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29/11/2006 - 16h05

"Nem Bush nem Chávez mandarão no Equador", diz Correa

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da Folha Online

O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, afirmou que desenvolverá seu próprio modelo político e que "nem George W. Bush nem Hugo Chávez mandarão no país, só os equatorianos".

Em uma entrevista ao jornal espanhol "El País", o líder esquerdista fixou suas prioridades: primeiro a reforma política e, depois, a reativação econômica.

Correa também disse que reduzirá o salário do presidente e que convocará uma consulta popular sobre a realização de uma Assembléia Constituinte.

Apesar de querer se distanciar tanto do presidente dos Estados Unidos como do da Venezuela, Rafael Correa afirmou que Chávez é seu amigo e que tem muito orgulho disso.

"Com gente de mãos limpas, de mentes lúcidas e de corações patriotas, como Hugo Chávez e outros líderes da região, o que nos une sempre será mais forte que o que nos separa", disse.

O novo presidente do Equador, que tomará posse em 15 de janeiro, ressaltou que a reforma política é prioritária. "Enquanto continuarmos com certas máfias nos dominando, será muito difícil levar o país adiante."

Correa adverte a oposição de que a classe política deve se submeter à vontade dos cidadãos, após seu "categórico" pronunciamento nas urnas.

Depois de afirmar que ele não pretende dissolver o Congresso, e sim formar uma Assembléia Constituinte, após uma consulta popular, Correa ressaltou que o prazo para constitui-la seria de seis a sete meses após sua posse.

Correa afirmou que seu segundo objetivo é a reativação econômica, mas sempre vinculada à reforma política, "porque as máfias estão em todos os lados e, se não forem combatidas, também não haverá crescimento".

O político assegurou que não haverá "medidas de ajuste severas" no novo Governo. "Não castigaremos os mais pobres. Serão mantidas as ajudas públicas e reduziremos o custo dos serviços básicos, como a eletricidade", explicou.

Entre suas primeiras medidas, além de convocar a consulta popular para a Assembléia Constituinte, inclui reduzir à metade o salário de presidente, atualmente em US$ 8 mil.

Chuva de felicitações

O novo presidente de Equador recebeu uma "chuva de felicitações e saudações" de governantes e personalidades da América por sua vitória eleitoral do domingo passado.

Correa disse hoje que recebeu saudações telefônicas dos chefes de Estado do Chile, Michelle Bachelet; do argentino Néstor Kirchner, do brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, do colombiano Alvaro Uribe e do chanceler boliviano David Choquehuanca.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, amigo de Correa, qualificou-o como um "patriota" que apoiará a integração sul-americana.

O primeiro ministro peruano, Jorge del Castillo, também felicitou o esquerdista e desautorizou a ministra do Comércio Exterior de seu país, Mercedes Aráoz, que havia advertido de que Correa poderia afeta as negociações que a Comunidade Andina adianta com a União Européia.

A embaixadora dos Estados Unidos em Quito, Linda Jewell, ratificou o compromisso de seu governo de manter a colaboração com o governo do esquerdista, embora saiba que Correa é um crítico ferrenho da política do presidente George W. Bush.

Também o secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o chileno José Miguel Insulza, telefonou a Correa de Washington para felicitá-lo.

Faltando menos de três por cento para que termine a apuração oficial, Correa supera, com mais de 14%, o multimilionário Alvaro Noboa, seu rival no segundo turno, que, depois de não admitir sua derrota no domingo, desapareceu da cena política e dos meios de comunicação.

O presidente Lula convidou Correa a vir ao Brasil em 7 de dezembro, de onde viajarão juntos à Cúpula Sul-americana na Bolívia.

Apoio indígena

No Equador, Correa recebeu o apoio incondicional de grupos da esquerdas e do movimento indígena, que o apoiará em sua proposta de levar adiante uma "revolução cidadã" no país.

A poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), protagonista de vários levantamentos contra governantes impopulares, declarou que "apoiará com os ombros" o projeto de Correa.

Correa, um economista de 43 anos, que se declara "humanista, cristão de esquerda", além de "bolivariano", se ofereceu para governar para os pobres e, especialmente, para os indígenas, um dos grupos mais marginalizados do país, mas dotado de grande organização.

O primeiro esquerdista a chegar ao poder no Equador também comentou que sua primeira tarefa será a de convocar a uma consulta popular para que o povo lhe permita instalar uma Assembléia Constituinte.

Este anuncio já gerou reações no Equador, pois os partidos tradicionais lhe declararam guerra, especialmente o conservador Partido Social Cristão (PSC).

Esse grupo político, outrora a primeira força eleitoral e política do país, fez um chamado para constituir uma "frente de resistência" democrática contra Correa e suas idéias de mudanças radicais.

O legislador socialcristão Luis Fernando Torres, que se converteu no porta-voz antecipado da oposição a Correa, teme que este siga os passos de Hugo Chávez.

Com agências internacionais

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