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26/04/2007 - 09h48

Família Schürmann vai ao Cine PE com "O Mundo em Duas Voltas"

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FERNANDA CRANCIANINOV
da Folha Online, em Recife

Participando da programação da 11ª edição do Festival do Audiovisual Cine PE (que acontece entre os dias 23 e 29 de abril no Cine-Teatro Guararapes, em Recife), o diretor David Schürmann apresentou no segundo dia de festival o longa "O Mundo em Duas Voltas".

O filme mostra a reconstrução de uma passagem histórica: a volta ao mundo entre 1519 e 1522 pelo navegador Fernão de Magalhães. O documentário mostra três anos (de 1997 a 2000) da família Schürmann, sob a narração de Heloisa Schürmann, tripulante da expedição e mulher de Vilfredo Schürmann, capitão do veleiro "Aysso" (que, em tupi-guarani, significa "formoso").

A viagem foi transmormada em filme, em película Super 16 mm, sob o olhar do diretor e membro da família David Schürmann. O que poderia ser um emocionante documentário, no entanto, é apresentado como uma viagem demasiadamente "tranqüila".

As dificuldade da filmagem foram todas colocadas de fora da tela dos cinemas, deixando o público curioso e até abrindo margem para um certo ceticismo quanto à produção --que afirma não ter tido apoio de um barco extra durante a viagem.

Durante o Cine PE, David falou um pouco mais sobre a produção do documentário, que chega às salas dos cinemas no próximo dia 27 (e nos dia 11 de maio na região norte e nordeste).

Idéia

"Começou quando meus pais me ligaram para contar que iriam fazer a viagem e me convidaram para ir junto. Eu morava na Nova Zelândia e lá já era de madrugada. Quando recebi a ligação, eu estava dormindo e achei que algo ruim tinha ocorrido. Mas eles estavam tão empolgados que nem se deram conta do fuso horário. Eu aceitei na hora, mas com uma condição: que aquela viagem virasse um filme."

Filme caseiro

"Meus pais não entenderam de imediato que seria um filme mesmo, e não um registro caseiro da viagem. Mas tudo acabou dando certo. O planejamento foi muito bem pensado e eu tive total apoio deles. Acompanhei toda a viagem, não só eu, como toda a equipe do filme."

Dificuldades

"Não se tratava de um filme normal. As condições eram totalmente inusitadas. Éramos eu, minha mãe, meu pai, a Kat, o assistente de câmera, o assistente de produção geral e um fotógrafo, que depois acabou virando o meu assistente também. Éramos sete em apenas 44 m2. Era muita gente. Todos cuidavam de tudo, dos rolos do filme ao leme, do planejamento à produção e fotografia. Um processo exaustivo, mas muito gratificante."

Convivência

"Com certeza tivemos desafios. Imagine que passávamos até 14 dias sem aportar. Não é possível dar uma volta, esfriar a cabeça e voltar. Mas tive muita sorte. A equipe era muito boa, pois todos eram tripulantes e profissionais. Não havia a mordomia de cumprir a função e ir dormir. Se eu pudesse, teria mais duas pessoas comigo na equipe, mas o barco não suportava."

Logística

"Estivemos presentes o percurso todo, de 1997 a 2000. Foi um longo trabalho de logística. Tínhamos de estar uma vez por mês em alguma ilha ou porto que tivesse um aeroporto que pudesse enviar os filmes para Los Angeles. Imagine que não havia internet naquela época. Para descobrirmos a estrutura de cada lugar mandávamos dezenas de fax. Era uma loucura."

Perigos

"Algumas tomadas, em períodos de tormentas, foram muito difíceis de fazer. Além do perigo, havia o mal-estar. O mar jogava muito e eu comecei a marear. Havia o perigo de eu literalmente perder os sentidos. Foram quatro dias de tempestade, mas parecem quatro meses.

Lembro-me que as ondas eram imensas, mas de dentro do barco não se via exatamente o que de fato era a fúria de uma tempestade como aquela. Resolvi que iria para fora para filmar. Pedi que me amarrassem. Usei uma caixa estanque para abrigar a câmera, que era usada para as tomadas submarinas. A força da onda era tamanha que havia momentos em que parecia que eu iria ser arrancado do barco. É como uma montanha russa.

Foi apenas uma vez, mas foi suficiente. Valeu a pena porque conseguimos transmitir exatamente para quem está assistindo ao filme a sensação de estar ali."

Direção

"No começo foi complicado dirigir meus próprios pais. É preciso acertar o passo entre ser o filho que filma uma viagem dos pais e o diretor que registra uma viagem de navegadores pelo mundo. Claro que há o respeito que eu tenho como filho, a relação afetiva, mas conseguimos, tanto eu quanto eles, sermos profissionais e separar os papéis quando era necessário.

Em algumas situações, quando eu precisava entrevistá-los, eu pedia para uma terceira pessoa fazê-lo. Eu dirigia a cena, filmava, mas não era o interlocutor direto deles. Isso facilitou, pois eles não estavam contando uma história para o David e, sim, para o espectador."

Narração

"Esta foi uma decisão difícil também. No início do processo da gravação das narrações [feitas por Vilfredo e Heloisa], foi complicado. Isso tudo já na pós-produção. Minha mãe é professora. É natural que tenha o tom de voz de quem ensina, explica. Meu pai também não é narrador. Tentamos até mesmo usar a voz de atores profissionais, mas senti que iria soar artificial.

Depois de várias tentativas, chegamos finalmente ao tom que era necessário para o filme. Este era um tom de quem conta uma história para um amigo e não de quem dá uma palestra."

A repórter viajou a convite do festival

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