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09/03/2006
-
17h22
da France Presse, em Nova York
Os museus e instituições culturais dos Estados Unidos enfrentam uma onda de reclamações de peças arqueológicas de países como Grécia, Itália e Peru, o que está provocando questionamentos sobre sua política de aquisições.
Tradicionalmente, os pedidos deste tipo costumavam ser dirigidos aos museus europeus que encheram suas prateleiras durante a época de domínio colonial de seus países. A pedra da Rosetta, encontrada no Egito por soldados franceses em 1799, ou os frisos do Partenón, adquiridos no mesmo ano por Lord Elgin, embaixador britânico perante o Império Otomano, são dois dos exemplos mais populares e integram atualmente a coleção do Museu Britânico.
Os casos que atualmente atingem os museus americanos mostram que o comércio privado de objetos arqueológicos apresenta zonas sombrias.
A ex-colecionadora de antigüidades do museu Getty de Los Angeles, Marion True, foi acusada pela justiça italiana de comercializar objetos saqueados da Itália com a ajuda de um marchand, Robert Hecht, que também está envolvido em outra reclamação da Itália ao museu Metropolitan de Nova York.
A Grécia também pediu a devolução de objetos do Getty, um dos mais ricos do mundo, fundado em 1954 pelo magnata das finanças e do petróleo e colecionador de arte, Jean Paul Getty.
O Metropolitan concordou em devolver à Grécia as peças pedidas, entre elas a vasilha de Eufronios, uma peça grega magnificamente conservada do ano 515 antes de Cristo. Em compensação, a Itália emprestará novas peças por períodos de quatro anos, o máximo autorizado pela lei italiana.
Em conseqüência destes casos, o presidente da fundação Getty, Barry Munitz, apresentou sua demissão.
Críticas
Esses casos provocaram um debate no qual alguns especialistas questionaram a política de aquisições dos museus americanos. Jane Waldbaum, presidente do Instituto Arqueológico dos Estados Unidos (AIA na sigla em inglês), a maior e mais antiga organização americana deste tipo, denunciou o secretismo que cerca esta política.
"Muitas transações obscuras são disfarçadas de doações", disse Waldbaum. "A maioria dos museus não tem uma política de aquisições aberta ao escrutínio público", explicou, dizendo que se deve determinar exaustivamente a origem das peças.
Waldbaum disse que muitos se aproveitam do fato da desproteção do patrimônio em algunos países. "Até há pouco, a Itália não era um país rico. Países como Peru, Guatemala e Belize têm leis, mas não há dinheiro suficiente para cumpri-las. É muito difícil patrulhar todos os sítios arqueológicos do país quando não se sabe onde eles estão. Os saqueadores chegam antes".
Há ainda o caso das peças peruanas da Universidade de Yale. O governo peruano reivindicou as peças que o "descobridor" de Machu Picchu, o arqueólogo Hiram Bingham, levou para os Estados Unidos depois de suas escavações entre 1911 e 1915. Neste caso, não se trata de pilhagem. A controvérsia está relacionada à interpretação dos contratos que Yale e Bingham assinaram com Lima. Discute-se se as peças foram emprestadas ou doadas à universidade.
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Os museus e instituições culturais dos Estados Unidos enfrentam uma onda de reclamações de peças arqueológicas de países como Grécia, Itália e Peru, o que está provocando questionamentos sobre sua política de aquisições.
Tradicionalmente, os pedidos deste tipo costumavam ser dirigidos aos museus europeus que encheram suas prateleiras durante a época de domínio colonial de seus países. A pedra da Rosetta, encontrada no Egito por soldados franceses em 1799, ou os frisos do Partenón, adquiridos no mesmo ano por Lord Elgin, embaixador britânico perante o Império Otomano, são dois dos exemplos mais populares e integram atualmente a coleção do Museu Britânico.
Os casos que atualmente atingem os museus americanos mostram que o comércio privado de objetos arqueológicos apresenta zonas sombrias.
A ex-colecionadora de antigüidades do museu Getty de Los Angeles, Marion True, foi acusada pela justiça italiana de comercializar objetos saqueados da Itália com a ajuda de um marchand, Robert Hecht, que também está envolvido em outra reclamação da Itália ao museu Metropolitan de Nova York.
A Grécia também pediu a devolução de objetos do Getty, um dos mais ricos do mundo, fundado em 1954 pelo magnata das finanças e do petróleo e colecionador de arte, Jean Paul Getty.
O Metropolitan concordou em devolver à Grécia as peças pedidas, entre elas a vasilha de Eufronios, uma peça grega magnificamente conservada do ano 515 antes de Cristo. Em compensação, a Itália emprestará novas peças por períodos de quatro anos, o máximo autorizado pela lei italiana.
Em conseqüência destes casos, o presidente da fundação Getty, Barry Munitz, apresentou sua demissão.
Críticas
Esses casos provocaram um debate no qual alguns especialistas questionaram a política de aquisições dos museus americanos. Jane Waldbaum, presidente do Instituto Arqueológico dos Estados Unidos (AIA na sigla em inglês), a maior e mais antiga organização americana deste tipo, denunciou o secretismo que cerca esta política.
"Muitas transações obscuras são disfarçadas de doações", disse Waldbaum. "A maioria dos museus não tem uma política de aquisições aberta ao escrutínio público", explicou, dizendo que se deve determinar exaustivamente a origem das peças.
Waldbaum disse que muitos se aproveitam do fato da desproteção do patrimônio em algunos países. "Até há pouco, a Itália não era um país rico. Países como Peru, Guatemala e Belize têm leis, mas não há dinheiro suficiente para cumpri-las. É muito difícil patrulhar todos os sítios arqueológicos do país quando não se sabe onde eles estão. Os saqueadores chegam antes".
Há ainda o caso das peças peruanas da Universidade de Yale. O governo peruano reivindicou as peças que o "descobridor" de Machu Picchu, o arqueólogo Hiram Bingham, levou para os Estados Unidos depois de suas escavações entre 1911 e 1915. Neste caso, não se trata de pilhagem. A controvérsia está relacionada à interpretação dos contratos que Yale e Bingham assinaram com Lima. Discute-se se as peças foram emprestadas ou doadas à universidade.
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