Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
02/07/2003 - 08h38

Conheça o hipertexto nascido nas ruas

ANA PAULA OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo

Não é apenas em "Matrix" que o mundo virtual se mistura com o real. Sabe quando estamos navegando à procura de algum site e, de repente, nem percebemos que a nossa meta traçada já foi desviada há muito tempo e fomos parar em uma página totalmente diferente de nosso destino planejado?

Assim acontece quando você se pega pensando em alguma coisa e nem se dá conta de como você foi parar naquele pensamento. Bastam poucos minutos de divagação ou algum tempo de caminhada para perceber que a vida é cheia de hipertextos.

Para provar essa teoria, a Folha foi atrás de links em três ruas da cidade de São Paulo: avenida Paulista, rua Oscar Freire e alameda Lorena. Já no começo da principal avenida de São Paulo, pouco antes de se chamar Paulista, a primeira remissão é quando se cruza com o metrô: chega-se ao Paraíso, pode-se ver Deus ou algo celestial.

Também pouco antes da entrada pela avenida Paulista, um guindaste içando vigas de aço contrasta com o dourado do rei Midas serviços automotivos. Impossível não fazer também a remissão de pensamento nem sobre como criá-las, mas sobre uma corrida de aventura.

Apesar de o shopping Paulista estar em uma das avenidas mais caras do mundo, é o shopping Iguatemi que leva a taça de comércio com preço mais alto do Brasil. Aliás, fica em 15º lugar, num relatório anual com 44 concorrentes. Perde para cidades como Milão e Nova York, que, mesmo depois dos ataques de 11 de Setembro, é a mais cara do mundo.

Visto de qualquer ângulo da avenida complexo de antenas que o ponto abriga é o que mais chama a atenção na Paulista. Por ser uma das regiões mais altas da capital, rádios e TVs fizeram do lugar um mar de frequências que interfere em qualquer tocador de
rádio de quem passa por lá.

Mesmo assim, algumas impressionam pela imponência e chegam a lembrar a Torre Eiffel. Em meio à interferência sonora de quem sintoniza uma rádio, outra poluição estraga a beleza da arrogante avenida: a pichação. Porém há quem diga que pichar é diferente de grafitar.

O comércio

A avenida Paulista concentra um dos principais centros comerciais do mundo, mas não é por isso que vendedores ambulantes deixam de comercializar seus produtos, também vindos de diversos pontos do planeta.

A competição é acirrada e cada vez mais os vendedores de rua tentam usar a criatividade para vencer seus concorrentes. Há até pedintes malabaristas.

Isso ocorre em qualquer ponto da Paulista, até em frente à Casa das Rosas. O jardim do prédio do Sesc abriga uma escultura que ajuda a imprimir a faceta cultural que a avenida revela, mas um pequeno cartaz grudado no poste que fica bem em frente da suntuosa construção não deixa dúvidas sobre a situação que o país vem enfrentando nos últimos anos e anuncia: "Temos dinheiro fácil".

Já mais à frente um casarão restaurado abriga o Instituto

Pasteur deve ter ficado o dono de uma loja que resolveu queimar todo o seu estoque de produtos.

Na comparação da avenida Paulista com a internet, podemos dizer que os outdoors são os "pop-ups". É só olhar para algum lado (como se cada piscada fosse um clique no mouse) e lá estão eles. Impossível desativá-los, a melhor saída é se acostumar com eles.

Na disputa pela atenção do transeunte ou do motorista, cada um usa a arma que possui. Há até um anúncio enorme de hotel que diz: "Na www.worldwar1.com guerra ou na paz, prefira diárias de verdade". Fica a cargo de cada um tentar encontrar a conexão entre hotel, guerra e paz.

Coitados dos outdoors convencionais, que não piscam, não brilham e possuem imagem estática. A moda, já faz algum tempo, é apostar naqueles telões gigantes, com algum símbolo de marca famosa enfeitado com luzes fluorescentes. Porém o último berro da moda são os supertelevisores na Paulista, que insistem em desviar a atenção do motorista com notícias e propagandas.

Por serem gerados com pontos de luz, eles lembram uma foto digital granulada, ou seja, é possível ver os pontos ou os pixels.

Por falar em desviar a atenção, um acidente acaba de ocorrer envolvendo um motoboy e um táxi. Todos estão bem.

Mais alguns postes adiante e os cartazes já não ofertam dinheiro, porém shows, como o que anuncia um grupo com nome de maquiagem. Aliás, cuidado ao tentar achar o domínio da banda, www.rouge.com.br surpresas acontecem.

Achar links cujo significado seja o que a página quer dizer não é tarefa fácil. Quando se digita www, a palavra e o ponto qualquer coisa, constata-se que nem sempre o que o domínio diz tem relação com o conteúdo do site.

Coincidência? Não. Mais uma vez o mundo virtual se embola com a realidade.

Leia mais
  • Rápido passeio por São Paulo mostra a onipresença da internet
  • Jornada pela Oscar Freire revela hipertextos
  • Conheça hipertextos encontrados em caminhada pela alameda Lorena
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página