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11/12/2006 - 18h15

Filha de Allende quer que fortuna de Pinochet volte ao tesouro

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da Ansa

Isabel Allende, filha do presidente socialista Salvador Allende, morto em 11 de setembro de 1973, dia do golpe de Estado que levou o ditador Augusto Pinochet ao poder no Chile, disse na sede do Partido Socialista (Psoe), onde se reuniu com o premiê espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, que espera que a fortuna de Pinochet "volte ao erário para aumentar os atos de reparação, pois talvez não fomos generosos".

"Espero que não sejam os filhos a herdar a fortuna. Não conheço nenhum ex-comandante que acabou [a vida] com US$ 30 milhões", disse Allende, que evidenciou que "Pinochet estabeleceu a quebra da honestidade, que era um orgulho dos chilenos, pois nenhum presidente deixou o governo enriquecido", acrescentou.

"A morte de Pinochet não muda o Chile. Nós continuaremos trabalhando para abrir os caminhos. Lamento que os processos judiciais não tenham chegado ao fim mas espero que a Justiça prossiga no seu trabalho. Os familiares continuam procurando pelos restos das vítimas", esclareceu a deputada socialista.

A coincidência da morte do ditador com o Dia Internacional dos Direitos Humanos é "uma excelente jogada do destino, pois justamente Pinochet disse que os direitos humanos eram uma invenção marxista", disse Allende, que também comentou a decisão do governo de não prestar honras de Estado ao ditador: "Não esperava menos que isso."

O governo espanhol não estará representado nos atos fúnebres de amanhã, informaram fontes diplomáticas, já que nenhum representante da embaixada espanhola em Santiago.

O governo de José Luis Rodríguez Zapatero está orgulhoso pela Espanha ter contribuído por desmascarar o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, enquanto que a Esquerda Unida (Izquierda Unida, IU) pediu a aplicação "da lógica da Justiça frente à impunidade em relação ao franquismo".

"É um orgulho que a Espanha tenha colaborado para colocar o ditador no seu devido lugar e, assim, tentar oferecer uma reparação aos sobreviventes dos crimes que ocorreram no Chile durante a execrável ditadura", declarou o ministro de Justiça espanhol, Juan Fernando López Aguilar.

"A Audiência Nacional trabalhou pela implantação da justiça universal, perseguindo crimes inclusive além de nossas fronteiras e os responsáveis por crimes contra a humanidade, genocídio, torturas e violações em massa dos direitos fundamentais", acrescentou.

O juiz espanhol Baltasar Garzón, que processou Pinochet e decretou a sua prisão em Londres em 1998 com a intenção de julgá-lo na Espanha, lamentou que a Justiça "não teve tempo para concluir a sua ação em relação ao ditador, que morreu sem ter sido condenado pelos crimes dos quais era acusado".

Já o chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos, disse que Pinochet será julgado pela história. "Felizmente os chilenos já deixaram para trás esta página negra e obscura da história de seu país, sob a ditadura do general Pinochet. Só podemos lamentar que a Justiça não o tenha julgado em vida, mas a história o julgará e será ela quem ditará a sentença", declarou o chanceler em Bruxelas.

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