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23/02/2007
-
10h19
EMILIA PÉREZ
da Efe, em Londres
O cineasta brasileiro Henrique Goldman deu início ao projeto de um filme sobre a tragédia de seu compatriota Jean Charles de Menezes -- morto pela Polícia britânica ao ser confundido com um terrorista--, com o objetivo de contar "a história humana" escondida por trás das manchetes dos jornais.
"Que o mataram, que cometeram uma injustiça, que não quiseram assumir seus erros, isso as pessoas sabem", mas o filme também contará "quem era Jean Charles" e "como se pode continuar vivendo quando se perde alguém assim", disse Goldman, em Londres, onde mora e onde montou, em 2002, sua produtora Mango Films.
Por também ser um brasileiro que foi para Londres, a história do jovem assassinado a tiros em 2005 no metrô da capital britânica por policiais que o confundiram com um terrorista suicida interessou o cineasta desde o princípio.
Inicialmente, Goldman iria dirigir o filme que a rede britânica "BBC" planejava produzir sobre o caso de Jean Charles, embora esse projeto estivesse mais focado na atuação da polícia e da justiça britânicas, "isso que os meios de comunicação falam todos os dias".
"O assassinato me gerou muitos dilemas", confessou o diretor brasileiro, que, depois que a "BBC" decidiu engavetar o projeto por outras questões, tomou coragem para comprar os direitos da história.
"Jean Charles", nome do longa cujas filmagens estão previstas para começar em meados de 2007, mostrará "um brasileiro de origem humilde que foi a Londres realizar seu sonho de ganhar dinheiro", que era "muito ativo e empreendedor" e "que também gostava de mulheres e de se divertir", afirmou Goldman.
Por isso, a fita terá doses de humor, sexo e mostrará uma Londres desconhecida, "a dos mensageiros brasileiros", "a das festas onde se escuta música sertaneja" e a das ruas onde se vende comida brasileira.
O filme, que será rodado em Londres e no Brasil, também fala das estreitas relações que Jean Charles mantinha com sua família. Ele trabalhava como eletricista e tinha 27 anos quando morreu.
"Ele custeou as despesas para que todos seus primos viessem para cá (Londres). Ele queria viver aqui, mas queria estar no Brasil ao mesmo tempo, por isso trouxe todos os seus primos", disse Goldman.
"Jean Charles amava muito a Inglaterra. Essa é a triste ironia. No Brasil, sempre dizia o quão lindo era a Inglaterra, a paz da qual gozava, a boa qualidade da Polícia, que não era violenta como no Brasil", continua o cineasta.
O filme, que será rodado quase todo em português, começa no dia em que Jean Charles chega a Londres pela última vez vindo do Brasil, para onde viajava com muita freqüência, acompanhado de sua prima Vivian. A produção também relata o primeiro ano após sua morte.
Segundo Goldman, o filme "também é a história de como se continua vivendo quando se perde alguém assim": "É uma questão fundamental, perdemos e ganhamos, mas temos que continuar vivendo".
Agora, Goldman trabalha junto com Marcelo Starobinas, também brasileiro, no roteiro do filme e no processo de definição da psicologia dos personagens, cujos intérpretes ainda não foram selecionados.
Todos os dois têm uma dupla preocupação. "Ser honesto com os amigos e com os parentes reais" e "fazer um bom filme", segundo Starobinas.
"Estamos escrevendo uma ficção, mas a ficção é sobre gente que existe e a temática é muito dura. É um trauma na vida de todos eles", afirmou.
No entanto, uma certeza os dois têm: o filme não terá uma moral da história, uma vez que, como diz Goldman, "é mais interessante que as pessoas façam perguntas do que encontrem respostas".
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da Efe, em Londres
O cineasta brasileiro Henrique Goldman deu início ao projeto de um filme sobre a tragédia de seu compatriota Jean Charles de Menezes -- morto pela Polícia britânica ao ser confundido com um terrorista--, com o objetivo de contar "a história humana" escondida por trás das manchetes dos jornais.
"Que o mataram, que cometeram uma injustiça, que não quiseram assumir seus erros, isso as pessoas sabem", mas o filme também contará "quem era Jean Charles" e "como se pode continuar vivendo quando se perde alguém assim", disse Goldman, em Londres, onde mora e onde montou, em 2002, sua produtora Mango Films.
Por também ser um brasileiro que foi para Londres, a história do jovem assassinado a tiros em 2005 no metrô da capital britânica por policiais que o confundiram com um terrorista suicida interessou o cineasta desde o princípio.
Inicialmente, Goldman iria dirigir o filme que a rede britânica "BBC" planejava produzir sobre o caso de Jean Charles, embora esse projeto estivesse mais focado na atuação da polícia e da justiça britânicas, "isso que os meios de comunicação falam todos os dias".
"O assassinato me gerou muitos dilemas", confessou o diretor brasileiro, que, depois que a "BBC" decidiu engavetar o projeto por outras questões, tomou coragem para comprar os direitos da história.
"Jean Charles", nome do longa cujas filmagens estão previstas para começar em meados de 2007, mostrará "um brasileiro de origem humilde que foi a Londres realizar seu sonho de ganhar dinheiro", que era "muito ativo e empreendedor" e "que também gostava de mulheres e de se divertir", afirmou Goldman.
Por isso, a fita terá doses de humor, sexo e mostrará uma Londres desconhecida, "a dos mensageiros brasileiros", "a das festas onde se escuta música sertaneja" e a das ruas onde se vende comida brasileira.
O filme, que será rodado em Londres e no Brasil, também fala das estreitas relações que Jean Charles mantinha com sua família. Ele trabalhava como eletricista e tinha 27 anos quando morreu.
"Ele custeou as despesas para que todos seus primos viessem para cá (Londres). Ele queria viver aqui, mas queria estar no Brasil ao mesmo tempo, por isso trouxe todos os seus primos", disse Goldman.
"Jean Charles amava muito a Inglaterra. Essa é a triste ironia. No Brasil, sempre dizia o quão lindo era a Inglaterra, a paz da qual gozava, a boa qualidade da Polícia, que não era violenta como no Brasil", continua o cineasta.
O filme, que será rodado quase todo em português, começa no dia em que Jean Charles chega a Londres pela última vez vindo do Brasil, para onde viajava com muita freqüência, acompanhado de sua prima Vivian. A produção também relata o primeiro ano após sua morte.
Segundo Goldman, o filme "também é a história de como se continua vivendo quando se perde alguém assim": "É uma questão fundamental, perdemos e ganhamos, mas temos que continuar vivendo".
Agora, Goldman trabalha junto com Marcelo Starobinas, também brasileiro, no roteiro do filme e no processo de definição da psicologia dos personagens, cujos intérpretes ainda não foram selecionados.
Todos os dois têm uma dupla preocupação. "Ser honesto com os amigos e com os parentes reais" e "fazer um bom filme", segundo Starobinas.
"Estamos escrevendo uma ficção, mas a ficção é sobre gente que existe e a temática é muito dura. É um trauma na vida de todos eles", afirmou.
No entanto, uma certeza os dois têm: o filme não terá uma moral da história, uma vez que, como diz Goldman, "é mais interessante que as pessoas façam perguntas do que encontrem respostas".
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