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28/11/2006 - 16h46

América Latina está "mudando de fase", diz Rafael Correa

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da Folha Online

O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, afirmou que seu triunfo nas urnas é um sinal de que a América Latina "está mudando de fase". A declaração foi publicada hoje no jornal chileno "El Mercurio".

Correa disse sentir-se "plenamente identificado" com os governos dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Argentina, Néstor Kirchner, e do Chile, Michelle Bachelet.

"Creio que representam a nova corrente progressista na América Latina que está superando a tristemente nefasta noite neoliberal que assolou o subcontinente; então, com todos eles, sentimo-nos plenamente identificados", destacou.

"O triunfo no Equador é uma mostra de que a América Latina está mudando de fase", sublinhou o economista. Correa, que, ao confirmar sua vitória, assumirá seu mandato em 15 de janeiro, destacou as "fraternais relações" entre Chile e Equador.

Correa disse que seu país não pôde aproveitar o "boom" petroleiro por razões de preço, já que os contratos com as empresas petroleiras se realizaram quando o barril custava US$ 15 e não US$ 70, como na atualidade, além de problemas de refinação.

Governo

O esquerdista já está planejando reformas radicais para o próximo mandato, o que o colocará em vias de um perigoso confronto com o Congresso equatoriano, controlado pela oposição.

"Recebemos este triunfo com profunda humildade e serenidade", disse Correa, 43, que se considera um "amigo pessoal" do presidente da Venezuela --e anti-americano ferrenho-- Hugo Chavez.

Efe
O esquerdista Rafael Correa, que venceu as eleições para a Presidência do Equador
Com 90% dos votos apurados, Correa teve 57,9% contra 42,1% do magnata da banana Alvaro Noboa, conforme dados fornecidos pelo Tribunal Supremo Eleitoral do Equador nesta terça-feira.

Na segunda-feira, o observador da missão da Organização dos Estados Americanos reconheceu o "virtual triunfo" de Correa, e a embaixadora dos Estados Unidos Linda Jewell telefonou para Correa e parabenizou-o "por sua aparente vitória", além de reiterar o compromisso do governo americano em trabalhar junto com o Equador.

Correa disse ao canal 8 de televisão que "as relações com os Estados Unidos será tão boa quanto haja respeito às leis equatorianas, à soberania e à dignidade do país".

Noboa, por sua vez, disse que vai esperar o resultado oficial, que deve sair no fim desta terça-feira.

Correa disse que sua vitória "é uma clara mensagem à nossa tradicional classe política sobre as profundas transformações que nossos cidadãos querem. Este país não precisa ser remendado. Ele precisa de uma nova constituição que esteja em sintonia com os novos tempos".

Economista de esquerda

Correa, que tem doutorado em economia pela Universidade de Illinois, apareceu nesta eleição como um rosto novo determinado a promover uma reforma no sistema político equatoriano.

Sua visão sobre a política daquele país é chamada de "partidocracia", feita para beneficiar partidos ao invés de pessoas e marcado pela corrupção, ganância e incompetência.

Durante a campanha, Correa classificou o Congresso do Equador como "esgoto" de corrupção. Agora, ele enfrentará um Congresso totalmente nas mãos de seus oponentes --mas afirma não considerar isto importante.

"Vamos parar de nos preocupar tanto com o Congresso. Deixem-nos votar o que quiserem. Não temos medo", disse. "O que não toleraremos é qualquer tentativa de instabilidade ou de chantagem."

Correa diz que seu primeiro ato após tomar posse será a convocação de um referendo nacional para eleger uma assembléia especial para rescrever a Constituição e, talvez, fechar o Congresso.

O presidente eleito pode entrar em rota de colisão com os legisladores, que já depuseram os três últimos presidentes eleitos, violando os procedimentos de impeachment.

Jaime Duran, um analista de opinião pública que trabalhou em um governo anterior, destacou que os congressistas eleitos em outubro têm tanta legitimidade quanto Correa.

O problema de Rafael Correa é que o Congresso teria de aprovar uma reforma constitucional para permitir a abertura de uma Assembléia Constituinte. A Casa, no entanto, bloqueou as tentativas dos dois últimos presidentes de rescrever a Constituição.

Ele se arrisca a violar a Constituição, caso tente organizar uma eleição para constituir uma Assembléia Constituinte sem a aprovação do Congresso.

Ele argumenta que "a voz do povo" refletida em um referendo nacional precede o Congresso ou a Constituição --posição combatida por muitos especialistas em política.

A insistência em forçar o processo pode colocá-lo em risco de impeachment, dizem especialistas.

Com agências internacionais

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