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20/09/2006
-
17h39
da Folha Online
O Taleban é um movimento islâmico sunita que governou o Afeganistão de 1996 a 2001. O grupo ganhou reconhecimento diplomático de apenas três países: Emirados Árabes, Paquistão e Arábia Saudita, além do governo da república tchetchena de Ichkeria.
Os membros mais influentes do grupo --entre eles o mulá Mohammed Omar, líder do movimento-- chefiavam vilas afegãs. Muitos deles estudaram em madrassas [escolas religiosas islâmicas] no Afeganistão e no Paquistão.
O Taleban derivou principalmente de grupos da etnia pashtun do Afeganistão e do Paquistão, assim como de lideranças originárias de países árabes e do sul da Ásia.
Em 1997, os generais Abdul Malik Pahlawan e Mohammed Pahlawan se rebelaram do comando de Abdul Rashid Dostum, senhor da guerra da Província de Uzbek, formando uma aliança com a milícia Taleban. Três dias depois, Dostum abandonou seu Exército e a base militar de Mazar-i Sharif e se refugiou no Uzbequistão. Em 25 de maio, forças talebans, ao lado das tropas alinhadas aos generais rebeldes, invadiram a base abandonada de Mazar-i Sharif.
No mesmo dia, o Paquistão reconheceu o Taleban como governo oficial do Afeganistão. No dia 26 de maio de 1997, a Arábia Saudita também reconheceu o novo governo.
Uma vez no poder, o Taleban [que controlava 90% do Afeganistão] instituiu a obediência estrita à sharia [lei islâmica]. Entre as novas leis, foram implementadas punições extremas para crimes, como amputações das mãos para crimes de furto e morte por apedrejamento em casos de adultério.
O Taleban também baniu a televisão, fotografias, música e a prática de esportes. Os homens passaram a ser obrigados a manter as barbas sempre longas. As mulheres eram forçadas a vestir burga [roupa afegã que cobre o corpo todo] ao aparecer público.
Ópio
No final de 1997, o Taleban baniu o cultivo de papoula, utilizada na fabricação de ópio e heroína, no Afeganistão. Apesar disso, em 2000, a produção da planta no país ainda representava 75% do cultivo mundial. Em 27 de julho do mesmo ano, o Taleban divulga um novo decreto banindo o cultivo de papoula. Em fevereiro de 2001, a produção havia sido reduzida em 98%.
Após a queda do regime Taleban, as áreas controladas pela Aliança do Norte ---grupo que, com a ajuda americana, depôs o regime do Taleban-- retomaram a produção e, em 2005, o cultivo representava 87% do suprimento mundial de produção de ópio.
Grande parte do ópio produzido no Afeganistão é vendido na Europa e nos EUA.
Bin Laden
Em 1996, o terrorista saudita Osama bin Laden se mudou para o Afeganistão, a convite da Aliança do Norte, à época liderada por Abdur Rabb ur Rasool Sayyaf.
Quando o Taleban chegou ao poder, Bin Laden conseguiu criar uma aliança entre a milícia e sua rede terrorista, a Al Qaeda --que passou a treinar militantes que seriam integrados à milícia Taleban, entre 1997 e 2001.
O elo entre o Taleban e Bin Laden foi formalizado com o casamento do filho de Bin Laden com a filha do mulá Omar. Durante o período em que viveu no Afeganistão, Bin Laden ajudou a financiar o Taleban. Atualmente, o paradeiro de Bin LAden é desconhecido.
Invasão
Em setembro de 2001, o governo americano concluiu que a Al Qaeda e Osama bin Laden estavam por trás dos ataques terroristas de 11 de Setembro contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, nas cercanias de Washington.
Em 22 de setembro de 2001, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita baniram o reconhecimento do Taleban como governo legal do Afeganistão, deixando o vizinho Paquistão como único país com o qual o Afeganistão mantinha relações diplomáticas.
Em 4 de outubro de 2001, o Taleban ofereceu entregar Bin Laden ao Paquistão para a realização de um tribunal internacional que funcionaria sob a lei islâmica. No entanto, o Paquistão rejeitou a oferta. Em 7 de outubro, o Taleban se ofereceu para julgar Bin Laden no Afeganistão, também sob a sharia, mas os EUA disseram que a oferta era "insuficiente".
Três dias depois, em 7 de outubro, ajudados pelo Reino Unido e por uma coalizão com outros países e a Otan (aliança militar ocidental), os EUA deram início a uma operação militar no Afeganistão, bombardeando os campos de treinamento da Al Qaeda e do Taleban.
Uma semana mais tarde, o Taleban ofereceu entregar Bin Laden a um terceiro país para ser julgado, mas exigiu que os EUA apresentassem provas de seu envolvimento com os ataques de 11/9. Os EUA rejeitaram a oferta e prosseguiram com as atividades militares no país.
Ressurgimento
Embora tenha sido expulso do Afeganistão, o Taleban nunca deixou de existir, e hoje ainda age no Afeganistão, com cerca de 8.000 a 12 mil membros. Ex-líderes do grupo se refugiaram na região da fronteira com o Paquistão, de difícil controle, e conseguiram reestruturar a milícia.
Ataques suicidas e a bombas são freqüentes no país. Segundo dados recentes divulgados pela Otan, 173 pessoas morreram em ataques suicidas no país somente neste ano --151 civis.
O governo central de Hamid Karzai enfrenta dificuldades para controlar todo o território afegão, e o clima entre a população é de medo e insegurança.
As tropas da ONU e da Otan no país têm dificuldade em trabalhar pela reconstrução devido à grave situação da segurança. Muitos países também se recusam a enviar auxílio militar e financeiro, devido ao grande número de baixas entre as tropas estrangeiras em solo afegão.
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O Taleban é um movimento islâmico sunita que governou o Afeganistão de 1996 a 2001. O grupo ganhou reconhecimento diplomático de apenas três países: Emirados Árabes, Paquistão e Arábia Saudita, além do governo da república tchetchena de Ichkeria.
Os membros mais influentes do grupo --entre eles o mulá Mohammed Omar, líder do movimento-- chefiavam vilas afegãs. Muitos deles estudaram em madrassas [escolas religiosas islâmicas] no Afeganistão e no Paquistão.
O Taleban derivou principalmente de grupos da etnia pashtun do Afeganistão e do Paquistão, assim como de lideranças originárias de países árabes e do sul da Ásia.
Em 1997, os generais Abdul Malik Pahlawan e Mohammed Pahlawan se rebelaram do comando de Abdul Rashid Dostum, senhor da guerra da Província de Uzbek, formando uma aliança com a milícia Taleban. Três dias depois, Dostum abandonou seu Exército e a base militar de Mazar-i Sharif e se refugiou no Uzbequistão. Em 25 de maio, forças talebans, ao lado das tropas alinhadas aos generais rebeldes, invadiram a base abandonada de Mazar-i Sharif.
No mesmo dia, o Paquistão reconheceu o Taleban como governo oficial do Afeganistão. No dia 26 de maio de 1997, a Arábia Saudita também reconheceu o novo governo.
Uma vez no poder, o Taleban [que controlava 90% do Afeganistão] instituiu a obediência estrita à sharia [lei islâmica]. Entre as novas leis, foram implementadas punições extremas para crimes, como amputações das mãos para crimes de furto e morte por apedrejamento em casos de adultério.
O Taleban também baniu a televisão, fotografias, música e a prática de esportes. Os homens passaram a ser obrigados a manter as barbas sempre longas. As mulheres eram forçadas a vestir burga [roupa afegã que cobre o corpo todo] ao aparecer público.
Ópio
No final de 1997, o Taleban baniu o cultivo de papoula, utilizada na fabricação de ópio e heroína, no Afeganistão. Apesar disso, em 2000, a produção da planta no país ainda representava 75% do cultivo mundial. Em 27 de julho do mesmo ano, o Taleban divulga um novo decreto banindo o cultivo de papoula. Em fevereiro de 2001, a produção havia sido reduzida em 98%.
Após a queda do regime Taleban, as áreas controladas pela Aliança do Norte ---grupo que, com a ajuda americana, depôs o regime do Taleban-- retomaram a produção e, em 2005, o cultivo representava 87% do suprimento mundial de produção de ópio.
Grande parte do ópio produzido no Afeganistão é vendido na Europa e nos EUA.
Bin Laden
Em 1996, o terrorista saudita Osama bin Laden se mudou para o Afeganistão, a convite da Aliança do Norte, à época liderada por Abdur Rabb ur Rasool Sayyaf.
Quando o Taleban chegou ao poder, Bin Laden conseguiu criar uma aliança entre a milícia e sua rede terrorista, a Al Qaeda --que passou a treinar militantes que seriam integrados à milícia Taleban, entre 1997 e 2001.
O elo entre o Taleban e Bin Laden foi formalizado com o casamento do filho de Bin Laden com a filha do mulá Omar. Durante o período em que viveu no Afeganistão, Bin Laden ajudou a financiar o Taleban. Atualmente, o paradeiro de Bin LAden é desconhecido.
Invasão
Em setembro de 2001, o governo americano concluiu que a Al Qaeda e Osama bin Laden estavam por trás dos ataques terroristas de 11 de Setembro contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, nas cercanias de Washington.
Em 22 de setembro de 2001, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita baniram o reconhecimento do Taleban como governo legal do Afeganistão, deixando o vizinho Paquistão como único país com o qual o Afeganistão mantinha relações diplomáticas.
Em 4 de outubro de 2001, o Taleban ofereceu entregar Bin Laden ao Paquistão para a realização de um tribunal internacional que funcionaria sob a lei islâmica. No entanto, o Paquistão rejeitou a oferta. Em 7 de outubro, o Taleban se ofereceu para julgar Bin Laden no Afeganistão, também sob a sharia, mas os EUA disseram que a oferta era "insuficiente".
Três dias depois, em 7 de outubro, ajudados pelo Reino Unido e por uma coalizão com outros países e a Otan (aliança militar ocidental), os EUA deram início a uma operação militar no Afeganistão, bombardeando os campos de treinamento da Al Qaeda e do Taleban.
Uma semana mais tarde, o Taleban ofereceu entregar Bin Laden a um terceiro país para ser julgado, mas exigiu que os EUA apresentassem provas de seu envolvimento com os ataques de 11/9. Os EUA rejeitaram a oferta e prosseguiram com as atividades militares no país.
Ressurgimento
Embora tenha sido expulso do Afeganistão, o Taleban nunca deixou de existir, e hoje ainda age no Afeganistão, com cerca de 8.000 a 12 mil membros. Ex-líderes do grupo se refugiaram na região da fronteira com o Paquistão, de difícil controle, e conseguiram reestruturar a milícia.
Ataques suicidas e a bombas são freqüentes no país. Segundo dados recentes divulgados pela Otan, 173 pessoas morreram em ataques suicidas no país somente neste ano --151 civis.
O governo central de Hamid Karzai enfrenta dificuldades para controlar todo o território afegão, e o clima entre a população é de medo e insegurança.
As tropas da ONU e da Otan no país têm dificuldade em trabalhar pela reconstrução devido à grave situação da segurança. Muitos países também se recusam a enviar auxílio militar e financeiro, devido ao grande número de baixas entre as tropas estrangeiras em solo afegão.
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