercício de imaginação, de deduções. Pensava: "Meu Deus do céu, trabalho de mesa, ficar lendo o texto tanto tempo assim, e depois que eu for para o palco, o que vou fazer com isso?". Mas foi um caminho diferente.

Théâtre du Soleil - É um teatro de grupo, com 30 a 40 atores. Quando eu cheguei, eram 60 pessoas em toda a equipe, agora já são cerca de 90. A primeira coisa que me vem à mente, falando do Théâtre du Soleil, é um teatro épico. Acho que a Ariane conta sagas, histórias épicas.

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